Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide, Solus Christus, Soli Deo Gloria

Friday 12 June 2015

POR QUE CADA CRENTE EM JESUS CRISTO DEVE SER MEMBRO DE UMA FIEL IGREJA CRISTÃ?

“Não é bom que o homem esteja só”; foi Deus quem disse isto pela primeira vez, e logo depois criou a mulher. O homem foi criado com grande aptidão para a vida social, seja no casamento, família, vizinhança, cidade ou nação. Porém, a causa mais fundamental de todos os conflitos humanos é a rebelião do homem contra Deus, a natureza pecaminosa escolhida, herdada e alimentada pelo próprio homem.

As Escrituras Sagradas (a Bíblia), que nos fornecem o conehcimento acima, sobre a Criação  e Queda do homem, também apresentam Jesus Cristo como o único Mediador entre Deus e os homens, o único capaz de reconciliar o homem pecador com o Deus Justo e Santo (2 Coríntios 5.18-21). Como uma imediata conseqüência do estabelecimento de nosso santo e amoroso relacionamento com Deus, nós também percebemos a importância e desejamos um santo e amoroso relacionamento com o próximo (Efésios 2.11-22). Uma grande melhora em nosso relacionamento com o próximo de modo geral é possível e desejável (Romanos 12.18), e facilita (pode ensejar ou criar opotunidade) à pregação do Evangelho. Entretanto, a unidade e harmonia na Igreja (em cada congregação) são, além de possíveis e desejáveis, absolutamente essenciais para o testemunho de que Igreja deve dar no mundo (Jão 17.14-23).

O Evangelho de Jesus Cristo une pessoas com Deus e consequentemente une pessoas separadas, e as une de tal forma que isto transcende os limites de sangue, nacionalidade, língua ou classe. E a mais convincente forma em que este poder redentivo do Evangelho se manifesta é no modelo Neo-Testamentário da Igreja onde indivíduos e famílias se congregam independentemente de sangue, nacionalidade, língua ou classe.

A Igreja é uma nação universal, gerada em Cristo Jesus, uma nação espiritual presente e espalhada na Terra, entre as nações étnicas.  A Igreja é caracterizada, não por cultura, língua ou sangue, mas pela fé em Jesus Cristo, e o “novo nascimento” para o “reino de Deus” (João 3.1-15).

Em seu ministério público, Jesus reuniu discípulos, com os quis mantinha relacionamente intenso. Jesus andava com seus discípulos, ouvia-os e ensinava-lhes de forma regular e sistemática. Jesus também falou de reuniões em seu nome, prometendo se fazer espiritualmente presente nestas (Mateus 18.20).

Ao falar com seus discípulos a respeito de sua volta ao trono celestial, junto com o Pai, e, por isso, de sua temporária ausência visível (física) na Terra (João 14), Jesus também, prometeu enviar o Espírito Santo, para permanentemente habitar com eles (João 14.16-20), contituindo-os permanentemente Igreja ou igrejas de Jesus Cristo na Terra.

Entre a sua ressurreição e ascensão, de volta ao Céu, Jesus ordenou aos seus discípulos que continuamente fizessem outros  “discípulos de todas as nações” e (Mateus 28.18-20):
§   Ordenou que batizassem os novos discípulos “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito santo”  – o batismo representa o nascimento espiritual, para a nação espiritual (não étnica), o reino de Deus;
§   Ordenou que ensinassem os novos discípulos a viverem como discípulos de Jesus;
§   Prometeu estar com os seus discípulos neste processo de crescimento como uma nação espiritual e universal, o crescimento do reino de deus na Terra, “até a consumação dos séculos”, até que esta missão esteja completamente cumprida.

