Quão perto está a
humanidade de realizar o sonho da sociedade justa, pacífica e próspera? Existe
alguma nação realmente próxima desse ideal? Pode a humanidade realisticamente esperar
por isso? E o Reino de Deus, pregado por Jesus Cristo e pelos seus apóstolos e
discípulos? Há alguma chance de que a França (recentemente tão comovida pelo
que tem sido chamado de o “9/11 francês”), e outras nações Europa e dos outros
continentes ainda dêem ouvidos ao Evangelho do Reino de Jesus Cristo, pregado
pela Igreja?
O Reino de Deus chegou;
porque a “semente da mulher” que havia sido prometida por Deus, o Criador, para
“esmagar a cabeça da serpente” ( Gênesis 3.15) finalmente nasceu; este que
ficou conhecido pelo nome (título) hebreu de “Messias”, ou o equivalente grego
“Cristo”, e pôs fim a uma longa sequência de profetas, sacerdotes e reis. De
fato, há duas linhas de profetas, sacerdotes e reis, uma que embora constituída
de pecadores, mortais, procuraram servir a Deus com fidelidade, e com suas
limitações tipificaram o Cristo e alimentaram a esperança de sua vinda. A outra
linha de profetas, sacerdotes e reis agiu como anti-tipo do Cristo anunciado e prometido
por Deus nas Escrituras Sagradas do Antigo Testamento; consequentemente, esta
linha de anticristos, conscientemente, ou não, promoveu o descaso e a
desesperança em relação ao Messias ou Cristo, prometido por Deus.
Entretanto, o Cristo já
nasceu, já veio, e já estabeleceu o seu reinado, ou Reino. A razão porque
muitos ainda assumem e disputam os postos de profetas, sacerdotes e reis, é
porque o Reino de Deus ainda não assumiu uma visível aparência, conforme o
próprio Messias, o Senhor Jesus Cristo esclareceu (Lucas 17.20-21). Isto
significa que o Reino de Deus, a princípio se manifesta, instala ou estabelece de
uma forma que não é superficialmente visível, ele se estabelece primeiro no
íntimo, na alma, mente e coração dos homens, e vai crescer, não sem muitos obstáculos
e inimigos, mas, certamente, chegará o dia em que encherá, ocupará totalmente o
universo; como profetizou Daniel sobre a pedra que feriu os pés da estátua que simbolizava
uma sucessão de reinos, e “encheu toda a terra” (Daniel 2.31-45); ou como Jesus
ilustrou o estabelecimento e crescimento do seu reino com o semear do “grão de
mostarda”, “a menor de todas as sementes”, mas que cresce, e se torna “a maior
das hortaliças”, de modo tal que até aves fazem ninho em seus ramos (Mateus
13.31-32).
Àqueles que não conhecem
ou não reconhecem Jesus como o Cristo prometido por Deus, aparentemente, não
existe um Reino de Deus, para alguns, não na Terra, e para outros, nem no Céu.
Assim, a humanidade continua à espera, ou na busca de profetas e sacerdotes, e,
ou de um reino ou sociedade justa, pacífica e próspera. Parte da humanidade
ainda acredita em profetas, sacerdotes e reis (ou reinos) tipicamente
religiosos; outra parte desencantou-se completamente com a religião e tem a sua
esperança na ciência como substituta dos profetas, nos médicos, psicólogos,
sociólogos e educadores como substitutos dos sacerdotes, e na democracia e seus
representantes bem formados para construir a sociedade ideal.
Conforme as palavras de Jesus Cristo e as
Escrituras (Antigo e Novo Testamentos), o Reino de Deus já chegou com Jesus
Cristo:
§
O nascimento do Cristo foi
referido pelo profeta Isaías como o nascimento do Rei Eterno e universal
(Isaías 9.1-7).
§
O nascimento de Jesus é o
cumprimento da promessa de Deus, repetida por todos os profetas, incluindo Isaías, citado logo acima (Mateus 2.1-6).
§
A pregação de João
Batista, o último profeta e imediato precursor de Jesus Cristo, e a própria
pregação de Jesus anunciavam a imediata chegada do Reino de Deus, como
ocorrendo naqueles dias (Mateus 3.2; 4.17).
§
O conteúdo da pregação de
Jesus Cristo foi chamado de o “Evangelho do Reino” ou “Evangelho do Reino de
Deus (Mateus 4.23; 9.35; 24.14; Lucas 4.43; 8.1).
