A história da Igreja em qualquer época ou lugar é uma
história de conquista de gente através da mensagem do Evangelho. Em qualquer
lugar, mediante a perseverante pregação do Evangelho, que depois de ser
positivamente respondida por uma minoria e enfrentar resistência da maioria, a
Igreja se estabelece e cresce; às vezes, ela cresce constante e vagarosamente,
outras vezes, em um surpreendente e
veloz movimento.
Isso aconteceu em muitas cidades no passado, entre
muitos povos e nações, e continua acontecendo hoje. Em somente algumas decadas, como em nossas
mais recentes, talvez não seja perceptível um grande avanço e crecimento da
Igreja; mas certamente a Igreja continua crescendo em lugares onde ela ainda é
numericamente modesta, de modo que no futuro, tal noção de crescimento se tornará
parte da história. Além disso, a história também já presenciou grandes
avivamentos em lugares onde a Igreja esteve à beira da morte.
Portanto, até à gloriosa volta do Senhor Jesus Cristo
poderemos ver a Igreja alcançar cidades e nações não alcançadas, vê-la
renascer, onde haja aparentemente morrido. Não há razão para perdermos tal
esperança; não podemos perder tal esperança. Devemos dedicar nossas vidas ao
Senhor para que isto continue acontecendo; pois, afinal, é por isto que o
Senhor mantêm parte de sua Igreja na Terra, concede a cada um de seus filhos
certo número de anos neste mundo, e ainda não voltou para estabelecer o seu
vitorioso e glorioso reino em “Novos Céus e Nova Terra”.
Portanto, para contribuir para o renascimento da
Igreja, onde ela esteja doente e prestes a morrer, precisamos fazer diferença
entre a Igreja e seu ambiente Cristianizado. Podemos dizer que o mundo
ocidental é um mundo cristianizado, assim como é também parte do mundo
oriental. Quando a Igreja penetra poderosamente em uma sociedade, isto é, não por
imposição ou dominação política ou cultural, mas pela simples pregação e ensino
da Palavra de Deus, ela transforma significativamente aquela sociedade. Males
sociais e até aspectos culturais pecaminosos são abandonados. Assim, o que da
perspectiva teológica é descrito como uma grande manifestação da graça
redentiva de Deus, por meio da pregação do Evangelho e uma poderosa obra
transformadora do Espírito Santo; da perspectiva sociológica pode ser descrito
como uma cristianização de uma determinada sociedade.
Esta cristianização pode ser definida como pensamentos
(perspectivas), práticas, costumes e estilo de vida, profundamente marcados
pela pessoa e ensino de Jesus Cristo, como os vemos respectivamente retratado
nos Evangelhos e comunicado tanto nos Evangelhos como nos demais livros do Novo
Testamento.
Por algum tempo pode ser difícil e até inútil tentar
distinguir a Igreja daquela sociedade cristianizada, devido ao grande número de
pessoas regeneradas naquele específico ambiente. Entretanto, a Igreja está
sempre sujeita à apostasia (afastamento da fé que a estabeleceu em determinado
tempo e lugar); isto é, algumas conversões superficiais que depois manifestam
sua verdadeira natureza, e gerações posteriores que não abraçam a fé genuína de
seus antepassados. É assim que a verdadeira Igreja deixa de corresponder à
sociedade cristianizada a que deu orígem; a verdadeira Igreja diminui, mas a
sociedade permanece cristianizada.
Entretanto, com o passar do tempo (de algumas
gerações) aquela sociedade cristianizada pela chegada da Igreja no poder
transformador do Evangelho, também vai perdendo suas características cristãs; o
modo de pensar e de viver influenciado e determinado pela Palavra de Deus, dá
lugar um modo de pensar e de viver determinado pelo pecado. De fato aquela
sociedade, que um dia foi Teocêntrica ou Cristocêntrica, vai perdendo tal
característica e se tornando “pagã” como fora antes da poderosa conquista pela
Evangelho; o termo cunhado para designar este fenômeno em nossos dias é “neo-paganismo”,
que é a corrupção do cristianismo pela volta ao passado não cristão. O grande
problema é que agora essa sociedade nunca mais será uma sociedade completamente
pagã; ela terá traços superficiais de cristianismo, mas, no seu âmago, será radicalmente
pagã. Infelizmente, o processo de apostasia que dá origem a este “paganismo
cristianizado” pode ser muito rápido.
Os cristãos, “nascidos de novo em Cristo”, precisam
estar atentos para esta realidade. Os chamados Protestantes e Evangélicos não
têm dificuldades em reconhecer o paganismo do Catolicismo Romano. Entretanto,
em geral, são incapazes de reconhecer o paganismo protestante ou evangélico; e
este já é uma relidade antiga na Europa protestante, e um pouco mais recente na
América do Norte e América Latina, especialmente no Brasil.
Ninguém faz parte da Igreja simplesmente porque faz
parte de uma sociedade cristianizada. Somos parte da Igreja se somos membros de
uma verdadeira igreja do Senhor Jesus Cristo. Alguém que havendo ouvido a
pregação do Evangelho, entendeu e creu, não é parte da Igreja, se se recusar a
obedecer a ordenança de Cristo de receber o batismo e tomar parte na comunhão
em uma verdadeira igreja de Cristo (Mateus 28.18-20).
