Deixando de lado o
descarado comércio da fé que usa a promessa de cura das enfermidades como
promoção para reunir pessoas e que a estas promete solução de todos os problemas
e o sucesso financeiro em troca do dízimo, consideremos uma forma bastante
polida ou “politicamente correta” de pregar um “outro evangelho” que tem
substituído o “Evangelho”.
Este “outro
evangelho” parece uma tentativa sincera de fazer Jesus Cristo relevante para
presente geração, e um bem intencionado desejo de fazer a Igreja retomar o seu crescimento.
A Reforma do século XVI foi um bem sucedido esforço no sentido de libertar o
Evangelho do peso das tradições humans acumuladas, especialmente durante a
Idade Média. A Reforma foi um trabalho de retirada ou extração de inúmeros
dogmas religiosos, criados pela tradição e incorporados ao Evangelho.
Porém, o que se
pretende hoje é retirar do Evangelho seu conteúdo essencial, encontrado somente
nas Escrituras Sagradas. A razão desta
redefinição do Evangelho é que parte de seu conteúdo é inaceitável ao
homem contemporâneo.
Recentemente, lendo
um manual que visa estimular e habilitar pessoas a dar o testemunho de sua fé
em Jesus Cristo, cujo título é “Bursting Your Bubble”, ou seja, “Estourando a
Sua Bolha”, observei a proposta de uma dramática mudança no conteúdo do
Evangelho.
Segundo Esse Outro
Evangelho, Pecado é não ser Perfeito.
Neste manual
encontrei o seguinte conselho: “evitar o uso de palavras bíblicas (Evangeliquês)*
como salvo, convertido, ou pecado” (pagina 5).
Além do pernicioso
conselho para evitar palavras que foram inspiradas por Deus para comunicar o
Evangelho, o manual redefine o conceito bíblico de pecado “... por definição,
somos todos pecadores porque não somos perfeitos” (página 39)
Entretanto, a Bíblia claramente define pecado como “trangressão
da lei” (1 João 3.4), isto é da eterna e imutavel Lei de Deus que, em
princípio, foi comunicada na forma de Dez Artigos ou Mandamentos, e pode ainda
ser resumidada em dois (Mateus 22.34-40):
1. Amarás
o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o
teu pensamento.
2.
Amarás o teu próximo como
a ti mesmo.
Na Bíblia, pecadores
não são descritos como imperfeitos. Ao contrário, as Escrituras afirmam que o
homem foi criado por Deus “reto
(justo), mas ele (o homem) buscou muitas invenções”, isto é malignas invenções.
Portanto, o homem foi criado perfeito, mas por sua própria responsabilidade,
vontade e ação perdeu a perfeição ou retidão original. Algo pode ser imperfeito, entretanto
essencialmente bom; como perfeito é 100%, completamente sem defeito; porém,
90%, embora não seja perfeito, é muito bom.
Entretanto, ao
referir-se ao homem, pecador, e tendo a sua relação com Deus quebrada pela
própria escolha do homem, a Bíblia trata-o, não como 90% ou 70% bom, nem mesmo
como 50% bom; as Escrituras Sagradas declaram que o homem é 100% mau,
corrompido (Romanos 3.9-18).
A idéia de que
“somos pecadores porque somos imperfeitos” é compatível com o conceito
evolucionista que permeia pensamento contemporâneo, porém é totalmente estranho
às Escrituras. Em Gênesis 6.4 lemos: “E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara
sobre a terra e que toda imaginação dos pensamentos de seu coração era só má
continuamente.”
Segundo Esse Outro
Evangelho,O Homem merece Ser feliz.
Evitando falar sobre
pecado, especialmente evitando a correta definição de pecado, sua gravidade e
terríveis consequências, na nova proposta evengelística, Jesus ou Cristo passa
a ser a solução ou terapia para certas indesejáveis “emoções” humanas como
“ira, resentimento, temor, culpa, materialismo e necessidade de aprovação”,
como é possível inferir do referido manual (paginas 16-17).
Este manual
destinado a promover evangelismo também adiciona: “... como cristão, você tem o
poder do Espírito Santo para ajudar você a lidar com elas (aquelas emoções
idesejáveis) página 16; e mais: “... ser Cristão signifca que podemos contar
Deus para obter graça e força”, página 17.
