Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide, Solus Christus, Soli Deo Gloria

Friday 18 October 2013

Igreja e Culto: Realmente Precisamos dessas Coisas?


Igreja e culto são dois conceitos inseparáveis. Se traçarmos as orígens da palavra “igreja”, veremos que a Igreja é a comunidade de pessoas que adoram a Deus, em contraste com as que não adoram a Deus ou adoram falsos deuses. A Igreja é a comunidade de pessoas que adoram a Deus em espírito e verdade ou adoram a Deus conforme Palavra de Deus, em contraste com as que dizem que adoram a Deus, mas o fazem de acordo com sua própria vontade e imaginação.

De acordo com o livro de Gênesis, a igreja vetero-testamentária era uma comunidade familiar (a princípio) e tribal (depois), onde os ofícios de governante, profeta e sacerdot eram desempenhados pelo patriarca, e o culto era centrado no sacrifício de um animal (frequentemente um novilho ou um cordeiro). A partir do estabelecimento da nação de Israel, especialmente por propósitos revelacionais e didáticos, a Igreja em Israel, passou a ter um culto complexo, rico de simbolismo e rígidamente regulamentado. O culto tornou-se centrado no Tabernáculo (posteriormente no Templo edificado em Jerusalém), nos sacerdotes e suas funções.

A Igreja neo-testamentária, cujo crescimento e fortalecimento dependem de seu dever de evangelizar o mundo, praticar o amor fraternal e promover a instrução de cada membro, também cultua a Deus (Atos 2.42-47). É na Igreja da Nova Aliança (Igreja neo-testamentária) que o culto atingiu a sua plenitude e maturidade, em toda a história da Redenção, embora ainda não seja o culto perfeito, prestado agora no céu, e futuramente em “Novos Céus e Nova Terra”. O culto neo-testamentário tem algo da simplicidade do culto nas eras patriarcais e da riqueza da era de Israel, entretanto, não é simbólico, é “em espírito e em verdade” (João 4.23-24). O culto neo-testamentário pode ser definido em somente dois elementos: Palavra de Deus e oração. O culto neo-testamentário é o diálogo entre Deus e o homem, na forma plena e madura da Igreja que agora tem a revelação de Deus completa, na vinda de Jesus Cristo. No culto da Igreja da Nova Aliança, Deus fala na leitura e pregação das Escrituras Sagradas, e o homem responde em suas orações. Todos os demais elementos do culto neo-testamentário, que praticamos sem o risco introduzir “tradições de homens”, são ou estão intimamente relacionados com a Palavra de Deus e a oração: o batismo e santa ceia, que são os únicos elementos simbólicos (mas não meramente simbólicos), significam e lembram respectivamente os poderes purificador e nutriente da Palavra de Deus, e são a nossa resposta à Palavra de Deus, como a oração; os cânticos espirituais são proclamações da Palavra de Deus, ou são orações dos crentes; as ofertas, como as orações, são nossas respostas de gratidão diante da Palavra de Deus.

O culto neo-testamentário é o mais real, íntimo e profundo exercício da comunhão com Deus, que podemos desfrutar, antes de nossa ida para o céu, ou antes da volta do Senhor Jesus Cristo. Como Deus habita com a sua Igreja como um todo (como em um santo e grande templo na Terra) e em cada crente individualmente (também como em um santo templo), estamos ou vivemos o tempo todo em comunhão ou relacionamento com Deus, seja alegrando ou entristecento os Espírito de Deus (Efésios 4.30). Que aprendamos a viver em todo tempo com tal consciência, a fim de que não entristeçamos o Espírito Santo (Efésios 4.25-5.2). E o culto, como o mais íntimo e profundo exercício da comunhão com Deus, é o mais efetivo meio de nos dar, manter, restaurar e fortalecer esta conciência de que estamos em permanente relação com Deus.

As Escrituras Sagradas nos prescrevem três modalidades deste culto em que exercitamos esta mais íntima e profunda comunhão com Deus, através da Palavra de Deus e oração: o culto individual, familiar e congregacional. Estas não são três modalidades opcionais, como se pudessemos escolher uma ou duas opções somente, sem prejuízo para o nosso relacionamento com Deus, como indvíduos, família e igreja. Devido ao espírito altamente individualista de nossa era, entre muitos crentes hoje há uma tendência de se considerar como mais importante o culto individual. Assim como muitos, em suas próprias casas, também se isolam de seus familiares com os seus computadores e telefones multifuncionais, há também quem sinta-se satifeito isolado da Igreja, cultuando a Deus em isolamento, com os seus recursos de multimídia.

Como é possível considerar a Igreja uma instituição desnecessária, considerando seu significado e as suas funções já mencionadas? Como poderíamos evangelizar o mundo sem a Igreja? Como praticar o amor fraternal fora da Igreja? Como ser edificado e contribuir na edificação da Igreja, fora da Igreja? Como é possível oferecer continuamente as nossas vidas como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Romanos 12.1), isolando-nos da Igreja, em que fomos batizados por um só Espirito, isolados do corpo em que somos membros, cuja Cabeça é o próprio Senhor e Salvador Jesus Cristo (Romanos 12; 1 Coríntios 12)?

E cultuar a Deus (a principal característica da Igreja, e uma das funções vitais da Neo-testamentária que mencionamos), é possível cultuar a Deus fora da igreja? Antes, apresentar uma resposta a esta pergunta, consideremos um pouco mais extensamente sobre o culto.

Além do que já foi afirmado, que  culto  é o mais íntimo e profundo exercício da comunhão com Deus; devemos reconhecer que o culto é a manutenção, aprofundamento e o desenvolvimento de nossa comunhão e relacionamento com Deus. O culto é a contemplação e admiração do ser de Deus, da beleza, da glória de Deus; o culto é a reverente consideração a respeito do nome de Deus e nos atributos de Deus; culto é relembrar com gratidão as obras de Deus. Culto, portanto, é também prazer, o prazer do conhecimento de Deus, o prazer da comunhão com Deus. Culto é tributo ou honra que a criatura deve ao seu Criador. Culto é oferecimento, oferta, dedicação a Deus de parte do muito que Deus nos tem dado, como símbolo que nós mesmos inteiramente pertencemos a Deus.

Enfim, culto é atenção, foco em Deus, o único Criador do céu e da terra, e de tudo o que neles há, o Soberano Senhor de toda a criação, Aquele que chama cada ser à existência e se torna o seu grande mantenedor, o Juíz de todos os seres morais, e o único Redentor dos pecadores.

Deus é digno do culto de todas as suas criaturas, mas Ele mesmo não precisa do culto. Nós, criaturas, sim, precisamos cultuar a Deus. Cultuar a Deus éa  maior alegria, satisfação e realização que o ser humano pode experimentar. Cultuar a Deus recupera e desenvolve em nós a imagem e semelhança de Deus. Contudo, a nossa recusa em adorar a Deus faz com que, apesar de nossa inteligência muito supeiror à dos animais, sejamos irracionais, desafeiçoados e perigosos, mais que qualquer dos mais temíveis predadores da terra (Romanos 1.18-32).

Foi de Deus a primeira menção ao culto, no fim da semana da Criação, quando Deus abençoou e santificou o sétimo dia (Gênesis 2.1-3). Após a libertação do cativeiro Egípcio, ao dar ao seu povo Israel as duas tábuas da Lei, em Dez Mandamentos, Deus reitera a ordenança relativa ao culto, no quarto mandamento (Êxodo 20.8-11). Tanto na instituição original quanto na entrega dos Dez Mandamentos, a idéia de culto como admiração do ser de Deus e das obras de Deus (Criação e Redenção) é evidente. Consequentemente, também está presente nestas passagens da instituição do Dia de Descanso, a idéia de prazer. Prazer, não tanto pelo descanso do trabalho diário, mas pela contemplação do glorioso ser de Deus e suas maravilhosas obras. Entretanto, há muitos, incluindo cristãos, que preferem passar este Dia nos parques, shoppings, cinemas e estádios de futebol.

