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Thursday 16 February 2012

Israel Não Deixou o Egito e Cristãos Voltam às suas Origens Pagãs

Sob a liderança de Moisés, o povo de Israel saiu dos limites territoriais do Egito, mas levou o Egito em seu coração. Em Êxodo 16.3 vemos uma das primeiras provas de que o Egito permanecia no coração de Israel; quando o povo se lembrou das “panelas de carne” e de que “comiam a fartar” no Egito. Em face da demora de Moisés em voltar do Monte Sinai, onde estava recebendo a Palavra de Deus para comunicá-la a Israel, o povo iniciou o culto a um bezerro de ouro, inspirados na religião Egípcia (Êxodo 32.1-6). Diante dos desafios da conquista da “terra prometida” o povo de Israel desejou voltar para o Egito (Números 14.1-4). O povo de israel saiu do Egito, mas continuou pensando como um povo escravo do Egito, escravo dos prazeres do Egito e escravo da religião Egípcia.

De modo semelhante, podemos dizer que os evangélicos brasileiros e demais latino-americanos saíram da Igreja Romana (Papal ou papista); como também são saídos do romanismo muitos evangélicos nos Estados Unidos, Canadá e Europa; estes, todavia, com um lapso de tempo maior, que remota até aos tempos da Reforma do Século XVI. Embora seja conhecida pelo nome Igreja Católica Romana, prefiro não lhe atribuir a qualidade Católica porque a Igreja Romana, na verdade, não é Católica nem no sentido de ser fiel à primitiva fé Católica, conforme expressa nos Credos Apostólico, Niceno e Atanasiano.

Portanto, em sua maioria, os evangélicos brasileiros são diretamente oriundos da Igreja Romana, ou o são indiretamente, isto é, são filhos, netos ou ainda descendentes mais distantes de romanistas. Assim como aconteceu com os filhos de Israel no passado, continua acontecendo em nossos dias, especialmente nas últimas dacadas, os romanistas deixam a Igreja Romana; mas a Igreja de Roma continua em seus corações, ou seja, os fundamentos de seus pensamentos, especialmente os fundamentos de sua fé, ainda são os mesmos que receberam na Igreja Romana. A própria Igreja Romana confiando na autoridade e poder vicário do seu Clero, rejeitou a prática do ensino da Palavra de Deus ao povo; por isso, ela cresceu e se expandiu assimilando fundamentos de religiões pagãs.

Nas útimas décadas, muitos evangélicos descobriram um meio de crescer mais rapidamente, este meio é não pregar o Evangelho, mas “contar milagres”. Pregar o Evangelho requer o conhecimento e a fidelidade à Palavra de Deus, implica na declaração de verdades que o homem rejeita do fundo de seu coração rebelado contra Deus, e requer também a ação convencedora do Espírito do Santo para que alguém responda positivamente ao chamado da fé em Jesus Cristo somente, para que seja salvo. Entretanto, é muito triste constatar que a maioria dos crentes não consegue perceber que “contar milagres” não é pregar o Evangelho.

Quando os verdadeiros pregadores do Evangelho se tornam escassos, e se multiplicam os “contadores de milagres”, multidões permanecem ignorantes quanto ao Evangelho, a doutrina da salvação. Os “contadores de milagres” falam de coisas excitantes que todas as pessoas gostam de ouvir, em parte pela curiosidade e, em parte, pela possibilidade e expectativa de que o mesmo lhes aconteça.
 
Não se anuncia o nome de Jesus Cristo, como são anunciados os nomes dos deuses, espíritos e santos da religiões, ou seja, falando dos atos sobrenaturais ou milagres que estes (deuses, espíritos e santos) estão realizando. Jesus Cristo somente é fielmente anunciado através das Sagradas Escrituras (a Bíblia). A Bíblia é, do começo ao fim, sobre Jesus Cristo; ela é o documento (ou documentário) que Deus ordenou que fosse escrito da História e Doutrina da Salvação, desde a Criação do homem (por Deus), Queda do Homem (rompimento da relação do homem com o Criador) e a primeira promessa do envio do Salvador (Gênesis 3.15), até ao cumprimento desta promessa, na vinda de Jesus Cristo, o eterno e unigênito Filho de Deus, em carne (forma, corpo ou natureza humana).
 
Pregar o evangelho com base nos atuais milagres dos chamados “missionários e apóstolos” é um absurdo que nenhum verdadeiro crente deveria aceitar ou tolerar; essa prática tão difundida em nossos dias e que ocupou os espaços possíveis no rádio e TV é um insulto e desafio à verdade; essa prática consiste em:
§   Uma estratégia infiel para tirar proveito da mentalidade superticiosa do homem, que a Igreja Romana usou no passado e continua usando hoje, alimentando assim a supertição própria do pecador, pois está separado de Deus;
§   Desprezo à Bíblia, o precioso e perfeito documento da Fé Cristã que Deus teve o cuidado de ordenar, viabilizar (mediante a inspiração do Espírito Santo), e preservar, para dar o mais básico e acurado conhecimento da Salvação, mediante a fé em Jesus Cristo (2 Timóteo 3.14-17; 1 Pedro 1.16-21).
 