§
Jesus afirmou que o modo
explícito como ele “expulsava demônios” evidênciava a imediata chegada do Reino
de Deus (Mateus 12.28).
§
Jesus se refere ao anúncio
do Evangelho (boa-nova) do Reino de Deus como seguindo à Lei e os Profetas que
vigoraram até João Batirsta, o seu imediato precursor (Lucas 16.16).
§
Jesus relacionou a sua morte
com a expulsão do “príncipe” do mundo (João 12.31-33). Satanás, a “antiga
serpente” (Apocalipse 12.9), que conforme a promessa divina teria sua “cabeça
esmagada”, pela “semente da mulher” (Gênesis 3.15), é um usurpador do trono
(reino) de Deus na Criação (Mateus 4.8-9). Jesus Cristo, ao morrer por
pecadores que nÊle crêm (do passado, presente e futuro), libertou-os da
condenação do pecado (morte ou separação de Deus), e do domínio de Satanás, estabelecendo
o seu reino, o reino de Deus na Terra.
§
A ressurreição e ascensão de
Jesus Cristo também marcam e evidenciam o estabelecimento do seu Reino, o Reino
de Deus (Filipenses 2.5-11). E é no exercício de sua autoridade real, eterna e
universal, que Jesus ordena seus ministros a expandir o seu reino entre todas
as nações, quando, entre sua ressurreição e ascensão, disse aos seus discípulos: “É-me dado todo o poder no
céu e na terra. Portanto, ide, ensinai todas as nações,
batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas ascoisas que eu vos tenho mandado;
e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!” (Mateus
28.18-20).
Como o Reino de Deus está
agora presente na Terra? Certamente, não no “império” religioso chefiado pelo
chamado “Papa”, entronizado no Vaticano, nem na chamada Igreja Oriental com
seus “Patriarcas”, nem no Protestantismo como simplesmente uma fragmentada, mas
expressiva, oposição ou alternativa ao Catolicismo Romano. O Reino de Deus não
uma espécie de seleção das mais ortodoxas denominações protestantes, nem
qualquer uma delas exclusivamente. Também não devemos pensar no Reino de Deus
na Terra como se fosse uma seleção das melhores ou mais ortodoxas igrejas
protestantes ou evangélicas.
A melhor forma de abordar o assunto da presença do Reino
de Deus na Terra é perguntando: como podemos identificar a manifestação do
Reino de Deus na Terra? A resposta é que o encontramos:
§
Nos cidadãos do Reino dos
Céus (os verdadeiros discípulos de Jesus Cristo), onde quer eles estejam,
sozinhos ou acompanhados, honrados ou humilhados, amados ou perseguidos;
§
Nas congregações espalhadas na Terra, com seus
presbíteros e diáconos, que cultuam a Deus de acordo com os princípios
revelados por Deus, mantêem a Palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo no
mundo, batizam os que crêem (juntamente com seus infates) em Jesus Cristo, e
celebram fidelidade Santa Ceia, exercendo com fidelidade e amor a disciplina
interna, e mantendo plena comunhão com outras congregações que perseveram em
fielmente servir ao Senhor.
O Reino de Deus é um
justo, pacífico e próspero rebanho, grande, mas espalhado sobre a Terra em
vários menores rebanhos. Individualmente, os que constituem este rebanho devem
ser conhecidos como discípulos de Jesus Cristo, como comunhões ou congregações de
discípulos de Jesus também são igrejas do Senhor Jesus Cristo, manifestações do
seu Reino. O reinado de Jesus Cristo com, sobre e adiante da Igreja é tipificado
especialmente na figura do Pastor e seu rebanho de ovelhas. Jesus Cristo é o
Pastor-Rei que sustenta, governa e proteje seu rebanho, o Pastor-sacerdote que “deu
a vida por suas ovelhas (João 10.11), o Pastor-Profeta que revela os mistérios
do Reino.
A lei peculiar ao Reino de
Deus na Terra, a sua ética, faz da figura do pastor e seu rebanho uma figura
extremamente apropriada para a Igreja
como o Reino de Deus. A lei ou ética do Reino de Deus é o que esta, em forma de
princípio, explendidamente esboçado no Sermão da Montanha, proferido por Jesus
Cristo (Mateus 5-7).