A idéia de culto como relacionamento está presente também nos primeiros capítulos de Gênesis, no próprio relato da Criação do homem, quando vemos Deus falando com o homem (Gênesis), a respeito de importantes assuntos: a responsabilidade do homem quanto a trabalhar na Criação e o seu privilégio de desfrutar da Criação (Gênesis  2.16), a absoluta necessidade de obedecer a Deus para evitar a morte (Gênesis 2.17), e a singularidade do relacionamente entre o homem e a sua esposa (Gênesis 2.21-25).

A idéia de culto como um tributo ou honra a Deus, o Senhor e Provedor, também aparece no começo do livro de Gênesis, quando Caim, o lavrador, e Abel, o pastor de ovelhas, trouxeram a Deus ofertas do trabalho (Gênesis 4.1-7).

Entretanto, desde a entrada do pecado na história do homem, o culto precisa ser o acompanhamento de uma oferta de sangue, como se pode ver na própria diferenciação feita entre a oferta de Caim e Abel. Conforme o livro de Gênesis, Abel foi o primeiro homem a oferecer a Deus um sacrifício de sangue dentre os animais do seu rebanho; partir de Abel, os patriarcas como Noé e Abraão também o fizeram; até que o profeta Moisés instituiu os sacrifícios realizados no Tabernáculo por meio dos sacerdotes, descendentes de Arão.

A oferta de sangue não é um tributo ao Deus soberano Criador, mas uma penalidade exigida por Deus como o Soberano Juiz. Assim como os tributos originados do trabalho ao Criador simbolizavam a própria vida do ofertante consagrada a Deus; a oferta de sangue simbolizava a expiação dos pecados dos ofertantes (Levítico (17.11), e principalmente a oferta da vida (sangue) do vindouro Redentor, em favor,  ou em lugar dos homens e mulheres, condenados à morte por causa dos seus pecados (João 1.29; Herbreus 9.11-14). Isto porque, a justiça de Deus ordena: “a alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18.4); “o salário do pecado é a morte” (Romanos 6.23). O Redentor é Jesus Cristo; e ele já cumpriu na História, o que antes fora profetizado e tipificado. Por esta razão, o antigo sacrifício de cordeiros foi substituido pelo memorial da santa ceia, em que o pão simboliza o corpo de Jesus Cristo, o eterno Filho de Deus encarnado para ser o nosso Redentor; e o vinho representa o sangue ou a morte de Jesus Cristo em lugar dos seus redimidos (João 6.50-58).

Agora sim, voltemos à pergunta: é possível cultuar a Deus fora (separado) da igreja? Consideremos o significado do batismo; o batismo significa nossa regeneração (nascimento para Deus). Ja vimos que pelo Espírito Santo fomos batizados nos corpo de Cristo – a Igreja (1 Coríntios 12.13). Quando nascemos para Deus, nascemos em uma família – a Igreja (Efésios 2.17-22). Consideremos a  santa ceia; esta é uma refeição espiritual da qual somente participam os que foram  “lavados de seus pecados no sangue” de Jesus Cristo, e o alimento é o próprio Cristo. Esta é a refeição espiritual ou a comunhão dos discípulos de Jesus Cristo, a verdadeira família de Deus. Não pode cultuar a Deus quem ainda não nasceu para Deus, não foi introduzido na família de Deus, e não vive em comunhão com a família de Deus.

Como pode cultuar a Deus alguém que não compartilha da comunhão, das responsabilidades, serviços e das necessidades (materiais ou espirituais) do crentes, os filhos de Deus que constituem a Igreja ou as igrejas? O apóstolo Paulo, em sua carta à igreja em Filipos, compara a culto (sacrifício cultual) ao que ele chama de “serviço da vossa  fé”, o serviço realizado pela igreja (2.17); depois, o apóstolo compara o suporte que vinha recebendo da igreja, para realizar o seu ministério, com um “sacrifício aceitável e aprazível a Deus (4.18).

Como pode cultuar a Deus alguém que abandona a sua congregação (Hebreus 10.25), que não cultua “com os lábios” juntamente com a igreja (congregação), ou que não complementa o culto oral com o culto prático, ambas atitudes comparadas a sacrifícios cultuais (Hebreus 13.15-17)?

Como poderíamos ignorar a grave exortação do Senhor Jesus Cristo: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro e reconcilia-te com o teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta.” (Mateus 5.23-24). Quem abadonou a Igreja feriu a muitos irmãos. Não pode cultuar a Deus quem desconhece o prazer da comunhão dos filhos de Deus, e ignora o prazer de Deus na unidade de seus filhos (Salmos 133).

Culto a Deus é algo que fazemos perante o céus, diante da nações, e no meio da congregação ou assembléia dos santos, os que foram separados para o louvor de Deus (Êxodo 19.5-6; 1 Pedro 2.9). Na leitura e pregação da Palavra de Deus desfrutamos do prazer de conhecer e anunciar a Deus, de contemplar e proclamar as obras de Deus como Criador, Soberano Senhor, Juíz e Redentor, diante da congregação, perante a terra e os céus. Definitivamente, não cultua e nem sabe o que é cultuar a Deus quem consegue reprimir no peito, fechar os ouvidos e calar a boca no meio da congregação dos filhos de Deus e perante os povos, a proclamação das grandezas de Deus, seu ser e suas obras.

O significado da oração, cuja palavra original grega significa “adoração”? A oração é definida no como no Breve Catecismo de Westminster, parcialmente, como “o oferecimento de nossos desejos a Deus”. Como se vê nesta parcial definição, oração é em essência uma atividade plural, uma ação congregacional. Esta é a razão porque devemos envolver outros crentes em orações. Não é, absolutamente, por causa do número de pessoas orando por um determinado assunto que Deus atenderá ou não, a oração. A razão por que devemos envolver outras pessoas em oração é o fato de que, como culto que é, a oração nunca é particular, mas sempre congregacional.

Consideremos o conteúdo do exemplo de oração dado por Jesus Cristo, em resposta aos discípulos que pediram que lhes ensinasse a orar. O exemplo de oração dado por Jesus não é nada particular, mas congregacional: “Pai nosso”... o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; perdoa-nos nossas dívidas, assim como temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal...” (Mateus 6.9-13).

É aceitável a Deus o culto (particular ou familiar)de quem se isola da Igreja, em deliberada desobediência a Deus? Não, pois obedecer a Palavra de Deus é melhor que sacrificar” (1 Samuel 15.22).

Igreja e culto, sim, precisamos destas duas coisas inseparáveis. Em estrito senso, como temos visto, não existe culto individual ou particular. O culto que fazemos no mais profundo abismo, na solidão de uma prisão, na mais alta montanha, ou no quarto fechado, não é na verdade um culto individual; não culto individual porque em separado de Jesus Cristo não há culto; não somos recebidos à presença de Deus sem a oferta do sangue de Jesus Cristo e de sua vida de perfeita justiça. Não há culto particular porque Jesus Cristo não pode ser propriedade particular de qualquer crente; mas todos e cada um dos verdadeiros crentes são inalienáveis propriedades de Jesus Cristo, membros do seu Corpo. Jesus Cristo não se separa de sua verdadeira Igreja; ela é a sua esposa de quem não pode se divorciar. Quanto aos pecados da Igreja, Jesus Cristo deu o seu próprio sangue para lavá-la de todo pecado.

O culto de quem não ama a Igreja de Cristo, se isola da Igreja, e a despreza, não é culto, é uma tola tentativa de comprar o favor de Deus com uma oferta cômoda e barata. Porém, Deus não se engana, Ele conhece o coração de quem odeia ou despreza a sua Igreja, a qual Ele ama com eterno amor, e pela qual, não poupou, mas deu o único possível Redentor, o seu próprio, unigênito, eterno e amado Filho, Jesus Cristo. Deus sabe que quem não ama a sua Igreja, também não o ama; se alguemnão ama a noiva, não pode amar o noivo que ama a noiva com eterno e ilimitado amor. Quem não ama a Igreja de Deus é meramente um velho homem, morto em seus pecados.

