Primeiramente, é importante enfatizar que o estar fora
da Igreja não significa estar fora da hierarquia eclesiástica do Catolicismo Romano,
nem de qualquer outra hierarquia eclesiástica protestante ou evangélica. Estar
“fora da Igreja” é estar fora da comunhão com uma igreja ou congregação que,
por maior ou menor que seja, está ligada a Jesus Cristo.
Nas
principais e mais compreensivas figuras da Igreja que encontramos na Bíblia, a
igreja está sempre ligada a Jesus Cristo: como o edifício ao seu fundamento (1
Pedro 2.4-6), os ramos à videira (João 15), o corpo à cabeça (1 Coríntios
12.12-31), e a esposa ao esposo (Efésios 4.23). Portanto, se queremos definir a
Igreja de Cristo, devemos identificá-la como o edifício alicerçado em Jesus
Cristo somente, os ramos realmente nascidos em Jesus Cristo, os membros do
único corpo cuja cabeça é Jesus Cristo, e a fiel noiva ou esposa de Jesus Cristo.
Esta Igreja está espalhada na terra, não somente como índivíduos e famílias,
mas também em várias ou inumeráveis igrejas ou congregações. Entretanto, estas várias igrejas, como podemos ver no livro de Apocalipse, podem variar em seu estado de saúde espiritual:
§
Do saudável, embora sob ameaças como Esmirna e
Filadélfia (Apocalipse 2.8-11; 3.7-13),
§
Ao razoável ou sob risco de ficar doente como Éfeso,
Pérgamo e Tiatira (Apocalipse 2.1-7, 12-17, 18-29),
§
Até ao doente, sob o risco de morrer como Sardes e
Laodicéia (Apocalipse 3.1-6, 14-22).
As igrejas em estado saudável
devem zelar para que assim permanecerem, mediante a perseverança na Palavra de
Deus, que as afasta e purifica do pecado, o agente da doença espiritual e morte.
As igreja e condição meramente razoável devem objetivar o vigor, buscando o
sólido alimentando-se da Palavra de Deus, e praticando continuamente o
exercício da fé. As igrejas doentes precisam da cura, o reavivamento que vem
pela reforma da vida particular, familiar e congregacional dos membros. Entretanto, sem o devido uso dos meios de graça, cujo principal é a Palavra de Deus, qualquer igreja pode decair do estado saudável para o regular, do regular para o doente, e do doente para a morte, tornando-se até uma falsa igreja (Apocalipse 2.9).
Uma
igreja verdadeira e saudável é:
§
Como um edifício, alicerçada no conhecimento de Jesus
Cristo, revelado e preservado nas Escrituras Sagradas somente, constituída de
pessoas regeneradas em Jesus Cristo, pelo poder do Espírito Santo, mediante a
fiel pregação da Palavra de Deus;
§
Como a videira, produz os frutos próprios da sua
natureza como ramos de Cristo Jesus – a Videira (frutos que agradam a Deus e
aos seus filhos);
§
Como o corpo, governada por Jesus Cristo como o seu
Cabeça, mediante o funcionamento de acordo com autoridade das Escrituras e no
poder do Espírito Santo que distribuindo dons, estabelece as funções dos
membros (do corpo);
§
Como a esposa de Jesus Cristo, ama o seu divino esposo
que a redimiu.
Então como podem existir “crentes fora da Igreja”?
Verdadeiros crentes não podem ficar fora da Igreja; e isto significa que
verdadeiros crentes não podem ficar fora das igrejas ou congregações que
constituem a Igreja de Cristo na Terra. Verdadeiros crentes devem estar fora
das falsas igrejas, mas dentro de uma verdadeira igreja. Verdadeiros e maduros
crentes identificam uma igreja moribunda (perto da morte), sabem quando a
igreja precisa voltar a comer o alimento saudável que é a Palavra de Deus, a
beber da àgua purificadora e desfrutar da unção do poder do Espírito Santo.
Verdadeiros e maduros crentes sabem distinguir entre uma igreja que é como um
corpo saudável, da que está doente ou morta (Efésios 4.15-16); eles distinguem
a igreja que, sobre a Rocha – Cristo, está sendo edificada com ouro, prata e
pedras preciosas daquela que é levantada com madeira, palha e feno (1 Coríntios
3.10-17).Como os tijolos ou pedras retirados de um edifício já não fazem parte dele; um membro morre, quando cortado do corpo; o ramo seca, se arrancado da planta; e o casamento acaba, se a esposa abandona o esposo; o crente não se desliga, nem é desligado da Igreja, ou de sua congregação.