Qualquer Estado, ainda que
usasse a rigorosissíma Lei de Moisés, dificilmente conseguiria condenar um fiel
observador da “ética do Sermão da Montanha”; pois um das grandes peculiaridade
do Sermão da Montanha é que ele requer que sejamos exigentes e rigorosos
conosco mesmos, e pacientes e tolerantes ao máximo com os outros (Mateus 5.38-48).
O Sermão do Monte não é
uma reação contrária à Lei, mas uma ativa, criativa, regeneradora e vivificante
resposta à Lei que nos faz desejar cumprí-la , a começar da mente e coração,
mas estar também sempre prontos a oferecer perdão (Mateus 5.21-32).
A Ética do Sermão do Monte
nos leva a perceber que a grande finalidade a Lei é amar a Deus e ao próximo,
conforme Jesus Cristio posteriormente ensinou (Mateus 22.34-40).
Parece que Jesus fêz o
Sermão do Monte em uma única ocasião; porém, em partes ele lhe fêz várias
adições, tanto em palavras quanto em práticas, durante toda a sua vida, antes
de sua ascensão aos Céus, como fêz em relação à mulher “surpreendida em
adultério”; ele não negou que ela merecesse o rigor da Lei, mas aplicou a Ética
do seu Reino na Terra, oferecendo a ela o perdão, e exortando-a a não mais
transgredir a Lei (João 8.1-11; 1 João 3.4).
Não há contradição entre o
Antigo e o Novo Testamentos; Israel da perspectiva bíblica, consituído a partir
de Moisés, era um protótipo da Igreja (congregação dos filhos de Deus) e Estado
(uma sociedade de pessoas responsáveis perante si e perante Deus). Deus usa o Estado para punir os que quebram a
Lei, e usa a Igreja para acolher os pecadores arrependidos. A Igreja de Jesus
Cristo é o Reino de Deus distinto do Estado, de qualquer Estado, seu único
governante (Rei) é Jesus Cristo. A Igreja, o Reino de Deus estabelecido na
vinda de Jesus Cristo, não é regida diretamente pela “Lei de Moisés”, mas pela
Ética do Sermão do Monte.
O Reino de Deus, como é
hoje manifesto na Terra, através da Igreja, (especialmente considerando o
mandato real de Jesus Cristo aos seus súditos de expandir o seu Reino, fazendo
discípulos entre todas as nações) é um como um exército em conquista das nações,
não com arma (espada) que os Estados usam, mas com a “espada” da Palavra de
Deus (Hebreus 4.12), o Evangelho do Reino. O Reino de Deus é uma nação
espiritual que vai crescendo entre as nações e os povos da Terra, à medida em
que o Evangelho é pregado, e pecadores se arrependem e crêem que Jesus é o
Cristo, à medida em Jesus faz novos discípulos (1 Pedro 2.5-10; Apocalipse
5.5-10).
Entretanto, até à volta de
Jesus Cristo, não devemos esperar que o Reino de Deus tenha uma convincente e
atraente presença visível na Terra; embora, no Céu, o número de cidadãos do
Reino seja uma inumerável e crescente multidão (Apocalipse 7).
Como Jesus está
fisicamente ausente da Terra, mas, entronizado nos Céus, governando o universo,
também uma multidão impressionante de cidadãos do Reino dos Céus, que já passou
pela Terra está agora nos Ceus, mas aguardando o seu retorno à Terra com Jesus
Cristo, para o reinado eterno sobre a Criação recriada, em Novo Céu e Nova
Terra (Apocalipse 21-22).
Porém, voltando nossa
atenção ao Reino de Deus na Terra, e o seu atual contexto mundial, como
cidadãos do Reino perguntamos: o que podemos fazer por essa nossa global ou
universalista geração, que em algum sentido parece haver revertido o efeito
Babel da separação pela linguagem? Será que precisamos alcançar os mesmos
padrões e recusos de arte e comunicação, para que sejamos ouvidos, quando
anunciamos o Reino de Jesus Cristo?