Aquele que crê em Jesus Cristo e é batizado (Atos
2.37-39) juntamente os filhos que não estão em idade capaz de recusar o batismo
(Atos 16.14-15, 30-34) são membros da Igreja de Cristo, se pemanecem na
comunhão em uma verdadeira igreja. Embora não tenhamos autoridade para separar
a ordem de Crer, Ser Batizado e Tornar-se Membro da Igreja (além de significar
purificação dos pecados – Atos 22.16, regeneração ou novo nascimento – Romanos
6.4; Tito 3.4-6, o batismo significa também tornar-se membro da Igreja – 1
Coríntios 12.13), é pelo Crer que o homem é salvo. Não é, de modo algum, por
ser Batizado e Ser Membro de uma Igreja que alguém seja salvo, mas somente pela
fé em Jesus Cristo.
Entretanto, alguém que, por mero comodismo e negligência
pessoal, insatisfação (justificada ou não) com sua igreja, ou até mesmo por apostasia
da igreja, passa a viver fora de uma fiel igreja de Jesus Cristo, este mesmo se
coloca fora do lugar onde “o Senhor ordena a sua bênção e a vida para sempre”
(Salmos 133), fora do governo pastoral da Igreja, cuja Cabeça ou Supremo Pastor
é Cristo (Efésios 5.22-32), onde Deus distribuiu os dons que são inntrumentos
da santificação ou aperfeiçoamento da Igreja (Efésios 4.1-16).
Assim como a Europa e América do Norte estão cheios de
cristãos em igrejas apóstatas e cheios de cristãos fora de qualquer igreja; o
Brasil também está se tornando um país assim. Portanto, o mundo ocidental é um
mundo cristianizado, com uma Igreja que vem se tornando relativamente pequena.
Contudo, uma igreja pequena não é necessariamente uma
igreja fraca. Uma igreja pode ser muito grande, e ser apóstata, morta. Uma
igreja pequena, mas fiel, é uma igreja forte. Não é por meio de uma igreja
forte numérica, econômica e politicamente que Deus faz progredir a sua obra
redentiva no mundo e na história, mas por uma igreja fiel e seus membros, crentes
fiéis (Juízes 7.1-7; 2 Crônicas 16.9).
Cristãos que estão, contra o mandato de Jesus Cristo,
permanecendo em igrejas apóstatas ou simplemente abandonando igrejas
enfraquecidas ou até doentes, se acomodando ou optando por viverem fora de uma
fiel igreja do Senhor Jesus Cristo, talvez se surpreendam ao ler isto, mas
estão se colocando ao lado de Satanás, lutando contra a Igreja de Jesus Cristo.
É bom ver que, tanto nos Estados Unidos como no Brasil
(grandes nações cristianizadas), há um movimento, pequeno, porém, cada vez mais
visível, de crestes que não estão se conformando à apostasia em suas igrejas,
mas também não admitem estar fora de uma fiel igreja de Cristo. Estes estão
buscando uma Reforma bíblica em suas igrejas, ou estão buscando igreja
Reformadas, segundo as Escrituras.
Que estes crentes e estas igrejas que buscam a Reforma
conforme (com a forma de) a Palavra de Deus sejam humildes e cheios de compaixão
pelo povo de Deus na Terra; que estes não se tornem arrogantes, mas se tornem
padrões de fidelidade doutrinária, amor e humildade, para que sejam
instrumentos de Deus na promoção de Reforma e Reavivamento, em meio a este
grande desafio que são as sociedades meramente cristianizadas, no caminho de
volta a uma espécie de neo-paganismo cristianizado.
Uma fiel igreja de Cristo não é uma igreja perfeita,
impecável, é uma igreja que diligentemente busca a perfeição e incansavelmente
luta contra o pecado. Uma fiel igreja de Jesus Cristo é uma igreja que
fielmente prega e ensina toda a Escritura Sagrada, e fielmente administra o
Batismo e a Santa Ceia aos seus membros, o que não é possível sem a fiel
disciplina cristã.
Ninguém se engane; cristãos fora de uma fiel igreja de
Jesus Cristo estão em ignorante ou acintosa desobediência a Cristo (Hebreus
10.25). Podem até pensar que estão na Igreja de Cristo, quando na verdade são
somente parte de uma declinante sociedade cristianizada.
Portanto, você leitor, se está em uma igreja apóstata
saia dela, não perca seu tempo; a apostasia consumada é irreversível (Hebreus
6.4-8). Se você está em uma igreja em processo de afastamento da Palavra de
Deus, trabalhe pela Reforma e ore por Reavivamento . Porém, jamais cogite da
possibilidade de ficar fora de uma verdadeira igreja do Senhor Jesus Cristo;
isto certamente seria destruidor para a sua vida espiritual e devastador para a
sua família e as futuras gerações; porque é uma decisão absolutamente contrária
ao ensino e ordenança de nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo.