Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide, Solus Christus, Soli Deo Gloria

Friday 6 February 2015

É o Evangelho das Sagradas Escrituras o Que Vem Sendo Pregado Hoje?

Deixando de lado o descarado comércio da fé que usa a promessa de cura das enfermidades como promoção para reunir pessoas e que a estas promete solução de todos os problemas e o sucesso financeiro em troca do dízimo, consideremos uma forma bastante polida ou “politicamente correta” de pregar um “outro evangelho” que tem substituído o “Evangelho”.

Este “outro evangelho” parece uma tentativa sincera de fazer Jesus Cristo relevante para presente geração, e um bem intencionado desejo de fazer a Igreja retomar o seu crescimento. A Reforma do século XVI foi um bem sucedido esforço no sentido de libertar o Evangelho do peso das tradições humans acumuladas, especialmente durante a Idade Média. A Reforma foi um trabalho de retirada ou extração de inúmeros dogmas religiosos, criados pela tradição e incorporados ao Evangelho.

Porém, o que se pretende hoje é retirar do Evangelho seu conteúdo essencial, encontrado somente nas Escrituras Sagradas. A razão desta  redefinição do Evangelho é que parte de seu conteúdo é inaceitável ao homem contemporâneo.
Recentemente, lendo um manual que visa estimular e habilitar pessoas a dar o testemunho de sua fé em Jesus Cristo, cujo título é “Bursting Your Bubble”, ou seja, “Estourando a Sua Bolha”, observei a proposta de uma dramática mudança no conteúdo do Evangelho.

Segundo Esse Outro Evangelho, Pecado é não ser Perfeito.

Neste manual encontrei o seguinte conselho: “evitar o uso de palavras bíblicas (Evangeliquês)* como salvo, convertido, ou pecado” (pagina 5).

Além do pernicioso conselho para evitar palavras que foram inspiradas por Deus para comunicar o Evangelho, o manual redefine o conceito bíblico de pecado “... por definição, somos todos pecadores porque não somos perfeitos” (página 39)

Entretanto, a Bíblia claramente define pecado como “trangressão da lei” (1 João 3.4), isto é da eterna e imutavel Lei de Deus que, em princípio, foi comunicada na forma de Dez Artigos ou Mandamentos, e pode ainda ser resumidada em dois (Mateus 22.34-40):
1.    Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. 
2.    Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

Na Bíblia, pecadores não são descritos como imperfeitos. Ao contrário, as Escrituras afirmam que o homem foi criado por Deus “reto (justo), mas ele (o homem) buscou muitas invenções”, isto é malignas invenções. Portanto, o homem foi criado perfeito, mas por sua própria responsabilidade, vontade e ação perdeu a perfeição ou retidão original.  Algo pode ser imperfeito, entretanto essencialmente bom; como perfeito é 100%, completamente sem defeito; porém, 90%, embora não seja perfeito, é muito bom.

Entretanto, ao referir-se ao homem, pecador, e tendo a sua relação com Deus quebrada pela própria escolha do homem, a Bíblia trata-o, não como 90% ou 70% bom, nem mesmo como 50% bom; as Escrituras Sagradas declaram que o homem é 100% mau, corrompido (Romanos 3.9-18).

A idéia de que “somos pecadores porque somos imperfeitos” é compatível com o conceito evolucionista que permeia pensamento contemporâneo, porém é totalmente estranho às Escrituras. Em Gênesis 6.4 lemos: “E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente.

Segundo Esse Outro Evangelho,O Homem merece Ser feliz.

Evitando falar sobre pecado, especialmente evitando a correta definição de pecado, sua gravidade e terríveis consequências, na nova proposta evengelística, Jesus ou Cristo passa a ser a solução ou terapia para certas indesejáveis “emoções” humanas como “ira, resentimento, temor, culpa, materialismo e necessidade de aprovação”, como é possível inferir do referido manual  (paginas 16-17).

Este manual destinado a promover evangelismo também adiciona: “... como cristão, você tem o poder do Espírito Santo para ajudar você a lidar com elas (aquelas emoções idesejáveis) página 16; e mais: “... ser Cristão signifca que podemos contar Deus para obter graça e força”, página 17.