 

Wednesday 9 October 2013

A Face de Deus: Podemos Vê-la?


Não podemos contemplar toda a beleza e glória da face de Deus; nossos olhos, embora estejam entre as maravilhas da criação, não são capazes ver a face de Deus, infinitamente mais radiante que o sol. A nossa compreensão, embora suficientemente grande para elaborar os mais complexos cálculos e desenvolver incríveis idéias, é limitada na compreensão do ser de Deus. Podemos tomar conhecimento de atributos divinos, porém, não compreendê-los, nem mesmo um só deles, em sua infinitude, profundidade, largura e altura.

O profeta Isaías registrou que viu “o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono” (Isaías 6.1). Porém o profeta não dá qualquer descrição visual do Senhor, exceto que “as abas de suas vestes enchiam o templo” (Isaías 6.1), mas registrou que também viu Serafins (ordem de anjos) que  tinham seis asas: com duas voavam por cima do trono, mas com duas cobriam os pés, e com duas cobriam o rosto. Até os anjos que jamais pecaram, em reverência, cobrem os olhos diante da santidade de Deus.

Isaías viu um pouquinho da infinita glória de Deus; pois em sua visão o Senhor estava em um templo; entretanto não há templo que possa conter Deus; conforme Salomão orou a Deus na inauguração do Templo de Jerusalém, que era mero símbolo da invisível, mas real, presença de Deus; o rei Salomão disse: “nem os céus e até os céu dos céus te podem conter” (1 Reis 8.27).

O apóstolo João também teve uma visão da glória de Deus (Apocalipse 4-5). João registrou que viu “armado no céu um trono, e, no trono, alguém alguém sentado” (Apocalipse 4.2). Embora João mencione ter visto “a mão direita daquele que estava sentado no trono”, sua mão foi mencionada somente para se referir ao livro (Apocalipse 5.2) que estava para ser entregue por Aquele que estava sentado no trono ao Cordeiro, Jesus Cristo (Apocalipse 5.6-7). O livro entregue significa a revelação e a certeza do cumprimento do decreto redentivo de Deus.

Entretanto, quando João descreve quem está assentado no trono, ele assim o faz: (Ele) “é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio”. João não viu a Deus, nem a face de Deus, ele viu um pouco da glória de Deus.

Muito tempo antes de João e Isaías, o profeta Moisés pediu a Deus para ver a sua glória. Deus respondeu a Moisés dizendo que lhe mostraria a sua bondade e misericórdia; mas a sua face não seria vista; pois Deus disse : “homem nenhum verá a minha face e viverá” (Êxodo 33.17-23). Entretanto, quando Moisés descia do Monte Sinai, após Deus haver falado com ele, o povo viu que a pele do seus rosto trazia um brilho, um reflexo da glória de Deus (Êxodo 34.29-35).

Não temos olhos que possam ver a radiante glória da face de Deus; mas podemos ouvir a sua voz, que embora poderosa, mais que o estrondo dos trovões, quando os pecadores desafiam a sua justiça; ela também soa suave como uma leve brisa quando, anunciando a sua misericórdia e perdão, e chamando os pecadores ao arrependimento dos pecados e fé em Jesus Cristo.

Sim, além da limitação ou natural incapacidade de nossos olhos para contemplar a glória da face de Deus; nossos pecados nos impedem de contemplar a face de Deus; porque os nossos pecados nos distanciaram completamente de Deus, e da sua glória: “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23).

Os nossos pecados nos fizeram morrer para Deus (nos tornamos espiritualmente mortos), ou seja, ficamos completamente desinteressados no único e verdadeiro Deus, desinteressados nos seus verdadeiros atributos, que são como espectros de Sua glória: Deus é (O) Espírito, em si e por si infinito em seu ser, glória, bem-aventurança e perfeição; todo - suficiente, eterno, imutável, insondável, onipresente, infinito em poder, sabedoria, santidade, justiça, misericórdia e clemência, longânimo e cheio de bondade e verdade (Catecismo Maior de Westminster). Mesmo tendo conhecimento de alguns atributos divinos, não temos nenhuma compulsão natural para adorá-lo.

Os nossos pecados nos fizeram espiritualmente cegos, não reconhecemos a glória de Deus nem na Criação. Somos capazes de contemplar os céus, a terra e as maravilhas que a enchem, e não tributar a Deus “a glória devida ao seu nome” (Salmos 96.8).

O pecado, de tal modo, corrompeu o nosso ser que não queremos conhecer e contemplar a glória de Deus; na melhor das hipóteses, se houver um mínimo de interesse, consciente ou inconscientemente, deixamos isto para os últimos momentos da vida, ou para depois da morte. Preferimos as glórias passageiras deste mundo.

Nossa condição de pecadores distorce qualquer noção de Deus; não podemos vê-lo, imaginá-lo e nem conhecê-lo, como Ele realmente é; e assim criamos os nossos ídolos. E, aos que querem e adoram a Deus, Ele proíbe que se faça qualquer tentativa de representá-lo através de imagens. Qualquer tentativa de imaginar Deus somente cria um ídolo.

Não podemos ver a Deus, ou ver a face de Deus. Isto porém não significa que não possamos conhecer e ter comunhão com Ele. Este conhecimento e comunhão acontece pelo ouvir a voz de Deus, e isto, como já mencionado, é possível porque Deus falou aos homens, pelos profetas, e finalmente através de Jesus Cristo (Hebreus 1.1-3); e o que Deus falou está registrado nas Escrituras Sagradas. Porém, assim como somos mortos e cegos para Deus, também somos surdos. Entretanto, Deus, e Ele somente, tem o poder de nos fazer ouvir a sua voz, abrir os olhos para contemplar a sua glória, e reviver para eterna comunhão com Ele.

Entretanto, aprouve a Deus que vissemos sua face na face do próximo, para testemunho da sua gloriosa existência. Toda a criação proclama a existência de Deus (Salmos 19.1), e o homem é a evidência final e conclusiva da grandiosidade do Criador (Salmos 8.1-6). O homem é a cópia de Deus na natureza, a coroa da Criação (Gênesis 1.27). Quis Deus que homem fosse sua imagem ou reflexo, para que ao ver o seu próximo, o homem visse a Deus, além, antes ou acima. Infelizmente, hoje, muitos olham para traz do homem e somente vêem a figura de um macaco, quando deveriam ver somente a poderosa mão de Deus.

Sendo o homem a imagem e semelhança de Deus, devemos entender que Deus é gente, ou seja, um ser pessoal. Como o homem é único no meio de toda a Criação, Deus é uma pessoa absolutamente única, não há quem seja igual a Ele. Os homens e também os anjos têem semelhanças com Deus, mas não são iguais a Ele. Deus é um ser absolutamente único, especialmente em eternidade, infinitude, e imutabilidade. Os homens e os anjos tiveram um começo, foram criados por Deus; Deus é Eterno. Aos homens e aos anjos, Deus deu poderes e habilidades admiráveis, incomparáveis com o restante da Criação, mas somente Deus é infinito em sabedoria e poder (Onisciente e Onipotente). Homens e anjos são mutáveis, para o bem ou para o mal; somente Deus é imutável em todos os seus santos atributos.

Devemos ver a face de Deus no próximo também para respeitá-lo e amá-lo como criatura de Deus, a criatura que é a imagem e semelhança do Criador. Devemos ver a face de Deus no próximo para que sejamos lembrados e estimulados a ser agentes de Deus no âmbito da Criação, mais parecidos com Deus, especialmente no relacionamento com o próximo.

Quis Deus que, mesmo após nos tornarmos pecadores, víssemos sua face nos famintos, sedentos,forasteiros, nús, enfermos e presos (Mateus 25.31-46) para que, enquanto peregrinamos neste mundo transtornado pelo pecado, sejamos movidos pela divina compaixão e socorressemos uns aos outros.

