Não podemos contemplar toda a beleza e glória da face
de Deus; nossos olhos,
embora estejam entre as maravilhas da criação, não são capazes ver a face de
Deus, infinitamente mais radiante que o sol. A nossa compreensão, embora
suficientemente grande para elaborar os mais complexos cálculos e desenvolver
incríveis idéias, é limitada na compreensão do ser de Deus. Podemos tomar
conhecimento de atributos divinos, porém, não compreendê-los, nem mesmo um só
deles, em sua infinitude, profundidade, largura e altura.
O profeta Isaías registrou
que viu “o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono” (Isaías 6.1). Porém
o profeta não dá qualquer descrição visual do Senhor, exceto que “as abas de
suas vestes enchiam o templo” (Isaías 6.1), mas registrou que também viu
Serafins (ordem de anjos) que tinham
seis asas: com duas voavam por cima do trono, mas com duas cobriam os pés, e
com duas cobriam o rosto. Até os anjos que jamais pecaram, em reverência,
cobrem os olhos diante da santidade de Deus.
Isaías viu um
pouquinho da infinita glória de Deus; pois em sua visão o Senhor estava em um
templo; entretanto não há templo que possa conter Deus; conforme Salomão orou a
Deus na inauguração do Templo de Jerusalém, que era mero símbolo da invisível,
mas real, presença de Deus; o rei Salomão disse: “nem os céus e até os céu dos
céus te podem conter” (1 Reis 8.27).
O apóstolo João também
teve uma visão da glória de Deus (Apocalipse 4-5). João registrou que viu
“armado no céu um trono, e, no trono, alguém alguém sentado” (Apocalipse 4.2).
Embora João mencione ter visto “a mão direita daquele que estava sentado no
trono”, sua mão foi mencionada somente para se referir ao livro (Apocalipse
5.2) que estava para ser entregue por Aquele que estava sentado no trono ao
Cordeiro, Jesus Cristo (Apocalipse 5.6-7). O livro entregue significa a
revelação e a certeza do cumprimento do decreto redentivo de Deus.
Entretanto, quando
João descreve quem está assentado no trono, ele assim o faz: (Ele) “é semelhante,
no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio”. João não viu a Deus, nem a face de
Deus, ele viu um pouco da glória de Deus.
Muito tempo antes
de João e Isaías, o profeta Moisés pediu a Deus para ver a sua glória. Deus
respondeu a Moisés dizendo que lhe mostraria a sua bondade e misericórdia; mas
a sua face não seria vista; pois Deus disse : “homem nenhum verá a minha face e
viverá” (Êxodo 33.17-23). Entretanto, quando Moisés descia do Monte Sinai, após
Deus haver falado com ele, o povo viu que a pele do seus rosto trazia um
brilho, um reflexo da glória de Deus (Êxodo 34.29-35).
Não temos olhos que
possam ver a radiante glória da face de Deus; mas podemos ouvir a sua voz, que
embora poderosa, mais que o estrondo dos trovões, quando os pecadores desafiam
a sua justiça; ela também soa suave como uma leve brisa quando, anunciando a
sua misericórdia e perdão, e chamando os pecadores ao arrependimento dos
pecados e fé em Jesus Cristo.
Sim, além da
limitação ou natural incapacidade de nossos olhos para contemplar a glória da
face de Deus; nossos pecados nos impedem
de contemplar a face de Deus; porque os nossos pecados nos distanciaram
completamente de Deus, e da sua glória: “pois todos pecaram e carecem da glória
de Deus” (Romanos 3.23).
Os nossos pecados nos fizeram morrer para Deus (nos tornamos espiritualmente mortos), ou seja, ficamos completamente desinteressados no único e verdadeiro Deus, desinteressados nos seus verdadeiros atributos, que são como espectros de Sua glória: Deus é (O) Espírito, em si e por si infinito em seu ser, glória, bem-aventurança e perfeição; todo - suficiente, eterno, imutável, insondável, onipresente, infinito em poder, sabedoria, santidade, justiça, misericórdia e clemência, longânimo e cheio de bondade e verdade (Catecismo Maior de Westminster). Mesmo tendo conhecimento de alguns atributos divinos, não temos nenhuma compulsão natural para adorá-lo.
Os nossos pecados nos fizeram espiritualmente cegos, não reconhecemos a glória de Deus nem na Criação. Somos capazes de contemplar os céus, a terra e as maravilhas que a enchem, e não tributar a Deus “a glória devida ao seu nome” (Salmos 96.8).
O pecado, de tal
modo, corrompeu o nosso ser que não queremos conhecer e contemplar a glória de
Deus; na melhor das hipóteses, se houver um mínimo de interesse, consciente ou
inconscientemente, deixamos isto para os últimos momentos da vida, ou para
depois da morte. Preferimos as glórias passageiras deste mundo.
Nossa condição de
pecadores distorce qualquer noção de Deus; não podemos vê-lo, imaginá-lo e nem
conhecê-lo, como Ele realmente é; e assim criamos os nossos ídolos. E, aos que
querem e adoram a Deus, Ele proíbe que se faça qualquer tentativa de
representá-lo através de imagens. Qualquer tentativa de imaginar Deus somente
cria um ídolo.
Não podemos ver a
Deus, ou ver a face de Deus. Isto porém não significa que não possamos conhecer
e ter comunhão com Ele. Este conhecimento e comunhão acontece pelo ouvir a voz
de Deus, e isto, como já mencionado, é possível porque Deus falou aos homens,
pelos profetas, e finalmente através de Jesus Cristo (Hebreus 1.1-3); e o que
Deus falou está registrado nas Escrituras Sagradas. Porém, assim como somos
mortos e cegos para Deus, também somos surdos. Entretanto, Deus, e Ele somente,
tem o poder de nos fazer ouvir a sua voz, abrir os olhos para contemplar a sua
glória, e reviver para eterna comunhão com Ele.
Entretanto, aprouve a Deus que vissemos sua face na
face do próximo, para testemunho da sua gloriosa
existência. Toda a criação proclama a existência de Deus (Salmos 19.1), e o
homem é a evidência final e conclusiva da grandiosidade do Criador (Salmos
8.1-6). O homem é a cópia de Deus na natureza, a coroa da Criação (Gênesis
1.27). Quis Deus que homem fosse sua imagem ou reflexo, para que ao ver o seu
próximo, o homem visse a Deus, além, antes ou acima. Infelizmente, hoje, muitos olham para traz do homem e
somente vêem a figura de um macaco, quando deveriam ver somente a poderosa mão
de Deus.
Sendo o homem a
imagem e semelhança de Deus, devemos entender que Deus é gente, ou seja, um ser
pessoal. Como o homem é único no meio de toda a Criação, Deus é uma pessoa
absolutamente única, não há quem seja igual a Ele. Os homens e também os anjos
têem semelhanças com Deus, mas não são iguais a Ele. Deus é um ser
absolutamente único, especialmente em eternidade, infinitude, e imutabilidade.
Os homens e os anjos tiveram um começo, foram criados por Deus; Deus é Eterno.
Aos homens e aos anjos, Deus deu poderes e habilidades admiráveis,
incomparáveis com o restante da Criação, mas somente Deus é infinito em
sabedoria e poder (Onisciente e Onipotente). Homens e anjos são mutáveis, para
o bem ou para o mal; somente Deus é imutável em todos os seus santos atributos.
Devemos ver a face
de Deus no próximo também para respeitá-lo e amá-lo como criatura de Deus, a
criatura que é a imagem e semelhança do Criador. Devemos ver a face de Deus no
próximo para que sejamos lembrados e estimulados a ser agentes de Deus no âmbito
da Criação, mais parecidos com Deus, especialmente no relacionamento com o
próximo.
Quis Deus que,
mesmo após nos tornarmos pecadores, víssemos sua face nos famintos,
sedentos,forasteiros, nús, enfermos e presos (Mateus 25.31-46) para que,
enquanto peregrinamos neste mundo transtornado pelo pecado, sejamos movidos
pela divina compaixão e socorressemos uns aos outros.
Jacó viu a face de
seu irmão Esaú como se fosse a face de Deus (Gênesis 33.10), para que não
somente temesse as consequências de seus pecados contra Esaú, mas para que se
arrependesse de seus pecados contra Esaú, para confiar no poder de Deus para
mudar o coração do homem, e, enfim, para que confiasse no perdão divino
(Gênesis 33.1-11).
Ver a face de Deus
no próximo ou reconhecer o próximo como criado à imagem e semelhança de Deus
deveria nos levar diretamente a admitir nossos pecados (contra o próximo e
contra Deus), e à busca do perdão. Qual será o futuro próximo desta geração que
nega o divino Criador, e assemelha o homem ao macado ao invés de reconhecê-lo
como a semelhança de Deus?
Podemos ver a Deus na face de Jesus Cristo; e somente na face de Jesus
Cristo podemos ver a verdadeira face de Deus, não entretanto, na face física de
Jesus, senão nas suas expressões, infalivelmente em todas as expressões de
Jesus, isto é, suas atitudes, palavras e obras. As Escrituras Sagradas, nos dão um completo e
perfeito retrato de Jesus Cristo. É através das Escrituras que vemos a face de
Jesus Cristo, e, na face de Jesus Cristo, a face Deus (2 Coríntios 4.3-6).
O que é impossível aos nossos olhos foi feito possível em Jesus Cristo.
Em Jesus Cristo nós vemos a glória da face Deus de um modo que nem o primeiro
homem e a primeira mulher chegaram a ver, antes que houvessem pecado.
Jacó (que significa
trapaceiro), após o encontro com Deus em uma aparência humana (uma alusão
profética Jesus Cristo) teve o seu nome mudado para Israel (que significa
príncipe com Deus). Após este encontro (Gênesis 32.22-32) Jacó disse: Vi a Deus
face a face, e a minha vida foi salva (Gênesis 33.30).
Se vemos a face de
Deus no próximo, mediante a lei de Deus gravada em nossa alma e sob influência
do Espírito Santo, reconhecemos que somos pecadores e que precisamos de perdão;
quando vemos a face de Deus na face de Jesus Cristo somos salvos.
Alguns viram um
pouquinho da glória de Deus. Entretanto, “ninguém jamais viu a Deus; (contudo)
o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou” (João 1.18).
Quem vê a face de
Deus em Jesus Cristo é salvo porque, além de ver a absoluta justiça de Deus, vê
o infinito amor de Deus, a incompreensível misericórdia de Deus.
Precisamos de Jesus
Cristo para ver Deus como Ele realmente é, e para que sejamos salvos. Somente em
Cristo Jesus podemos ver e entender como se relacionam a justiça e o amor de
Deus em relação a nós pecadores, trangressores da ;ei de Deus.
Jesus Cristo é o
unigênito e eterno Filho de Deus que se encarnou (João 1.1-3,14), para ser
levantado ou entregue na cruz por causa dos nossos pecados, perante a justiça
de Deus, para que, nÊle crendo, sejamos salvos, recebendo o dom da vida eterna (João 1.29; 3.13-17). Crer em Jesus Cristo é
ver nÊle a face de Deus.
Sem Jesus Cristo,
sem uma crescente apreciação por Jesus Cristo, somos seduzidos pelas mais
diversas idolatrias. Crendo em Jesus Cristo, vendo nÊle a face de Deus, somos
plena e continuamente satisfeitos no conhecimento, e crescemos na comunhão com
Deus.
Conclusão, por que
não vemos a face de Deus? Em parte porque não podemos, em parte porque não
queremos. Queremos ser independentes e iguais a Deus; o que não podemos; e não
queremos ser a imagem e semelhança de
Deus; o que, e para o que fomos criados; e esta é a essência do pecado.
Por que queremos
ver a Deus com os olhos que não podem contemplar o sol? Por que queremos
compreender Deus com a mente que não compreende o universo? Por que permitimos
que a limitada, mutável e contraditória ciência humana defina Deus para nós,
negando-lhe o atributo de Criador?
Não podemos ver a
face de Deus como somente Deus pode ver, como Jesus Cristo, o Filho, vê a face
do Pai. Mas podemos ver Deus revelado em Jesus Cristo. Jesus Cristo é a única
revelação de Deus que é, ao mesmo tempo, exata para com Deus e compreensível
para conosco. Em Jesus Cristo, e somente nÊle, conhecemos a Deus
verdadeiramente, e somos imediatamente salvos, entrando em uma eterna relação
de amor com Deus.
Conheça a Jesus
Cristo, e você conhecerá a Deus, e saberá que está salvo.
Bem aventurados os limpos de coraçao porque verao a Deus Mateus 5:8.
ReplyDeleteOs remidos os servirao e contemplarão a sua face Apoc 22: 3 e 4
Haveremos de vê-lo como ele é. 1joao 3: 1 e 2
Deus falava com Adao e Eva face a face no Éden
(...) O homem na condiçao de pecador é que nao verá a face de Deus.
Bem aventurados os limpos de coraçao porque verao a Deus Mateus 5:8.
ReplyDeleteOs remidos os servirao e contemplarão a sua face Apoc 22: 3 e 4
Haveremos de vê-lo como ele é. 1joao 3: 1 e 2
Deus falava com Adao e Eva face a face no Éden
(...) O homem na condiçao de pecador é que nao verá a face de Deus.
Uma exposição boa, acerca de ver o Deus pai, como vc mesmo colocou, os nossos pecados nos impedem de ver a majestade de Deus pai, porém, depois de glorificados somos transportados e veremos a Deus pai como ele é. Em 1 João 3 nos trás essa promessa e ver como ele é.
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