Porém, a Bíblia afirma que o homem necessita, não de um remédio ou terapia para corrigir uma deficiência, não de um poder extra para realizar suas potencialidades, mas do poder de Deus que ressucita mortos espiritualmente (Efésios 2.5), que amolece corações de pedra (Ezequiel 36.26).

Conforme as Escrituras Sagradas, a possibilidade do homem ser feliz não é uma questão de merecimento humano, mas exclusivamente da misericórdia divina; pois está escrito: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Romanos 6.23); e mais: Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)… (Efésios 2.4-5)

Portanto, o que o homem merece, não é ser feliz, mas a morte, eterno banimento da presence e comunhão com Deus. Isto não soa simpático, atraente ou “politicamente correto”; contudo é isto o que as Escrituras Sagradas afirmam.

O Evangelho das Escrituras Sagradas é o anúncio de que “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores” (1 Timóteo 1.15); isto é, transgressores da Lei, que merecem, não a felicidade, mas a morte, o banimento da presença de Deus.

Segundo Aquele Outro Evangelho, Jesus Cristo É um Necessário Complemento para que o Homem Seja Perfeito e Feliz.

Evitando a definição bíblica de pecado, e interpretando erradamente Efésios 2.8, o mencionado guia de evangelismo afirma: “Deus deu o seu Filho como um presente para que tenhamos a vida eterna.  Mas, nós precisamos aceitar este presente, antes que sejamos beneficiados por ele. Exatamente como um presente de aniversário, você prescisa aceitá-lo ou ele será inútil”, página 39.

Como o guia se recusa a considerar seriamente (biblicamente) o pecado, não há orientação a um chamado do homem ao arrpendimento, mas simplesmente um apelo à fé em Jesus.

O Evangelho bíblico é para pecadores, homens que precisam ser salvos, mas que precisam reconhecer a gravidade e malignidade do pecado (transgressão da Lei), pecadores que precisam mais (e antes) do que simplesmente desejar felicidade, precisam se arrepender dos seus próprios pecados.

O Evangelho das Escrituras não um presente de Deus para para “inocentes ou bons meninos e meninas”, é perdão a homens e mulheres que são maus, e que subverteram ou arruinaram a Criação Deus, homens e mulheres que invejam, mentem, traem, roubam e matam.

Sem considerar a gravidade do pecado e suas consequências, esse outro evangelho não ofende nem humilha qualquer pecador, na verdade áte agrada. Porém, tal evangelho produz um tipo de cristão que não entende e não tem a devida apreciação pela justiça de Deus, e, consequentemente, nem pela graça de Deus. Para tais cristãos, a morte de Jesus Cristo não tem a devida relevância, a relevância que as Escrituras Sagradas lhe atribuem; pois, este outro Evangelho em que cretram subestima a cruz e o sangue de Jesus Cristo, em completa oposição às Escrituras Sagradas (Isaías 53.4-5; Mateus 26.27-28; João 1.29; Romanos 3.21-26; 1 Coríntios 2.2; Gálatas 6.14; 1 Pedro 1.18-19; Apocalipse 5.9-10)

Sem a cruz (morte ou sangue) de Jesus Cristo Deus não poderia fazer nada por pecadores, a não ser dar-lhes o que merecem, a morte eterna. Porém, mediante a morte ou sangue de Jesus Cristo (que também ressuscitou), Deus pode perdoar, salvar e dar a vida eterna ao mais abominável pecador.

Que evangelho você tem ouvido hoje? Qual será o evangelho pregado às próximas gerações? O Evangelho de toda a Escritura, dos Profetas do Antigo Testamento e Apóstolos do Novo Testamento, ou o evangelho “politicamente correto” deste século? Se continuarmos ouvindo passivamente um falso evangelho, a próxima geração não cohecerá o Evangelho do qual, como o apóstolo Paulo, não podemos nos envergonhar, o único que é o “poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1.16)


* Evangeliquês é uma palavra criada para referir-se a palavras, chavões ou frazeado tipicamente evangélico – a palavra utilizada no referido manual foi “Christianese”)