Jacó viu a face de seu irmão Esaú como se fosse a face de Deus (Gênesis 33.10), para que não somente temesse as consequências de seus pecados contra Esaú, mas para que se arrependesse de seus pecados contra Esaú, para confiar no poder de Deus para mudar o coração do homem, e, enfim, para que confiasse no perdão divino (Gênesis 33.1-11).

Ver a face de Deus no próximo ou reconhecer o próximo como criado à imagem e semelhança de Deus deveria nos levar diretamente a admitir nossos pecados (contra o próximo e contra Deus), e à busca do perdão. Qual será o futuro próximo desta geração que nega o divino Criador, e assemelha o homem ao macado ao invés de reconhecê-lo como a semelhança de Deus?

Podemos ver a Deus na face de Jesus Cristo; e somente na face de Jesus Cristo podemos ver a verdadeira face de Deus, não entretanto, na face física de Jesus, senão nas suas expressões, infalivelmente em todas as expressões de Jesus, isto é, suas atitudes, palavras e obras.  As Escrituras Sagradas, nos dão um completo e perfeito retrato de Jesus Cristo. É através das Escrituras que vemos a face de Jesus Cristo, e, na face de Jesus Cristo, a face Deus (2 Coríntios 4.3-6).

O que é impossível aos nossos olhos foi feito possível em Jesus Cristo. Em Jesus Cristo nós vemos a glória da face Deus de um modo que nem o primeiro homem e a primeira mulher chegaram a ver, antes que houvessem  pecado.

Jacó (que significa trapaceiro), após o encontro com Deus em uma aparência humana (uma alusão profética Jesus Cristo) teve o seu nome mudado para Israel (que significa príncipe com Deus). Após este encontro (Gênesis 32.22-32) Jacó disse: Vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva (Gênesis 33.30).

Se vemos a face de Deus no próximo, mediante a lei de Deus gravada em nossa alma e sob influência do Espírito Santo, reconhecemos que somos pecadores e que precisamos de perdão; quando vemos a face de Deus na face de Jesus Cristo somos salvos.

Alguns viram um pouquinho da glória de Deus. Entretanto, “ninguém jamais viu a Deus; (contudo) o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou” (João 1.18).

Quem vê a face de Deus em Jesus Cristo é salvo porque, além de ver a absoluta justiça de Deus, vê o infinito amor de Deus, a incompreensível misericórdia de Deus.

Precisamos de Jesus Cristo para ver Deus como Ele realmente é, e para que sejamos salvos. Somente em Cristo Jesus podemos ver e entender como se relacionam a justiça e o amor de Deus em relação a nós pecadores, trangressores da ;ei de Deus.

Jesus Cristo é o unigênito e eterno Filho de Deus que se encarnou (João 1.1-3,14), para ser levantado ou entregue na cruz por causa dos nossos pecados, perante a justiça de Deus, para que, nÊle crendo, sejamos salvos, recebendo o dom da vida eterna  (João 1.29; 3.13-17). Crer em Jesus Cristo é ver nÊle a face de Deus.

Sem Jesus Cristo, sem uma crescente apreciação por Jesus Cristo, somos seduzidos pelas mais diversas idolatrias. Crendo em Jesus Cristo, vendo nÊle a face de Deus, somos plena e continuamente satisfeitos no conhecimento, e crescemos na comunhão com Deus.

Conclusão, por que não vemos a face de Deus? Em parte porque não podemos, em parte porque não queremos. Queremos ser independentes e iguais a Deus; o que não podemos; e não queremos ser  a imagem e semelhança de Deus; o que, e para o que fomos criados; e esta é a essência do pecado.

Por que queremos ver a Deus com os olhos que não podem contemplar o sol? Por que queremos compreender Deus com a mente que não compreende o universo? Por que permitimos que a limitada, mutável e contraditória ciência humana defina Deus para nós, negando-lhe o atributo de Criador?

Não podemos ver a face de Deus como somente Deus pode ver, como Jesus Cristo, o Filho, vê a face do Pai. Mas podemos ver Deus revelado em Jesus Cristo. Jesus Cristo é a única revelação de Deus que é, ao mesmo tempo, exata para com Deus e compreensível para conosco. Em Jesus Cristo, e somente nÊle, conhecemos a Deus verdadeiramente, e somos imediatamente salvos, entrando em uma eterna relação de amor com Deus.

Conheça a Jesus Cristo, e você conhecerá a Deus, e saberá que está salvo.

Thursday 19 September 2013

Quem Ama Fala Francamente do Pecado e Sua Condenação


Assim como o Apóstolo Paulo, os cristãos, não meramente nominais ou formais, mas que conhecem ou amam o Cristo das Escrituras Sagradas, se sentem devedores do Evangelho ao mundo (Romanos 1.14). Afinal, como guardar para si somente este tão grande presente de Deus ao mundo?

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.16)

Além disso, como ignorar o próprio mandato de Jesus Cristo de fazê-lo conhecido em todo o mundo:

“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado...” (Mateus 28.19-20)

E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. “ (Marcos 16.15-16)

e disse-lhes: Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse dentre os mortos; e que em seu nome se pregasse o arrependimento para remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém.” (Lucas 24.46-47)

Cristãos por convicção pessoal não se envergonham do Evangelho; porque crêem ou sabem que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo o que (nele) crê (Romanos 1.16).

O mundo precisa do Evangelho, precisa conhecer a Jesus Cristo. Não o Jesus desfigurado da cultura ou do “mercado” religioso, mas o Jesus fielmente testemunhado e retratado nas Escrituras Sagradas. E quem o conhece, também quer fazê-lo conhecido, e não somente por uma obrigação que chama, mas também por um poderosa satisfação e alegria que motivam. Entretanto, esta não é uma tarefa fácil, como oferecer um produto a quem está procurando por ele, exatamente. Comunicar o Evangelho ou apresentar a Jesus Cristo, é como indicar um remédio a quem pensa que não está doente, ou um defensor (advogado) para quem não reconhece que transgrediu a lei. E, é precisamente esta a função que Jesus Cristo exerce em favor dos homens, perante a Justiça divina. Jesus é o defensor, o advogado dos pecadores, perante a corte da Justiça de Deus.

Por mais importante e esperançoso que seja, o Evangelho (a palavra significa boa notícia) de Jesus Cristo jamais será devidamente apreciado, exceto por aqueles que reconhecem ter um débito para com a justiça de Deus.

Comunicar o Evangelho e anunciar a Jesus Cristo é uma difícil tarefa; especialmente porque  nós, seres humanos, insistimos em negar o que nossa própria consciência e razão, em face da evidência e testemunho da Criação, nos dizem, isto é: que, acima de qualquer norma cultural ou lei civil, democrática, há um Deus, que sendo o Criador e também um ser moral, o único santo e justo em sua essência, Ele se “ira...contra toda a impiedade e perversão” dos homens (Romanos 1.18-23).

De acordo com o ensino geral das Escrituras Sagradas, e, comparando o anúncio do Dilúvio, o maior e universal juízo de Deus já ocorrido (Gênesis 6), com o primeiro capítulo  da Carta de Paulo aos Romanos, percebemos três importantes sinais de uma geração ou sociedade que alcançou o mais grave estado de corrupção, se tornou caótica, e está próxima de um colapso:

1.   A negação ou ignorância da autoridade de Deus como o Criador;

2.   A supressão das regras ou limites às cobiças humanas, especialmente as sexuais;

3.   A generalização da violência.

 E assim como eles rejeitaram o conhecimento de Deus, Deus, por sua vez, os entregou a um sentimento depravado, para fazerem coisas que não convêm; estando cheios de toda a injustiça, malícia, cobiça, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, dolo, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pais; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, sem misericórdia; os quais, conhecendo bem o decreto de Deus, que declara dignos de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que as praticam.” (Romanos 1.28-32)

Muitos confundem a pregação do Evangelho com uma atitude condenatória; porém, o Evangelho é justamente o contrário. O Evangelho é a boa notícia de que temos um Defensor que nos livra da condenação perante a justiça divina.