Assim como nos dias que
precederam o Dilúvio, a humanidade estava já submersa em maldade e desepero, e
Deus estava profundamente indignado com a sociedade humana, restando e sendo preservada
dos chamados “filhos de Deus” somente uma família, a de Noé (Gênesis 6.1-8);
assim como a geração (nação) de Israel se corrompeu, afastando-se do seu
chamado divino, e Deus, para cumprir seu desígnio maior de trazer da
descendência de Israel, Judá e Daví, o Redentor prometido; e, por isso, somente
a tribo de Judá foi preservada, e depois, somente de um resto fiel desta tribo,
deu início à sua grande nação espiritual que é a Igreja constituída de gente de
toda nação; igualmente, não é difícil presumir que Deus agora também Deus não
esteja satisfeito com o estado prevalescente na Igreja na Terra. Será este o
momento imediato da volta do Senhor Jesus Cristo? Maranatha! Porém, e se não é ainda
a hora, continuará a Igreja murchando espiritualmente, enquanto sobevive
organizacional e institucionalmente, almejando somente presença e poder
econômico e político, usufruindo dos modernos recursos da ciência, arte e comunicação?
A Reforma do século XVI
foi uma libertação e renascimento da Igreja que se separou de um império
religioso que, como tal, ainda sobrevive, preserva e procura aumentar seu
poder. A Reforma foi seguida e deu orígem a um grande reavivamento e
crescimento da Igreja, cujos resultados ainda alcançam a presente geração.
Entretanto, este sopro divino de vida parece estar novamente desaparecendo.
Pense nisto, quando lemos
sobre a Igreja ou igrejas primitivas não pensamos em seus locais de reuniões;
pois eles não eram importantes; quando lemos sobre igrejas relacionadas à
Reforma e aos legítimos reavivamentos que se seguiram, não pensamos em
poderosas organizações denominacionais, catedrais ou templos suntuosos, bens e
empreendimentos financeiros. Em todos estes casos, visualizamos congregações
(comunhão de pessoas) peregrinas, perseguidas, mas corajosamente pregando o
fiel Evangelho, e vivendo intensamente a comunhão dos Santos. Quando tentamos
visualizar igrejas hoje, pensamos em grandes auditórios, cheios de gente
cantando, batendo palmas, ou com as mãos levantadas, sendo conduzidas por uma
banda musical; o show é interrompido por um comunicativo e simpático
palestrante que com poucas palavras levantará o moral ou a estima dos ouvintes,
na maioria das vezes usando Jesus como o motivo e o exemplo de uma vida
vitoriosa (bem-sucedida); o show musical recomeça; depois, o grande encontro
chega ao final. Geralmente aquele carismático palestrante é também o presidente
de um império financeiro.
As igrejas de nosso tempo, em geral, não são mais
as congregações de indivíduos e famílias unidas pelo forte vínculo da Aliança
(Pacto da Graça) de Deus, congregações cheias de vida, isto é da manifestação
do poder de Deus, da presença do Espírito Santo (não em um templo, ginásio ou
teatro) em uma congregação, comunhão de pessoas (igreja). O que é a indubitável
manifestação do poder de Deus ou da presença do Espírito Santo? Encontramos uma
resposta simples, mas exata na Carta de Paulo aos Gálatas: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo,
paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra essas coisas não há lei.
(Gálatas 5.23). Em outras palavras, a maior evidência do poder redentivo de
Deus entre a humanidade é pratica da Ética do Sermão da Montanha.
O Reino de Deus é uma realidade; ele já está presente na Terra; entretanto
a forma mais mais convincente em que ele se manifesta é na vida particular e
congregacional dos cidadãos do Reino, os crentes em Jesus Cristo, que são
também discípulos de Jesus Cristo; eles são o “sal da terra”, a “luz do mundo (Mateus
5.13-16), na medida em que eles refletem a vontade e o caráter de seu Rei,
Jesus Cristo (Mateus 5.1-12).
Somente exite uma chance de apresentarmos à nossa geração uma evidência
de que o Reino dos Céus é uma realidade, que ele já chegou, e somente com ele
será estabelecida a justiça, a paz e prosperidade duradouras, e não é através
da ciência, arte e comunicação (tudo isto a nossa geração têm, como nunca antes).
É somente vivendo agora de acordo com a Ética do Reino de Deus exposta por
Jesus Cristo no Sermão do Monte (Mateus 5-7), isto é, no poder do Espírito
Santo, em “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão,
temperança” (Gálatas 5.23) que podemos dar à nossa geração uma evidência em
favor do que pregamos, ou seja que o Reino de Deus é uma realidade, tanto na
Terra como no Céu, e que certamente virá o grande dia quando ele visivelmente
ocupará todo o universo, toda a Criação.
Façamos nossa, hoje, a oração do antigo profeta Habacuque: “Ouvi, Senhor, a tua palavra e temi;
aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a
notifica; na ira lembra-te da misericórdia.” Habacuque 3.2