Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide, Solus Christus, Soli Deo Gloria

Friday 28 December 2018

Criados e Redimidos para o Culto a Deus

Culto é algo natural ou essencial à relação entre a criatura e o seu Criador, entre o homem e Deus. Tão (ou mais) pertinente quanto a honra aos pais pelos filhos; assim é o culto a Deus. O nosso culto é algo que a Deus é devido; e, quando lho tributamos, somos os maiores beneficiários. Porém, se nos recusamos a cultuar a Deus, negamos a nós mesmos a maior satisfação e prazer que ao ser humano é possível conhecer.


Podemos dizer que a Igreja é uma comunhão de pessoas, caracterizada por um centralizador relacionamento com Deus; relacionamento este que se manifesta especialmente através da comunhão, dedicação, serviço e adoração a Deus, enfim, no culto a Deus.


Neste relacionamento, Deus fala à igreja; e a igreja responde, ou corresponde (em palavra e ou atitude); e isto é a essência do culto a Deus. Daí a importância da Palavra de Deus, pois o Deus invisível fala, inicia e mantém o relacionamento com o ser humano.


Através do tempo, parte desta comunicação verbal de Deus com a humanidade tomou uma forma estável e autoritativa, a forma escrita. Esta forma escrita da Palavra de Deus também ficou conhecida como a Escritura Sagrada. Através da Escritura Sagrada, quando lida e fielmente pregada, Deus continua falando com os homens, que respondem em oração.


A oração, portanto, não simplesmente brota do nosso coração, exceto quando a Palavra de Deus for ali semeada. A oração não é mera expressão dos nossos desejos, mas a santificação destes, o oferecimento dos nossos desejos que agradam e honram a Deus. A oração, conforme o Catecismo Maior da Confissão de Fé de Westminster, pergunta 178, é “um oferecimento (consagração) dos nossos desejos a Deus, em nome de Cristo...”.


O resultado desejável da comunicação ou diálogo entre Deus e o homem é o estabelecimento e manutenção do culto, o santo oferecimento ou total consagração de nossas vidas a Deus.
O assunto dominante da Escritura Sagrada (ou Escrituras Sagradas) o seu grande tema é o relacionamento do homem com Deus, ou seja como o homem glorifica, e é plenamente satisfeito em Deus; e isto é o culto a Deus.


Embora as Escrituras Sagradas comecem com o relato da Criação, e a ela façam frequentes referências, não é da perspectiva da Criação que as Escrituras tratam o tema do relacionamento do homem com Deus, mas principalmente da perspectiva da Redenção.


Ao afirmarem que o homem e a mulher foram feitos à “imagem e semelhança de Deus” (Gênesis 1.27); as Escrituras Sagradas revelam que o homem foi criado para viver em comunhão ou relacionamento com Deus.


Como a criatura poderia se relacionar com o incompreensível e invisível Criador, eterno e todo-poderoso? Contudo, Deus se manifestava e falava regularmente com o homem (Gênesis 1.28,29; 2.16-17).


Entre outras coisas, Deus revelou ao homem que o relacionamento que tinham poderia ser quebrado, preservado ou garantido eternamente (Gênesis 2.16-17). Aquele relacionamento em que Deus é glorificado e o homem é plenamente satisfeito poderia ser:
  • Quebrado, mediante o ingresso do homem em uma área de conhecimento que então lhe fora proibida por Deus, o “conhecimento do bem e do mal”.
  • Preservado, enquanto o homem não se tornasse “conhecedor do bem e do mal”; isto é se o homem não abandonasse o estado de retidão e santidade em que fora criado por Deus, ou não se tornasse um pecador, transgressor da justiça (Eclesiastes 7.29; 1 João 3.4).
  • Garantido eternamente, se o homem homem escolhesse a vida, a vida eterna, o conhecimento de Deus (João 17.3).
Quem falava com o homem no Paraíso? Creio que era propriamente o Eterno Filho de Deus, o “unigênito do Pai” (João 1.14) quem falava como o homem no Paraíso; pois Ele é o Verbo, a vida e a luz (João 1.1-1-4), quem tem o poder de transformar os homens (e mulheres) mortais em filhos de Deus (João 1.9-12), que têm a vida eterna, e enfim ressuscitarão (João 5.24; 6.46-51,54).