Entretanto, os homens (homens e mulheres) naturalmente resistem em reconhecer um Deus justo que condena os transgressores da Lei suprema e eterna que de Deus emana, ou resistem à idéia de que são transgressores desta Lei, imaginam ou  criam leis artificiais contrárias à natureza, razão e bom senso; então, neste estado, o Evangelho não lhes pode soar como “boa nova”; e Jesus Cristo não lhes parecerá um desejado Defensor.

Além disso, o Evangelho apresenta Jesus Cristo não como um filósofo que ensina à humanidade, que é potencialmente boa, a arte de viver feliz. Não, o Evangelho anuncia Jesus como o único Advogado de criminosos condenados pela justa Lei de Deus.

Por estas razões, o Evangelho de Jesus Cristo é confundido e rejeitado, enquanto o homem resiste em admitir que é pecador, transgressor da eterna e suprema Lei de Deus. Ao pecador não arrependido, o Evangelho parece uma acusação, quando na verdade é a boa nova a respeito do Defensor, Jesus Cristo.

O anúncio do Evangelho de Jesus Cristo não seria uma tarefa tão difícil, se o homem não resistisse a voz da consciência, onde lhe está gravada a Lei de Deus, e que lhe diz que é pecador:

pois mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Romanos 2.15)

Assim, a pregação do Evangelho precisa amplificar a voz da conciência do homem fazendo-o reconhecer o seu pecado ou transgressão da Lei de Deus, antes de anunciar a boa nova propriamente (Marcos 1.4,14-15), ou seja, o defensor, Jesus Cristo:

“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus,” (Romanos 3.23-24)

“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Romanos 6.23)

Há semelhanças e diferenças entre o tribunal de Deus e o tribunal dos homens. As semelhanças deveriam nos levar considerar como é arrogante a nossa atitude que nega a Deus, o Criador, o atributo de Supremo Juiz. Porém, consideremos algumas importantes difenças:

1.      É impossível enganar, chantagear ou fraudar perante o tribunal divino.

2.      No tribunal divino, a justiça é sempre realizada e satisfeita;

3.      Mas o triunfo é sempre da misericórdia.

4.      Jesus Cristo é um defensor diferente; porque Ele  não tenta provar a inocência do homem, Ele sabe que perante o tribunal divino todo homem é pecador, e está condenado.

5.      Porém, Jesus nos defende sofrendo a nossa condenação, isto é, morrendo em  nosso lugar, recebendo o justo salário (retribuição) pelos nossos pecados.

O tribunal divino justa e infalivelmente condena todos os homens por seus pecados, mas também justifica todos os pecadores que se arrependem dos seus pecados e crêem em Jesus Cristo como o seu único Defensor, indicado e credenciado pela própria justiça divina.

Assim como não é uma atitudehonesta e amorosa dizer a alguém que tem um câncer agressivo que ele somente tem um probleminha alérgico, ou incentivar um transgressor da lei a continuar fugindo, ao invés de enfrentar a justiça com um defensor; ao cristão é, igualmente desonesto e destituído de amor, negar ou omitir que todos os homens e mulheres têem um grande problema com a justiça divina, um débito crescente e eterno, o pecado.

Não podemos ignorar, nem deixar que outras pessoas ignorem, o fato de que estamos condenados perante o tribunal divino. Não notificar aos homens sua condenação perante o tribunal divino não é um ato de amor e respeito, mas de covardia e ausência de compaixão. É como deixar um criminoso fugindo e se escondendo de uma condenação que, mais cedo ou mais tarde, infalivelmente acontecerá , enquanto sabemos que há um infalível Defensor, a quem este fugitivo pode recorrer.

O reino de Deus é constituído de transgressores da Lei de Deus, injustos que foram justificados por Jesus Cristo:

“Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas,  nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbedos, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. E tais fostes alguns de vós; mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.” (1Coríntios 6.9-11)

Pregar o Evangelho não é condenar o mundo, mas dizer ao mundo condenado pela justiça de Deus que esta mesma (Justiça de Deus) indicou um infalível Defensor para os pecadores, Jesus Cristo. Como o Defensor, Jesus não condena pecadores, nem nega os seus pecados, mas substitui (coloca-se no lugar) os pecadores, e recebe, de uma só vez na cruz, a justa condenação pelos pecados, morte.

“E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e nele não há trevas nenhumas. Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade; mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.  E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.” (1 João 1.7-2.2)

Somente Jesus tem o poder de absolver pecadores perante a justiça divina, nenhum sacerdote (nem o papa) pode fazê-lo. Jesus é, ao mesmo tempo, o único sacerdote e único cordeiro que tira o pecado do mundo (Hebreus 9.11-14). Ele tem tal autoridade porque é Deus encarnado (em natureza humana), e morreu por causa dos nossos pecados. Por isso Ele, certa vez disse a uma mulher que queriam condenar por adultério:

Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno; vai-te, e não peques mais.” (João 8.10-11)

E, outra vez, Jesus declarou e demonstrou a sua autoridade e poder infalíveis para perdoar todos os pecados de todos os homens:

“E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados são os teus pecados. Ora, estavam ali sentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo: Por que fala assim este homem? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão um só, que é Deus? Mas Jesus logo percebeu em seu espírito que eles assim arrazoavam dentro de si, e perguntou-lhes: Por que arrazoais desse modo em vossos corações? Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Perdoados são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito, e anda? Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados ( disse ao paralítico ), a ti te digo, levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa. Então ele se levantou e, tomando logo o leito, saiu à vista de todos; de modo que todos pasmavam e glorificavam a Deus, dizendo: Nunca vimos coisa semelhante.” (Marcos 2.5-12)

A Igreja não tem poder de perdoar pecados, mas o dever de comunicar a todo o mundo que, em Jesus Cristo, Deus está chamado todos os pecadores ao arrependimento e perdão de pecados, da morte para a vida eterna, conforme as palavras de Jesus:

“Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida.” (João 5.24)

 

 

 

Friday 30 August 2013

A Orígem da Vida: Uma Viagem de Marte ou Obra de Deus?


A Terra é simplesmente um dos planetas em nosso sistema solar; entretanto, a força e a variedade de vida que nela existe é algo grandioso e maravilhoso, inexistente em qualquer outro lugar, conhecido pelo homem, na imensidão do universo.

Existem basicamente duas formas de se conceber a orígem da vida na Terra: uma é atribuída à vontade, inteligência e poder criativos de Deus, a outra é atribuída ao acaso e evolução. A primeira concepção tem dois fundamentos: um fundamento lógico que requer uma causa inteligente e capaz (Deus) para o complexo efeito da Criação (o universo e a vida); o segundo fundamento é revelacional, ou seja Deus se revela como o Criador (do universo e da vida), em parte na própria criação, em parte em palavras comunicadas por Deus ao homem. A segunda concepção da orígem da vida (casual e evolucionista), ignora ou exclui Deus como a orígem do universo e o autor da vida.

A criação é uma revelação de Deus, como qualquer obra revela o seu criador; seja uma peça musical ou literária, seja uma pintura ou seja o mais simples e comum trabalho, a obra sempre revela características de seu autor. Assim, a Criação revela o seu Criador:

Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.” (Salmos 19.1)

“Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas...” (Romanos 1.19-20)

As Escrituras Sagradas são as palavras reveladoras do Criador; nelas Deus reivindica a criação do universo e da vida, e a criação do homem à sua imagem e semelhança:

No princípio criou Deus os céus e a terra.” (Gênesis 1.1)

“Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gênesis 1.27)

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens;” (João 1.1-4)

Embora a maioria das pessoas não reprima a intuição natural para acreditar na existência de Deus, a maioria hoje considera simplista o relato da Criação em Gênesis 1-2 . Entretanto, antes de preconceitosamente rejeitar o conceito bíblico de Criação, como ingênuo para uma era dominada pelo sucesso da ciência, devemos considerar as alternativas consideradas de científicas. Se o fizermos, veremos que, não importa quão elaboradas sejam as teorias que tentam explicar a orígem do universo e da vida, em algum ponto é preciso substituir o fator Deus pelo “acaso” (sorte) e evolução; ou seja, o que no conceito da Criação é atribuído a Deus, nas teorias científicas da orígem do universo e da vida é atribuído ao acaso e evolução.