É impossível não ver uma Igreja universal e, ao mesmo tempo, um incontável número de igrejas entre as nações étnicas, nesta Grande Comissão do Senhor Jesus Cristo. Portanto, a Obra Redentiva de Deus em Cristo Jesus visa a formação de uma Igreja Universal, contituída de necessárias igrejas locais. Esta Igreja formada de discípulos que continuamente fazem novos discípulos também continuará existindo na Terra até a “consumação dos séculos”. Enquanto isto, uma Igreja vencedora vai crescendo no Céu, na medida em que morrem os membros da Igreja na Terra. Na “consumação dos séculos”, a Igreja no Céu descerá e se juntará à Igreja na Terra, em  “Novos Céus e Nova Terra”, sob o governo universal e visível de Jesus Cristo.

Antes de sua morte e ressurreição, Jesus ordenou aos seus discípulos a Santa Ceia (Mateus 26.26-29). Ela representa a comunhão dos crentes em Jesus Cristo como uma família que partilha uma única mesa. Pelo sangue (morte) de Jesus Cristo, representado no vinho, os nossos pecados são apagados (eliminados), e nossa comunhão com Deus é estabelecida, gantida e mantida (Romanos 4.24-5.1; 1 João 1.7); nos tornamos filhos de Deus, e os que crêem formam uma irmandade. Esta irmandade se reune regularmente para se alimentar do Pão Vivo – Jesus Cristo (João 6.33-35), na pregação da Palavra de Deus (Mateus 4.4) ; o que também é representado no pão da Santa Ceia. Assim, santificados e fortalecidos, os filhos de Deus podem cumprir sua missão ou trabalho comum e contínuo na Terra – fazer “discípulos de todas as nações”.

Após a ascensão de Jesus Cristo, em obediência à própria determinação de Jesus, os discípulos ficaram em Jerusalém, aguardando o cumprimento da promessa do derramamento do Espírito Santo. Esta congregação, a princípio, se reuniu em um cenáculo, e depois se reunia frequentemente no Templo para orar e louvar a Deus.  Logo a congregação se tornou constituída de aproximadamente 120 pessoas, e sob a liderança de Pedro, elegeu apóstolo um discípulo chamado Matias, em lugar de Judas (Lucas 24.44-53; Atos 1).

Após o cumprimento da promessa do derramamento do Espírito Santo, em uma estraordinária resposta a pregação cristocêntrica feita pelo apóstolo Pedro, a congregação em Jerusalém cresceu para mais de 3000 membros, que foram logo batizados (Atos 2.37-41).

Provavelmente, outros vários cenáculos em Jerusalém e arredores abriram suas portas para hospedar as várias e contínuas reuniões em grupos menores; onde e sob a liderança dos apóstolos, crentes-discípulos eram doutrinados, exerciam a comunhão e partiam o pão (certamente incluindo a Santa Ceia) e oravam (Atos 2.41-42).

Uma tão grande congregação, constituída também de muitos não residentes em Jerusalém, não só dentre os primeiros 120 discípulos aproximadamente, mas também dentre os quase 3000 mil convertidos em face da pregação de Pedro, certamente demandava um logistica apropriada; e isto significa, além de vários locais de reuinão, uma estratégia para suprir necessidades, principalmente de alimentos. E, isto também aconteceu, não motivado por uma imposição, mas por uma alegre e amorosa disposição, comum à maioria dos crentes-discípulos de Jesus Cristo na primeira igreja da Nova Aliança, em Jerusalém. Eles, “todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum.  Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade.” (Atos 2.44-45).

Estes crentes se reuniam em casas e também no Templo de Jerusalém; a igreja ou congregação dos crentes-discípulos de Jesus Cristo era notada na cidade, especialmente por sua “alegria e singeliza de coração”, e “acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos  (Atos 2.46-47).

Os apóstolos pregavam publicamente em Jerusalém, especialmente no Templo (Atos 3); e, apesar da simpatia do povo (Atos 2.47), as autoridades religiosas judaicas, incomodadas pela pregação que anunciava, “em Jesus, a ressurreição dos mortos”, prenderam Pedro e João (Atos 4.1-3).

Pedro e João foram presos, entretanto, a igreja em Jerusalém countinuou crescendo, e logo chegou a contar com aproximadamente 5000 homens (Atos 4.4). Quando Pedro e João foram soltos, e relataram aos “irmãos” as ameaças das autoridades religiosas, a igreja demonstrou quão comprometida estava com a pregação do Evangelho em Jerusalém, louvando a Deus por haver cumprido sua promessa de Redenção em Jesus Cristo, e pedindo a Deus poder para com intrepidez continuar anunciando a Palavra do Evangelho de Jesus Cristo (Atos 4.23-31).

A congregação cresceu, e o amor, a comunhão e a graça também (Atos 4.32-35). Porém, não obstante o domínio e prevalência do amor, comunhão e graça, o pecado pecado se manifestrou naquela saudável igreja em Jerusalém; e isto era de se esperar; afinal, a Igreja na Terra, diferente da que já está no Céu, é constituída de homens e mulheres ainda passíveis de pecar.  O pecado cometido por Ananias e Safira é a falsificação de uma prática (já mencionada) não imposta, mas espontânea, que revela intensidade do amor que caracterizava a comunhão que havia na igreja em Jerusalém. O pecado de Ananias e Safira foi desprezo, descaso para com o que Deus, mediante o Espírito Santo estava operando na igreja redimida por Jesus Cristo, em Jerusalém. Ananias e Safira tentaram introduzir algo falso na igreja, onde a verdadeira obra da redenção estava se manifestando em grande poder. Eles se atreveram a mentir, não somente perante a igreja, mas perante o Espirito, Deus. Por isso foram punidos diretamente por Deus, de uma maneira incomum, como os sacerdotes que trouxeram “fogo estranho” para o Tabernáculo (Levítico 10.1-3), morte imediata.

A igreja em Jerusalém countinuou a crescer (Atos 5.14), à medida em que os apóstolos, mesmo sob ameaça das lideranças da cidade, “no Templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo” (Atos 5.17-18, 40-32).

Devido ao grande e rápido crescimento da igreja, a prática de assistir aos necessitados, especialmente de alimentos, se tornou deficiente. Então, sob a liderança dos Doze Apóstolos, entendendo que os Doze deveriam continuar se dedicando especialmente à pregação do Evangelho publicamente e ao ensino dos crentes ou discípulos, a igreja elegeu sete homens para corrigir as falhas e dar continuidade à administração das necessidades, “servir às mesas” (Atos 6.1-6). E a igreja continuou crescendo extraordinariamente (Atos 6.7).

Enfim, o ritmo do crescimento da igreja em Jerusalém foi contido, e a beleza de sua comunhão foi dissipada, não propriamente no sentido de fazer desaparecer, mas espalhar (embora não fosse este o intento dos adversários). Após o martírio de Estêvão, um dos eleitos para “servir às mesas”, e também pregador do Evangelho, uma grande perseguição veio contra a igreja em Jerusalém, que foi dispersa “pelas regiões da Judéia e Samaria (Atos7.54-8.2). Filipe, outro dentre os sete eleitos para “servir às mesas”, e pregador, como Estêvão, pregou na cidade de Samaria, e batizou os que creram, deixando estabelecida alí uma igreja (Atos 8.12), confirmada depois, por Deus, diante dos apóstolos Pedro e João,  em um derramamento do Espírito Santo, semelhante ao que antes ocorrera em Jerusalém.

Depois de pregar o Evangelho em outras diversas cidades, Filipe chegou a Cesaréia (Atos 8.40). É possível que alí, Filipe tivesse direcionado sua pregação principalmente a judeus e samaritanos; porém, logo Deus levou Pedro à casa de um gentio chamado Cornélio, também morador de Cesaréia que, havendo reunido outros vários gentios, esperava por Pedro (Atos 10.24). Pedro lhes pregou o Evangelho de Jesus Cristo (Atos 10.34-43); e, quando Pedro estava chegando ao fim de sua pregação, repentinamente, “também sobre (aqueles) gentios foi derramado o dom do Espírito Santo”, como antes havia ocorrido em Jerusalém, e depois em Samaria (Atos 10.45). Pedro não teve dúvida, “ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo” (Atos 10.48). Ao sair de Cesaréia, Pedro deixou alí uma igreja, agora constituída basicmante de gentios convertidos à fé em Jesus Cristo. Depois disto, ainda que muitos dos crentes-discípulos dispersos concentrassem seu testemunho de Jesus entre os judeus, alguns avançaram, anunciado o Evangelho de Jesus Cristo também aos gentios, até a cidade de Antioquia, da Síria (Atos 11.19-21).