Este mistério parcial e inicialmente introduzido pela Palavra de Deus, antes da possível e efetiva quebra do relacionamento do homem com Deus (a Queda), é gradualmente revelado em todo o processo seguinte da revelação redentiva, e finalizado quando as Escrituras  Sagradas ficaram completas.


A revelação redentiva visa a restauração da comunhão (relacionamento) do homem com Deus. Como já mencionado, a perspectiva da qual as Escrituras tratam do relacionamento do homem com Deus é a perspectiva da redenção. Portanto o objetivo do conjunto das Escrituras Sagradas é tratar da restauração do relacionamento do homem com Deus, e ao nível de um relacionamento inquebrável, eterno.


Conforme as Escrituras Sagradas, é somente em Jesus Cristo, o “Deus unigênito” (João 1.18), que Deus e o homem se encontram (João 1.14-18). O nome “Jesus” lhe foi dado porque é Ele que nos salva (da condenação) dos nossos pecados (Mateus 1.21), mas era também chamado “Emanuel” que significa “Deus conosco” (Mateus 1.23).


Como já vimos, as diferenças essenciais entre o Criador e a criatura (humana) não foram impedimentos à comunicação entre Deus e o homem. Entretanto, após a Queda ou ruptura do relacionamento do homem com Deus, havendo o homem se tornado um pecador (transgressor da justiça), é impossível que haja relacionamento entre Deus e o homem; pois Deus é Santo.


Entretanto, o Verbo, o Unigenito de Deus, se fez carne (João 1.14), isto é assumiu a natureza humana, para reconciliar o homem (agora um pecador) com Deus, e reestabelecer o relacionamento do homem com Deus, conforme o desígnio da Criação.


A vida absolutamente justa de Jesus e seu sacrifício (morte) são aceitos por Deus, em favor e benefício dos pecadores (Romanos 4.23-5.1; 1 Coríntios 1.22-31); ou seja, os que creem neste modo único como Deus justifica pecadores (Efésios 2.4-8). A morte de Jesus quita o débito dos pecadores em relação à justiça divina. A vida justa de Jesus é o crédito, impossível de ser adquirido por pecadores.


É também somente por esta mesma via que nossa oferta (culto) torna-se agradável a Deus, acompanhando a oferta perfeita de Jesus Cristo, em sua vida, e em sua morte (1 Pedro 2.4-5).


Em seu Unigênito, Jesus Cristo, Deus, fez mais do que simplesmente se revelar; Ele se deu ao homem redentiva ou salvadoramente. É também em Jesus Cristo (seu méritos intercessórios) que o homem se oferece, entrega ou consagra-se a Deus. É somente em Jesus Cristo que Deus e homem se encontram, e firmam um eterno relacionamento, em que Deus é glorificado, e o homem é plenamente satisfeito.


Adão (o homem) falhou em preservar o alvo para o qual fora criado, glorificar e satisfazer-se em Deus, para sempre (Catecismo Maior da Confissão de Fé de Westminster, pergunta 1). Jesus Cristo não falhou, foi o perfeito culto a Deus, tanto em sua vida quanto em sua morte. Assim, os que se unem a Jesus, mediante a fé, encontram-se com Deus, entram em um permanente relacionamento com Ele, passando a glorificar e a ter plena satisfação em Deus, para sempre. E este é culto a Deus, para o qual fomos originalmente criados, e agora redimidos.

Wednesday 31 January 2018

Jerusalém e a Igreja: Alguma Relação?


Damos muito pouca atenção ao fato de que a obra da Redenção começou muito tempo antes do nascimento do Redentor prometido, Jesus Cristo, e muito tempo antes do surgimento da nação de Israel.

Pouco consideramos sobre o fato de que a Igreja, a comunhão dos pecadores que foram redimidos, reconciliados com Deus, e com o próximo, já está presente na Terra muito antes do dia de Pentecostes, quando cumpriu-se a promessa do derramamento do Espírito Santo, e foi finalizada a transição da Igreja na Antiga Aliança para a Nova Aliança.

A Igreja já está presente na Terra muito antes de Deus chamar e fazer promessas a Abraão e sua descendência, antes de enviar Moisés e libertar a nação de Israel do cativeiro egípcio, levando-a à “terra prometida”.

Na verdade, a Igreja já existe na Terra desde que Deus iniciou a obra da Redenção, isto é, logo após o primeiro homem e suas gerações serem totalmente corrompidos pelo pecado. Desde Adão e seus primeiros descendentes, os benefícios da morte e ressurreição de Jesus Cristo, o Redentor, já eram desfrutados por pecadores que, arrependidos, criam e antendiam o chamado de Deus à reconciliação, o Evangelho já anunciado em sua forma mais primitiva (Gênesis 3.15; Gálatas 3.8).

Embora a presença, tamanho e influência da Igreja sejam seja extremamente variáveis na história, ela sempre esteve presente, onde quer que “dois ou três estivessem reunidos” (Mateus 18.15-20), em convicção e arrependimento de pecados, e fé em Deus como Criador e Redentor.

A cidade de Jerusalém é uma notável evidência desta remotíssima realidade e presença da Igreja, precedendo à Igreja de Israel (pertencente à Antiga Aliança) e, consequentemente, a Igreja universal da Nova Aliança. Antes da chegada de Abraão à terra de Canaã, portanto, antes do nascimento da nação de Israel, a cidade de Jerusalém já existia, e tinha como rei e sacerdote aquele que foi o maior tipo sacerdotal de Jesus Cristo, Melquisedeque, nome que significa “rei de justiça”. Naquele tempo o nome da cidade era simplesmente Salém, que significa “paz”.

Jerusalém, que significa “cidade da paz”, embora seja um lugar ou cidade histórica, presente até os nossos dias, é também o mais significativo símbolo da Igreja. Jerusalém é idealmente a cidade dos que foram reconciliados com Deus, a cidade onde Deus habita, em comunhão com aqueles a quem Ele perdoou, reconciliou e aproximou de si, e a esses todos, também reconciliou e aproximou, uns dos outros.

Jerusalém é o símbolo do Reino de Deus, não no âmbito daqueles sobre os quais Deus reina com mão (ou cetro) de ferro, mas em paz, comunhão e ordenando sua benção (Salmos 133), onde Jesus Cristo é o Sacerdote e Rei tipificado em Melquisedeque.

Jerusalém é símbolo de todo lugar em que em algum tempo houve, há ou ainda haverá um povo em comunhão com Deus, por menor ou maior que seja o número dos que formam esta comunhão. Jerusalém, a cidade da paz, ou seja, a Igreja, sempre existiu (desde o começo da obra da Redenção), jamais deixou de existir (embora algumas vezes tenha se tornado tão pequena, ao ponto de parecer completamente extinta), e jamais deixará de existir.

Um dos grandes assuntos do livro de Apocalipse, com o qual o livro aproxima-se de sua conclusão é o Novo Céu e Nova Terra, uma radical transformação do universo, da Criação, quase uma recriação (Apocalipse 21.1-22.5). Novo Céu e Nova Terra é o novo ambiente universal do Reino de Deus, e seu centro ou capital, “a cidade santa”, chama-se a “Nova Jerusalém” (Apocalipse 21.1-2). Uma cidade não é constituída apenas de suas casas, ruas e praças; ela é principalmente o centro de uma região onde habitam pessoas; a Nova Jerusalém é o centro da Terra recriada, onde Deus habitará eternamente com os homens (Apocalipse 21.3), onde o pecado e todas as suas consequências terão sido completamente eliminados (Apocalipse 21.4).

Além da Jerusalém histórica, e geograficamente localizada, desde os tempos de Melquisedeque e dos dias de Davi (ambos também tipos reais de Jesus Cristo), além da comunhão, congregação ou Igreja (tipificada na cidade de Jerusalém) sempre presente na Terra em diversos lugares, desde o início da obra da Redenção, as Escrituras Sagradas nos revelam que paralelamente à visível, embora instável Jerusalém na Terra (e especialmente a Igreja que ela tipifica, igualmente visível e instável), existe uma Jerusalém no Céu, inabalável, e que somente cresce, enquanto na Terra o tempo passa, e a Igreja sofre variações. A Jerusalém celestial é constituída e cresce à proporção em que morrem os habitantes da Jerusalém terrenal, isto é, os remidos no sangue do Cordeiro; esta porção da Igreja, agora invisível, descerá do Céu, para habitar o Novo Céu e Nova Terra (Apocalipse 7.9-17; 21.2)

Desde que o pecado entrou e passou fazer parte da natureza humana, Deus, o Criador, por sua essência justa e santa, não pode mais relacionar-se com a humanidade em geral. Depois que o homem tornou-se um pecador, Deus já não anda (vive ou habita) com os homens. Ele não tem prazer na comunhão com pecadores (Isaías 59.2).

Entretanto, desde que o homem tornou-se pecador, Deus também tem redimido pecadores, e com eles estabelecido uma inquebrável comunhão. Com estes, Deus anda ou vive na “cidade da paz”, a comunhão dos seus remidos (Isaías 57.15), onde quer que ela tenha sido estabelecida na Terra.

A antiga Salém não conservou o status dos tempos de Melquisedeque, nem a Jerusalém de Davi e Salomão; esta e os reinos dos quais fora capital (Israel e Judá) se corromperam. Jerusalém perdeu e recuperou algumas vezes seu status de cidade símbolo da justiça e paz. O mesmo tem acontecido na história da Igreja da Nova Aliança, após o grande momento de sua inauguração no dia de Pentecostes (que sucedeu a morte, ressurreição e ascensão de Jesus Cristo), a Igreja tem experimentado alto e baixos, reformas, avivamentos e até apostasia. Através da história, mediante a fiel pregação da Palavra de Deus, em diversos lugares, igrejas tem sido estabelecidas, e crescido; porém, sujeitas às tentações diversas, igrejas se enfraquecem, e podem até morrer.

Embora a Jerusalém da Terra (Igreja ou igrejas como instituições visíveis, mensuráveis), como já antecipado, seja instável; ela, como o lugar da habitação de Deus com os homens, é amada por Deus. O Antigo Testamento está repleto de demonstrações e declarações do amor de Deus por Jerusalém, e dos reinos dos quais fora capital: Israel e Judá (Isaías 43.1-4). Israel e Judá, como objetos do amor de Deus, representam somente uma pequena porção da Igreja de “todos os tempos e lugares”, a multidão inumerável “de todas nações, tribos, povos e línguas” (Apocalipse 7.9).

A preservação e prosperidade de Jerusalém (Igreja) na Terra, como “cidade” de justiça e paz, dependem da Palavra de Deus, que ela seja pregada, ouvida e posta em prática. É através da pregação da Palavra de Deus que a “cidade da paz” (a Igreja) recebe novos habitantes (homens e mulheres regenerados e justificados pela fé); é através da Palavra de Deus que os nascidos na cidade são regenerados e justificados pela fé (1 Pedro 1.23); e, assim todos são santificados, nutridos, e mantidos espiritualmente saudáveis e frutíferos (João 15.1-10).

Quando a Palavra de Deus deixa de ser pregada, ouvida, ou obedecida, a “cidade da paz” começa a ser perturbada. Seus habitantes começam a viver como se não fossem redimidos, como se Deus não habitasse no meio deles. Entre os seus habitantes, multiplica-se o número dos filhos que não são redimidos, e, de fora, também são recebidos habitantes não redimidos. Enfim, os habitantes de Jerusalém passam a viver como os habitantes de Sodoma, ou de Babilônia, cidades que se tornaram símbolos de confusão, imoralidade, injustiça, mentira, extorsão e violência, tudo que se opõe ao conceito de Jerusalém, “a cidade da paz” (Apocalipse 11.8; 14.8).

Isso tudo aconteceu com a Jerusalém, capital de Israel e Judá.  Havendo subestimado a Palavra de Deus, estando a cidade e seu reino em avançada apostasia, e dominados por falsos profetas e mestres, que exerciam seus ofícios por lucro (Jeremias 613-14; Ezequiel 34.1-4), por isso, “mercadejavam a Palavra de Deus” (2 Coríntios 2.15-17), mesmo assim, Deus enviou profetas, como Jeremias e Ezequiel.

Estes profetas foram enviados para chamar Jerusalém ao arrependimento. Entretanto, rejeitando definitivamente a Palavra de Deus, embora tenha sido extremamente doloroso para Deus, que ama Jerusalém; por fim, a “cidade da paz” recebeu o mesmo tratamento ou juízo de qualquer cidade ímpia (Lamentações 4.6,11).

Não podemos ignorar a profunda relação entre Jerusalém e a Igreja. Os fatos marcantes da história de Jerusalém ficaram registrados nas Escrituras Sagradas para instrução e advertência da Igreja, para que sejam evitados os erros e sofrimentos de Jerusalém (Israel e Judá).

A Igreja (ou as igrejas) da Nova Aliança não serão tratadas de modo diferente de Jerusalém. Deus ama a sua Igreja, e não admite seu flerte e sedução pelo pecado, ou qualquer forma de idolatria. As cartas “às igrejas que se encontram na Ásia” (Apocalipse 1.4) confirmam que:
§  O Senhor poderá remover “o candeeiro” da igreja que abandonar o seu “primeiro amor” (Apocalipse 2.1-7);
§  Contra os membros da igreja que se envolvem com doutrinas que permitem ou promovem idolatria e prostituicão, o Senhor pelejará com a “espada” de sua “boca” (Apocalipse 2.12-17), podendo agravar este juízo também com enfermidades, tribulações e morte (Apocalipse 2.18-29);
§  Contra a igreja morta, certamente pelo predomínio do pecado, mesmo que tenha aparência de viva, o Senhor poderá executar um juízo repentino e definitivo (Apocalipse 3.1-5);
§  Contra a igreja que pensa ser rica, abastada e auto-suficiente, mas é infeliz, miserável, pobre, cega e nua, o Senhor chama ao auto-exame, ao arrependimento e à comunhão consigo; pois ele a disciplina; porque a ama (Apocalipse 3.14-22).

Os juízos contra Jerusalém (Israel e Judá) somente foram finalmente executados porque a cidade desprezou a Palavra de Deus e não se arrependeu. Igualmente, os juízos contra a Igreja, ou igrejas, somente são executados caso não haja arrependimento, caso não ouçam o que “o que o Espírito diz às igrejas” (Apocalipse 2.5-7,11,16-7,29; 3.6,13,22); pois sempre que há verdadeiro arrependimento, segue-se reforma e avivamento.

Eventuais juízos de Deus contra sua amada Igreja jamais ameaçam a sobrevivência da Igreja, ao contrário, a garantem. Quando parte da Igreja subestima o ministério da Palavra de Deus, que envolve e requer a fiel pregação, a cuidadosa admissão à santa ceia e a disciplina de seus membros, Deus o faz diretamente, chamando e enviando fiéis pregadores, que em tal contexto são minoria; se estes não são ouvidos, então Deus começa a executar diretamente seus juízos.

Os juízos ou disciplina de Deus, quer venham pela repreensão mediante a fiel pregação da Palavra, quer venham por outra ação da própria Igreja, quer pela direta ação de Deus, sempre visam o arrependimento de todos, se não, a preservação de um resto fiel (Apocalipse 2.24-29; 3.4-6). Como a videira quando é podada, a Igreja, quando é limpada pela Palavra, mantém-se ou torna-se saudável, e frutifica (João 17.1-3).

Ao anunciar juízo sobre o reino de Jerusalém, Deus prometeu preservar um resto fiel, o “toco”, como de uma grande árvore derrubada, e fazer deste uma “santa semente”, para o renascimento da cidade e seu reino (Isaías 6.8-13). Da mesma forma, sempre, em qualquer tempo ou lugar, como prometido, e também já testemunhado pela história, se o Senhor vier em juízo contra parte de sua Igreja, por maior que seja esta, sempre deixará, no mínimo um “toco”, uma “santa semente”, que novamente crescerá e frutificará, para a glória de Deus, o todo-poderoso Redentor.

E, ainda que a Igreja na Terra seja relativamente pequena, quanto o Senhor Jesus Cristo voltar em glória, esta Jerusalém terrena se encontrará com a Jerusalém celeste; e, como uma multidão inumerável reinará eternamente em “Novo Céu e Nova Terra”, sob “o trono de Deus e do Cordeiro” (Apocalipse 22.1-5). Aleluia!