Tomemos como exemplo a mais recente teoria divulgada pela mídia que vem de uma conferência científica realizada recentemente em Florença, na Itália, e apresentada pelo químico Steven Benner, do Instituto de Ciência e Tecnologia de Westheimer (EUA). Em resumo, esta teoria sugere que, sendo o planeta Marte rico dos minerais que poderiam dar orígem ao RNA (ácido ribonucleico), molécula que juntamente com o DNA (ácido desoxiribonucleico) e proteínas que são essenciais à vida, e que tendo o planeta, há alguns bilhões de anos atrás, as condições ambientais necessárias para, apartir daqueles minerias, fossem formadas as moleculas de RNA, a vida surgiu em Marte; e, depois, viajando em um meteorito, esta forma de vida foi trazida para a terra, que então já em condições favoráveis possibilitou o estabelecimento e a evolução da vida.

No relato Bíblico da Criação, a razão ou lógica do homem encontra uma resposta na revelação de Deus, que certamente demanda a fé. Por outro lado, as diversas explicações chamadas científicas da orígem do universo e da vida, que excluem Deus e combinam o acaso e a evolução, também exigem fé, fé na sorte que é imprevisível (porque é ilógica, na proporção em que não qualquer controle inteligente) e na evolução que é improvável (porque não existem provas vivas ou fossilizadas que sejam formas tansitórias entre duas diferentes espécies de vida). O relato Bíblico da Criação requer fé em Deus, as teorias científicas da orígem do universo exigem fé na sorte.

Pense nisto: porque seria mais inteligente acreditar que por acaso a vida surgiu em marte, por acaso (sem qualquer vontade, inteligência e plano) viajou em um meteoro para a Terra, e aquí, por acaso, evoluiu? Em que isto é mais inteligente que crer que Deus criou o universo e a vida? Tanto o conceito da Criação quanto qualquer teoria científica sobre a orígem do universo e da vida exigem fé; porém, o relato Bíblico da Criação é mais inteligente, racional, lógico e maduro que qualquer teoria que exclui Deus, opta pelo acaso e evolução.

Entretanto, as Escrituras, que consideram insensatez e perversidade ignorar a Deus (Salmos 10.4; 14.1; 53.1); além de afirmarem que Deus é o Criador, elas revelam que Deus está ativo no governo e redenção da Criação.

Sem o “pré-conceito” contrário à existência de Deus e ao método usado por Ele para criar, e sem que este seja o seu propósito ou alvo final, as Escrituras afirmam que Deus é o autor da vida, o Criador. E as Escrituras o fazem sem ter como alvo uma mente científica mas o homem comum, e de modo geral (sem excluir a mente científica). Por razão de consistência (coerência), as Escrituras anunciam a Deus como o Criador, e como quem soberanamente governa toda a Criação, com o propósito final de apresentar a Deus como o Redentor da Criação, em Cristo Jesus. A Bíblia não é ciência (estudo) do homem, é revelação de Deus; ela não é sobre física, química e biologia, é sobre a redenção do homem do poder destruidor do pecado, que é transgressão da lei de Deus (1 João 3.4); razão pela qual o homem e a Criação em geral precisam ser redimidos de uma ordem de corrupção, introduzida pela pecado do homem (Romanos 8.19-23).

Não se poderia pensar em Deus como o Redentor se não fosse Ele antes o Criador e Soberano Governante e Sustentador de toda a Criação. O objetivo das Escrituras é revelar a Deus como o Redentor, através de Jesus Cristo, e nos chamar à fé em Jesus Cristo; porém as Escrituras fazem isto, não em um vácuo racional e lógico, mas em um progressivo processo revelacional (registrado desde o livro de Gênesis até o livro de Apocalipse) que comunica um consistente (coerente, não contraditório)  conhecimento de Deus como o Criador, Mantenedor e Redentor.

Não se deixe enganar pela arrogância da ciência do homem; excluir Deus não nos aproxima do conhecimento e da verdade, ao contrário nos afasta e impede definitivamente da possibilidade do conhecimento e da verdade.

A ciência é, no máximo, capaz de confirmar o que a observação comum já demonstra: que há um “Designer Inteligente” (Planejador Inteligente) e capaz. As Escrituras confirmam que Deus é o Criador, o criador do universo e da vida.

Como imagem e semelhança de Deus o homem pode resolver certos problemas na criação e curar certas enfermidades; mas somente Deus pode redimir o homem do pecado, e redimir a Criação de sua corrupção, em virtude do pecado do homem e sua separação de Deus. Somente o criador da vida temporária pode dar ao homem a vida eterna (João 3.16).

Quando o homem insiste na busca de uma resposta à questão da orígem da vida que exclua Deus; ele também pensa que o destino da vida está em suas mãos que o seu futuro depende exclusivamente da sua ciência. Entretanto, as Escrituras Sagradas revelam que, assim como a sua orígem, o futuro do homem está nas mãos de Deus. E isto não é campo da ciência, ela não pode negar nem confirmar a revelação de Deus nas Escrituras.

As Escrituras Sagradas revelam que o futuro do homem depende de Jesus Cristo, o eterno Filho de Deus, e co-agente do Pai na Criação; a vida e o futuro do homem dependem de Jesus Cristo, do que Ele já fêz, está fazendo, e ainda fará. Para redimir o homem do poder destruidor do pecado, Deus, o Filho, se fêz carne, ou seja, homem, mantendo todos os atributos divinos (João 1.1-14). Para reconciliar o homem pecador com Deus, o Filho de Deus, Jesus Cristo, morreu e ressuscitou, em cumprimento da justiça de Deus (Romanos 4.24-5.1). Para avançar a obra da Redenção, Jesus ordenou seus discípulos a anunciar e ensinar o Evangelho da Redenção; e com eles Jesus pemanece, no Espírito Santo que enviou para convencer o mundo do “pecado, da justiça e do juízo” (João 16.8). Jesus realiza a obra da Redenção salvando completamente todos os mediante a fé nele (Jesus Cristo) buscam a reconciliação com Deus (Hebreus 7.22-25); e por fim, Ele voltará para concluir a obra da Redenção (João 14.1-3).

Não se deixe enganar pelas teorias baseadas no pressuposto da inexistência ou ausência de Deus na orígem do universo e da vida; elas o levarão ao erro fatal de ignorar a Deus. Escute a voz da consciência que clama a onipresença de Deus. Veja, ou ouça o que a obra da criação revela sobre Deus (Salmos 19.1-4). Examine ou leia o que Deus fala nas Escrituras Sagradas; e não procure nelas a solução dos mistérios da natureza, nem por regras de saúde, ou normas sociais, muito menos por segredos do sucesso em diversas áreas da vida. Leia, ouça o que Deus fala através da Bíblia, Ele fala da sua obra da Redenção, e de Jesus Cristo, o Redentor do homem e da criação (2 Timóteo 3.14-17).

 Ele (Jesus Cristo) é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta como pedra angular. E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos.” (Atos 4.11-12)

 

Thursday 25 July 2013

Cristo, o Anticristo e o Papado


O “anticristo” é um concorrente de Jesus Cristo; portanto, o anticristo não é necessariamente contra o conceito do Cristo; ao contrário e mais frequentemente, o anticristo tira proveito do conceito Cristo. Aqueles que têm alguma familiaridade com a Bíblia, as Escrituras do Antigo e Novo Testamentos sabem que o Cristo é o Salvador ou Redentor prometido por Deus, através dos Profetas do Antigo Testamento, cujo cumprimento e vinda foram testemunhados pelos Apóstolos no Novo Testamento. Portanto, o anticristo é também, em princípio, um conceito que pode ser identificado como um “falso Cristo”.

O Cristo é alguém que foi anunciado como vindo para exercer, de fato, o que três ofícios tão preeminentes no Antigo Testamento simbolizavam ou limitadamente realizavam:

§  O Profeta que comunicava ao homem a mensagem ou palavra de Deus;

§  O Sacerdote que apresentava a Deus animais sacrificados como simbólica expiação pelos pecados dos homens;

§  O Rei que, com justiça e bondade, devia governar a comunidade do povo ou filhos de Deus.

Estes ofícios foram exercidos por muitos diferentes servos de Deus. Em Israel, Moisés e Samuel  aparentemente exerceram os três ofícios; eles foram profetas e sacerdotes; embora jamais tenham sido reis, eles inegavelmente exerceram governo em Israel, antes que houvesse rei. Além de Moisés, temos no Antigo Testamento uma longa lista de profetas, como Elias, Elizeu, Isaías, Jeremias e muitos outros; Arão e Samuel são os mais conhecidos sacerdotes; assim como Daví e Salomãosão os mais notáveis reis. Todos os profetas, sacerdotes e reis, além do limitado serviço que prestaram, são meros tipos de uma figura infinitamente superior, o Cristo; porque é este unicamente quem, real e perfeitamente, cumpre os ofícios de Profeta, Sacerdote e Rei, na relação entre Deus e a humanidade.

O Antigo Testamento criou e difundiu, não só em Israel, mas, entre muitas outras nações, a expectativa da manifestação ou vinda do Cristo, a “expectativa Messiânica”. “Messias” é o correspondente hebraico à palavra grega “Cristo” que literalmente significa “ungido”, alguém escolhido, apontado e habilitado por Deus para o exercício de um ofício. Os profetas, sacerdotes e reis foram vários e provisórios; O Cristo é único e eterno.

O Novo Testamento é o testemunho escrito do cumprimento da promessa (também escriturada) do Antigo Testamento. O Novo Testamento é o testemunho de que o Cristo é Jesus, o (eterno) Filho de Deus, mas também descendente de Daví, “segundo a carne” (Romanos 1.1-6), e por isso, filho de uma virgem chamada Maria (Mateus 1.18-23; Lucas 1.26-35), nascido em Belém da Judéia (Mateus 2.1), também conhecido como Jesus de Nazaré (Mateus 2.19-23).

Jesus Cristo é o Profeta; porque Ele, não somente trouxe aos homens a Palavra de Deus (como os outros profetas); mas, sendo o Eterno e Unigênito Filho de Deus Ele é, em pessoa, a final e completa revelação de Deus aos homens (João 1.1-8). Jesus é o Sacerdote; porque, pelos pecados dos homens, Ele ofereceu, não repetitivos sacrifícios simbólicos de animais, mas ofereceu, uma só vez e definitivamente a si próprio como o único sacrifício real eficaz pelos pecados dos homens. Isto foi realizado porque Jesus Cristo é o Eterno Filho de Deus encarnado (em natureza humana); portanto, legítimo representante do homem, mas absoloutamente Santo, por isso o seu sacerdócio (intercessão) é irrecusável perante a justiça divina (Hebreus 7.20-28). Jesus Cristo é o Rei; porque Ele, como já indicava o Antigo Testamento (Isaías 9.6-7; Malaquias 3.1), é mais que qualquer mero homem, é Deus encarnado (João 1.1-3,14); e, após morrer “pelos nossos pecados”, Ele “ressuscitou ao terceiro dia” (1 Coríntios 15.3-4), tornando-se o vitorioso Redentor dos filhos de Deus, com e sobre os quais reina eternamente (Filipenses 2.5-11).

O anticristo não é, como muitos pensam, algo ou alguém que vai aparecer somente no derradeiro final de uma era. O anticristo tem estado presente em toda esta última era que já dura aproximadamente 2000 anos, que podemos chamar a “Era da Igreja da Nova Aliança” (1 João 2.18).

O anticristo é a personificação de uma força ou movimento que habilita muitos “anticristos”. Ambos, o anticristo e os anticristos, são principalmente desertores da fiel Igreja de Cristo Jesus, por haverem abandonado a “verdade”, ou seja, o fiel testemunho de Jesus Cristo, como o encobtramos nas Escrituras Sagradas do Antigo e Novo Testamentos (1 João 2.18-26). O anticristo e os anticristos têm por propósito e meta afastar ou impedir que homens conheçam plenamente e confiem absolutamente em Jesus, o Cristo, para sua salvação, a vida eterna, ou reconciliação e eterna comunhão com Deus (1 João 2.22-26).

Como já indicamos, o anticristo (e igualmente os anticristos) não se opõe diretamente ao conceito de Cristo. O anticristo pode negar que Jesus é o Cristo, que Jesus Cristo é verdadeiro homem (nascido da virgem Maria) e verdadeiro Deus (o Eterno Filho de Deus). O anticristo pode não se opor direta ou claramente a Jesus Cristo, mas, nega o fiel ou completo Cristo das Escrituras Sagradas, nega a  sua importância e suficiência absolutas; esta é a mais sutil e eficaz abordagem e estratégia do anticristo.

As Escrituras também mencionam “falsos profetas” (Mateus 7.15-23; 24.11; Atos 13.6-12), “falsos mestres” (2 Pedro 2.1-3) e “falsos apóstolos” ( 1 Coríntios 11.13); todos estes nomes são diferentes designações para os anticristos, que distraem ou desviam a atenção dos homens do único Cristo, Jesus, o Cristo das Escrituras (João 5.39), para o anticristo, um falso cristo (Mateus 24.23-26; 1 João 4.1-4).

Entretanto, o anticristo propriamente também é identificado nas Escrituras Sagradas com o “falso profeta” (Apocalipse 16.13; 19.20; 20.10). Este é certamente algo ou alguém que se destaca dentre ou acima de todos os falsos profetas. Este falso profeta é mencionado no contexto de uma poderosa tríade: o “dragão”, a “besta” e finalmente o “falso profeta”. O dragão é Satanás (Apocalipse 20.2); a besta, com certeza significa um poder imperial, um rei que tem domínio sobre nações (Apocalipse 13.1-10; 17.11); o falso profeta inegavelmete personifica um poder religioso, como o próprio nome indica. Com a decisiva ajuda do falso profeta, a besta age, conquista e prospera, ao ponto de se tornar alvo de adoração entre os povos, mas odeia e persegue ferozmente a fiel Igreja de Jesus Cristo (Apocalipse 13.1-18). O falso profeta, também é identificado como a “besta que emerge da terra” (Apocalipse 13.11), em distinção da que “emerge do mar” (Apocalipse 13.1); para muitos, esta segunda besta parece um manso cordeiro, em contraste com o verdadeiro Cordeiro, Jesus Cristo (Apocalipse 13.8), que “tira o pecado do mundo” (João 1.29); mas, de fato, a besta que emerge da terra fala em nome do dragão.

Como as Escrituras identificam o anticristo com as duas bestas, já mencionadas; e, conforme já visto, a besta e o falso profeta (segunda besta) operam conjuntamente, sob o poder do dragão (Apoc alipse 13); assim, a besta e o falso profeta podem ser entendidos como a duas faces do anticristo, uma face civil e uma face religiosa, que constituem uma única força ou poder que se opõe a Jesus Cristo.

No livro de Apocalipse também tomamos conhecimento de uma cidade, simbolicamente chamada de “Babilônia”, tipificada por uma mulher adúltera (Apocalipse 17.1-5), “embriagada com o sangue dos santos..., das testemunhas de Jesus Cristo” (Apocalipse 17.6). Esta cidade é um lugar ou centro onde o anticristo (a besta e o falso profeta) exerce o seu poder no mundo (Apocalipse 17.1-18).