Nesse tempo, apesar da perseguição e dispersão, havia em Jerusalém uma igreja numericamente mais modesta e materialmente mais pobre, porém ainda fiel, e que revelou seu compromisso com a Grande Comissão de Jesus, enviando Barnabé à cidade de Antioquia, para promover a organização e consolidação da igreja (Atos 11.22-24). Em Jerusalém, Barnabé já havia promovido a aproximação entre os apóstolos e Saulo, outrora duro perseguidor da Igreja, então convertido à fé em Jesus Cristo (Atos 8.1; 9.1, 17-20, 26-27). Trabalhando em Antioquia, Banabé foi a Tarso e trouxe Saulo para ajudá-lo em Antioquia, e alí permaneceram um ano ensinando e pregado (Atos 11.25-26). A igreja em Antioquia, ao saber dos sofrimentos da igreja em Jerusalém e Judéia, enviou ajuda (Atos 11.27-30), e depois tornou-se um importante centro de atividades missionárias (Atos 13.1-3).

A partir de então, Paulo e seus companheiros, em diversas cidades, pregaram o Evangelho, batizavam os crentes e suas famílias (Atos 16.11-15, 27-33), e organizavam igrejas com os seus presbíteros que haveriam de substituir os Apóstolos, se dedicando ao ministério da pregação e ensino da Palavra, e seus diáconos que deveriam “servir às mesas”, como os “sete” eleitos antes en Jerusalém (1 Timóteo 3.1-13).

Concluindo, cada crente deve ser membro de uma fiel Igreja de Jesus Cristo; porque igreja não é uma invenção do homem é um eterno propósito de Deus, uma instituição de Jesus Cristo (Mateus 16.18; 1 Pedro 2.4-10), uma consequência, resultado ou fruto, necessário e inseparável, da obra da Redenção que Deus está realizando entre as nações. 

Cada crente deve ser membro de uma fiel Igreja de Jesus Cristo; também porque, para o pecador, ser redimido ou salvo significa e implica em entrar e participar imediatamente na comunhão dos filhos de Deus na Terra. Porque deveria alguém que despreza a comunhão do filhos de Deus na Terra, esperar que participará da comunhão dos filhos de Deus no Céu?

Se alguém professa fé em Jesus Cristo, mas deliberadamente se mantém fora, afasta-se, ou conserva-se na periferia da Igreja (e mais especificamente de uma fiel congregação local da Igreja universal de Cristo), sua profissão de fé é falsa; pois o Evangelho de Jesus Cristo é o Evangelho da reconciliação dos homens com Deus (2 Coríntios 5.19). Manter-se fora, afastar-se, ou conservar-se na periferia da Igreja é rejeitar ou desprezar a ordenança de Jesus quanto ao batismo e Santa Ceia, o significado e eficácia destes.

Não é possível que alguém, de fato, creia em Jesus Cristo e seja a lheio e indiferente à missão, sofrimentos, perigos  e necessidades da Igreja, que Jesus ama e resgatou com o seu precioso sangue (Efésios 5.25; 1 João 3.16).

Nota: Brevemente publicaremos a continuação desta matéria, respondendo as seguintes perguntas:
Por que uma “fiel” Igreja?
O que caracteriza uma igreja infiel?
Como evitar que uma igreja se torne infiel?
Como restaurar uma igreja que se tornou infiel?
O que é uma igreja fiel?