Porém, a Bíblia
afirma que o homem necessita, não de um remédio ou terapia para corrigir uma
deficiência, não de um poder extra para realizar suas potencialidades, mas do
poder de Deus que ressucita mortos espiritualmente (Efésios 2.5), que amolece
corações de pedra (Ezequiel 36.26).
Conforme as
Escrituras Sagradas, a possibilidade do homem ser feliz não é uma questão de
merecimento humano, mas exclusivamente da misericórdia divina; pois está
escrito: “Porque o salário do pecado
é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso
Senhor.” (Romanos 6.23); e mais: Mas Deus, que é riquíssimo em
misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando
nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela
graça sois salvos)… (Efésios 2.4-5)
Portanto, o que o homem merece, não é ser feliz, mas a
morte, eterno banimento da presence e comunhão com Deus. Isto não soa simpático,
atraente ou “politicamente correto”; contudo é isto o que as Escrituras
Sagradas afirmam.
O Evangelho das
Escrituras Sagradas é o anúncio de que “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar
os pecadores” (1 Timóteo 1.15); isto é, transgressores da Lei, que merecem,
não a felicidade, mas a morte, o banimento da presença de Deus.
Segundo Aquele Outro
Evangelho, Jesus Cristo É um Necessário Complemento para que o Homem Seja
Perfeito e Feliz.
Evitando a definição
bíblica de pecado, e interpretando erradamente Efésios 2.8, o mencionado guia de
evangelismo afirma: “Deus deu o seu Filho como um presente para que tenhamos a
vida eterna. Mas, nós precisamos aceitar
este presente, antes que sejamos beneficiados por ele. Exatamente como um
presente de aniversário, você prescisa aceitá-lo ou ele será inútil”, página 39.
Como o guia se
recusa a considerar seriamente (biblicamente) o pecado, não há orientação a um
chamado do homem ao arrpendimento, mas simplesmente um apelo à fé em Jesus.
O Evangelho bíblico é
para pecadores, homens que precisam ser salvos, mas que precisam reconhecer a
gravidade e malignidade do pecado (transgressão da Lei), pecadores que precisam
mais (e antes) do que simplesmente desejar felicidade, precisam se arrepender
dos seus próprios pecados.
O Evangelho das
Escrituras não um presente de Deus para para “inocentes ou bons meninos e
meninas”, é perdão a homens e mulheres que são maus, e que subverteram ou
arruinaram a Criação Deus, homens e mulheres que invejam, mentem, traem, roubam
e matam.
Sem considerar a
gravidade do pecado e suas consequências, esse outro evangelho não ofende nem
humilha qualquer pecador, na verdade áte agrada. Porém, tal evangelho produz um
tipo de cristão que não entende e não tem a devida apreciação pela justiça de
Deus, e, consequentemente, nem pela graça de Deus. Para tais cristãos, a morte de
Jesus Cristo não tem a devida relevância, a relevância que as Escrituras
Sagradas lhe atribuem; pois, este outro Evangelho em que cretram subestima a
cruz e o sangue de Jesus Cristo, em completa oposição às Escrituras Sagradas (Isaías
53.4-5; Mateus 26.27-28; João 1.29; Romanos 3.21-26; 1 Coríntios 2.2; Gálatas
6.14; 1 Pedro 1.18-19; Apocalipse 5.9-10)
Sem a cruz (morte ou
sangue) de Jesus Cristo Deus não poderia fazer nada por pecadores, a não ser
dar-lhes o que merecem, a morte eterna. Porém, mediante a morte ou sangue de
Jesus Cristo (que também ressuscitou), Deus pode perdoar, salvar e dar a vida
eterna ao mais abominável pecador.
Que evangelho você
tem ouvido hoje? Qual será o evangelho pregado às próximas gerações? O
Evangelho de toda a Escritura, dos Profetas do Antigo Testamento e Apóstolos do
Novo Testamento, ou o evangelho “politicamente correto” deste século? Se
continuarmos ouvindo passivamente um falso evangelho, a próxima geração não
cohecerá o Evangelho do qual, como o apóstolo Paulo, não podemos nos
envergonhar, o único que é o “poder de Deus para a salvação de todo aquele que
crê” (Romanos 1.16)
* Evangeliquês é uma
palavra criada para referir-se a palavras, chavões ou frazeado tipicamente
evangélico – a palavra utilizada no referido manual foi “Christianese”)