As palavras ligar e desligar são muito úteis para
entender nossa relação com a Igreja de Cristo. Pedro, mediante sua inequívoca
confissão de Jesus como “o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mateus 16.16), foi declarado
por Jesus uma pedra do edifício da Igreja, cujo alicerce ou fundamento, como já
tem sido mencionado, é Jesus Cristo (Mateus 16.16-18; 1 Pedro 2.4-8). Imediatamente
a seguir, Jesus afirma que nossa relação com a Igreja na terra reflete nossa
relação com a Igreja no céu, isto é, com Deus propriamente (Mateus 16.19-20). O
ministério da pregação da Palavra de Deus, confiado à Igreja na terra, é a
chave do reino dos céus (reino de Deus). Quando a Igreja prega fielmente a
Palavra, e os pecadores arrependidos confessam a Jesus como o Cristo, o Filho Unigênito
de Deus, a própria Igreja os recebe na terra; porque eles foram recebidos no
céu. Entretanto, quando a Igreja desliga o membro que insiste em rejeitar a
Palavra de Deus, ela também está refletindo na terra, o que acontece no céu
(Mateus 18.15-20).
A Igreja com suas igrejas ou congregaçãos não é uma
instituição humana, mas divina. Desde o princípio, Deus distinguiu a geração de
Sete da geração de Caim (Genesis 4.8-26), os filhos de Deus dos filhos dos
homens (Genesis 6.1-2). Deus separou e fez aliança com a descendência
espiritual de Abraão (Gênesis 17.1-14). Por fim, quando Jesus Cristo veio, e
trouxe à plenitude a revelação da Aliança da Redenção, Ele fundou a sua Igreja
(Mateus 16.13-19), a Igreja da Nova Aliança, instituiu também a sua Ceia
(Mateus 26.26-29) e o seu batismo (Mateus 28.18-20), Ceia e batismo reservados
aos membros de sua Igreja, que são chamados de seus discípulos; pois eles aprendem
e guardam a sua Palavra, central à vida de sua Igreja.
Quando o apóstolo Paulo, mediante o chamado de Jesus Cristo
e poder do Espírito Santo saiu a pregar o Evangelho de Jesus Cristo ao mundo,
ele não somente pregava, deixando os crentes dispersos; ao contrário, Paulo
fazia deles discípulos de Cristo, organizando-os em igrejas, estabelecendo até
presbíteros (Atos 13.12-13, 48-49, 52; 14.1-7, 19-23). Paulo, fiel ao mandato e
instituição de Jesus Cristo, também batizava os novos crentes, com suas
famílias (Atos 16.14-15, 31-33), administrava e ordenava a Santa Ceia (Atos
20.7; 1 Coríntios 11.20-34).
Os verdadeiros crentes em Cristo Jesus são os seus
discípulos; estes assim são chamados porque aprendem e são disciplinados por
sua Palavra, devido ao seu ingresso e permanência na Igreja; ingresso marcado
pelo recebimento do batismo; permanência indicada pela participação na Santa
Ceia. O verdadeiro crente somente se desliga de uma falsa igreja, mas procura imediatamente a verdadeira Igreja. O verdadeiro crente sofre pela igreja que está doente, ora por ela, e a exorta a voltar a ouvir e se alimentar da Palavra de Deus. O verdadeiro crente ama a sua congregação; ele se alegra com a saúde de sua igreja e consagra sua vida (tempo, dons e recursos) para conservá-la assim (Hebreus 10.23-25). O verdadeiro crente não abandona a sua congregação, exceto se ela definitivamente se apostata ,e se torna uma congregação de Satanás (Apocalipse 2.9).
Existe crente fora de uma verdadeira igreja de Cristo?
Se um dedo é cortado do corpo e não for logo implantado, o que acontecerá
àquele dedo? Morrerá e terá que ser enterrado ou incinerado. O mesmo acontecerá
ao ramo cortado de sua planta.
Crente fora de uma igreja de Cristo? A idéia é pior
(mais absurda) que a de um aluno fora da escola. Este se coloca na mesma
posição dos domônios, que também são “crentes” (Tiago 2.19), mas não são
discípulos de Jesus Cristo. Quem abandona a Igreja de Cristo, ou seja, não é
membro de uma verdadeira igreja de Cristo, fala contra Igreja e trabalha contra
a Igreja. Dizer-se crente em Cristo e manter-se fora da Igreja é praticar sabotagem contra a Igreja de Cristo.
Crente fora da igreja é como um ramo que está secando,
um membro do corpo que está apodrecendo. Apesar desta dura comparação, o motivo desta mensagem é o amor pela Igreja
de Cristo e seus membros cortados; o objetivo desta mensagem é chamar todos os
que estão fora da Igreja a voltar imediatamente, congregando-se em uma fiel
igreja do Senhor Jesus Cristo.
Quando o Senhor voltar, ou chamar você antes que Ele
venha, que justa razão você poderia apresentar-Lhe por abandonar e estar fora
da Igreja que Ele tanto ama, pela qual deu o seu próprio sangue, e, ao subir ao
céu, lhe deu o seu Espírito Santo, para nela habitar, até que Ele, Jesus,
volte?