As Escrituras também mencionam o anticristo como o “homem da iniquidade”  ou o “iníquo (2 Tessalonicenses 2.1-10). Este homem da iniquidade nos remete ao “abominável da desolação” (Mateus. 24.15), que tem relação com um inimigo, feroz contra o povo de Deus, e atrevido diante de Deus (Daniel 9.27; 11.31; 12.11). Embora a História da Redenção já tenha testemunhado outros cruéis e arrogantes inimigos de Deus e seu povo, como Faraó e Nabucodonosor, a profecia de Daniel parece ter um cumprimento parcial e antecipativo no rei Sírio, Antioco IV, que invadiu invadiu Jerusalém e profanou o Templo, em 168 aC. Faraó, Nabucodonosor e Antíoco VI, são protótipos do anticristo. Quanto às menções da presença do “abominável da desolação” no “lugar santo” (Mateus. 24.15), e do “homem da iniquidade”  assentado no “santuário de Deus” (2 Tessalonicenses 2.4), isto significa o atrevimento  do anticristo contra Deus, a sedução, engano e poder que exerce sobre uma significativa parcela da Igreja que, assim, perde o seu foco em Jesus Cristo. A influência e poder do anticristo, que têm perdurado durante toda esta era da Igreja da Nova Aliança, somente serão eliminados completamente na gloriosa volta de Jesus Cristo (Mateus 24.29-31; 2 Tessalonicenses 2.7-8; Apocalipse 19).

Portanto, o anticristo é um concorrente de Jesus Cristo e, como tal, ele pode se manifestar de diversas formas: como um Cristo que não é o Jesus, como um substituto de Jesus Cristo, ou simplesmente como um complemento de Jesus Cristo. Contudo, será sempre um falso Cristo, um adversário do único, verdadeiro e onipotente Salvador, Jesus Cristo, fora do qual não há salvação para os homens.

E o chamado Papa, que relação pode haver entre ele o anticristo? Com a ajuda da História, veremos que o Papado é a mais notável continuação do Império Romano, é a forma religiosa em que o Imperador Romano sobrevive até o presente. O próprio título papal de “Sumo Pontífice” é herança do título do Imperador Romano como supremo chefe político e religioso do Antigo Império Romano, e que, como tal, recebia honras divinas.

A partir do início do Século II, aparece na Igreja a idéia (estranha ao Novo Testamento) do “bispo monárquico”, nas principais cidades do Império, conquistadas pela fé cristã; e, já no final deste século, surge a idéia da preeminência do bispo de Roma sobre os demais bispos das demais cidades.

Em 313, o Imperador Romano Constantino se declarou Cristão e depois disso os cristãos ganharam libertdade de culto, e outros privilégios. Quando, em 330, Constantino transferiu a sede do Império para Constantinopla, o bispo de Roma ganhou maior e progressiva preeminência. Em 380, o Imperador Teodósio I tornou o Cristianismo a religião oficial do Estado. Quando finalmente a parte ocidental do Império Romano caiu sob o poder dos invasores “barbaros” (476), sobreviveu a forma ou face religiosa e “cristianizada” do Império no Bispo de Roma, que gradualmente cresceu em influência e poder.

A partir de 590, Gregório I (o Grande), bispo de Roma, que fêz prosperar a riqueza da Igreja, exerceu decisiva liderança na contenção do avanço dos invasores lolardos sobre a cidade. Enviando missionários, ele também expandiu e consolidou o poder do episcopado de Roma no ocidente.

Depois disso, no ano 800, o Papa Leão III coroou o rei franco, Carlos Magno, Imperador do proto “Sacro Império Romano”; e, em 962, o Papa João XII coroou o rei germânico, Otto I, como o Imperador do idealizado “Sacro Império Romano”. Em 1302, o Papa Bonifácio VIII promulgou a “bula papal” conhecida como “Unam Sanctum” que declara o Papa como supremo poder, acima dos reinos; e que, afim de que seja salvo, cada ser humano, precisa necessariamente submeter-se ao Pontífice Romano.

Sucessivos Papas continuaram reivindicando, além do poder espiritual, o poder temporal (civil); enquanto alguns reis afirmavam a sua autonomia; até que, em 1798 tropas francesas invadiram territórios papais e fizeram preso o Papa Pio VI, que logo morreu. Em 1801, o Papa Pio VII entra em acordo com a França, e, em 1804, coroa Napoleão como Imperador. Entretanto, em 1870, o rei da Itália, Victor Emanuel II, tomou Roma e os territórios papais. Em 1929, o Papa Pio XI, aceitou a perda imposta, mediante um acordo com o primeiro ministro da Itália, Benito Mussolini; quando também foi reconhecida a cidade-estado do Vaticano, como território Papal, também chamada a “Santa Sé”.

Embora a influência e poder do Bispo de Roma, atual chefe de estado do Vaticano, tenha variado no decurso da História, o Papa é de fato um rei, cuja cidade-estado é o Vaticano; de onde ele exerce sua influência e poder no mundo; e onde a face religiosa do antigo Império Romano sobrevive até hoje.

No passado, os Papas, além de enviar missionários e encampar igrejas regionais que nunca estiveram sob o seu poder, já comadaram exércitos conquistadores (as Cruzadas), coroaram e humilharam reis, e até ordenaram a perseguição e extermínio de adversários. Curiosamente, em nossa presente era secular, a influência do Papa está ganhando força; e a sua influência sobre as nações depende, em parte, da presença, organização e força do Catolicismo Romano em cada nação, e, também em parte, das aspirações e empreeendimentos com vistas à expansão dos poderes espiritual e temporal (civil ou político) de cada Papa. Certamente, criação do Estado do Vaticano, tornou-se decisiva para a permanência e futuros posíveis desenvolvimentos do Papado.

Existem influentes e poderosas religiões e organizações religiosas; porém, o Papado é a única instituição religiosa que, de fato se qualifica como um Império Religioso. É, no mínimo, intrigante a detalhada semelhança entre o anticristo mencionado nas Escrituras Sagradas e a milenar instituição do Papado. Até o presente momento parece impossível identificar outra manifestação do poder do anticristo mais persistente e bem sucedida que o Papado:

§   Ele assume a posição de Deus quando adota o título de Papa (Pai), título somente atribuído no Novo Testamento a uma das pessoas da Trindade: Deus, o Pai (Mateus 23.8-12).

§   Ele se intitula e é reconhecido como o representante de Cristo na terra, posição que conforme o próprio Senhor Jesus Cristo é ocupada somente pelo Espírito Santo (João 14.16-20).

§   Com as doutrinas estabelecidas pelo poder e alegada “infalibilidade papal” (especialmente o culto a Maria e a outros santos, salvação pelas obras), ele nega a absoluta suficiência de Cristo (Gálatas 1.6-9).

§   Ele mantém enganados, cativos e subordinados muitos que se consideram seguidores de Cristo (2 Pedro 2.1-3).

§   Ele pretensamente reina na Igreja e quer reinar sobre as nações, como somente Jesus Cristo reina (Efésios 1.15-23).

A Reforma do século XVI foi o maior golpe e perda do Papado, em toda a sua história; pois libertou e tem contribuído para o nascimento de igrejas e milhares de crentes livres do domínio papal. Porém, a Reforma não conseguiu neutralizar a multiplicação de anticristos, nem o fortalecimento do anticristo; somente a volta de Jesus Cristo o fará. Entretanto, quando herdeiros da Reforma, protestantes ou evangélicos, negligenciam ou rejeitam a fiel e sitemática Pregação da Palavra de Deus, e, consequentemente, se deixam levar por crenças ou doutrinas de homens, que tiram o do foco de Jesus Cristo, de Sua exclusiva e absoluta glória como o único e suficiente Salvador, ainda que nunca declarem lealdade ao papado, estão se subordinando e fortalecendo o poder do anticristo.


“Amados, enquanto eu empregava toda a diligência para escrever-vos acerca da salvação que nos é comum, senti a necessidade de vos escrever, exortando-vos a pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos. Porque se introduziram furtivamente certos homens, que já desde há muito estavam destinados para este juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de nosso Deus, e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.” (Judas 3-4)