Somente uma imersão profunda e permanente nas Escrituras Sagradas poderia mudar esta situação – evangélicos que deixaram a Igreja Romana; porém suas mentes permanecem escravizadas ao romanismo. Crentes instruídos na Palavra de Deus jamais dariam audiência aos “contadores de milagres”. Porém, este é um desafio ainda maior nesta era de fantásticas “máquinas” de fazer e trazer sons e imagens espetaculares. Estas avançadas tecnologias de sons e imagens (dolby digital e 3D) têm tornado as pessoas cada vez mais voltadas para um mundo virtual, em que o examinar e pensar são substituídos pelo sentir. Não é sem motivo que paradoxalmente, nesta era do maior avanço tecnológico, o interesse pelo misticismo cresce de modo impressionante, tanto fora quanto dentro da igreja. Neste contexto, de modo geral, as pessoas estão se tornando cada vez mais indispostas para ouvir ou receber a proclamação oral da Palavra de Deus, e para ler e estudar a Palavra de Deus. Entretanto, a fé salvadora somente é produzida pela Palavra de Deus, conforme aprendemos pela própria Palavra de Deus: “a fé vem pela pregação, e a pregação, pela Palavra de Cristo” (Romanos 10.17)
 
O chamado à fé em Jesus Cristo não é fundamentado em continuidade ou contemporaneidade de milages, mas na veracidade das Escrituras Sagradas, a Palavra de Deus. Nenhum milagre contemporâneo seria capaz de produzir a genuína fé salvadora. Por outro lado, a fé salvadora jamais seria produzida, senão atravez da Palavra de Deus. O Espirito Santo se instrumentaliza, não de “testemunhos extrabíblicos de milagres contemporâneos”, mas exclusivamente do conteúdo das Escrituras Sagradas, para salvar os pecadores, movendo-os à fé em Jesus Cristo, de quem as Escrituras são o único testemunho infalível e digno de todo o crédito (João 5.39).
 
Estevão, um dos primeiros diáconos e evangelista da primitiva igreja em Jerusalém declarou que os filhos de Israel que saíram do Egito, mas “em seus corações, voltaram para o Egito” (Atos 7.39). É importante observar que a volta do povo de Israel ao Egito “em seu coração”, conforme o próprio Estevão observou,  está relacionada com o fato daquele povo haver repelido Moisés, que do Senhor “recebeu palavras vivas para no-las transmitir” (Atos 7.38).
 
Assim como Israel, em seu coração, voltou para o Egito porque repelia a Palavra de Deus, hoje também muitos cristãos têm voltado para as suas origens pagãs por rejeitarem a Palavra de Deus. Os crentes hoje querem que seus pastores preguem sermões que sejam curtos, bem-humorados ou com excitantes “testemunhos de milagres”, não exigem que os pregadores sejam fiéis anunciadores de “todo o designio de Deus” revelado nas Escrituras, como o apóstolo Paulo fazia (Atos 20.27). Os crentes não lêem ou estudam diligentemente as Escrituras, preferem “se edificar” ouvindo “música gospel”. As famílias não mais se reunem regularmente para a leitura da Palavra de Deus e oração, pois as exigências do trabalho e a necessidade de relaxamento e lazer estão absorvendo completamento o seu tempo.
 
Roguemos a Deus que Ele renove graciosa e abundantemente a unção de Seu Espírito sobre a sua Igreja hoje, para que nela haja anseio pela Palavra de Deus, para que novamente a Palavra de Deus nela habite ricamente (Colossenses 3.16) e remova do coração do povo que é chamado pelo santo nome do Senhor toda afeição, saudade, pensamento e servidão aos deuses do seu passado idólatra.
 
Somente assim seremos novamente igreja forte, como uma “cidade edificada sobre um monte” (Mateus 5.14), talvez menor pela deserção dos que não “suportarão a sã doutrina” ou “se recusarão a dar ouvidos à verdade” (1 Timóteo 4.1-5); porém, igreja que não é assaltada e dominada por qualquer inimigo, e que mantêm o intenso brilho da verdade em uma era de densas trevas, para promover a salvação de pecadores (não simplesmente sua mudança religiosa do romanismo para um evangelicalismo) e manifestar a glória de Deus (Mateus 5.14-16). Que o povo de Deus diga: Amém.

Conhecimento – Bem ou Mal?

Jesus certa vez disse que Deus havia ocultado certas verdades aos sábios e instruídos e revelado estas aos pequeninos (Mt 11.25-27). Paulo reconheceu que não foram chamados muitos os sábios segundo a carne (1 Co 1.26-29). Ao haver criado o homem, Deus lhe proibiu comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.17). Além disso, se verifica facilmente que muitas pessoas cultas desprezam  a revelação de Deus; estas não somente se negam a reconhecer a Deus através das obras da criação, mas também se negam a reconhecer as Suas palavras nas Sagradas Escrituras.

Seria então o conhecimento um mal, ao invés de bem? Seria o saber algo que deveríamos evitar, para o nosso próprio bem? O conhecimento nos afasta de Deus? Não. Entre os mais notáveis discípulos de Jesus havia um considerável número que dominava o ofício e negócio da pesca (como Pedro e João), havia um habilidoso escriturário (Mateus), havia um respeitado teólogo (Paulo) e também um médico (Lucas). Além disso, o extraordinário conhecimento do rei Salomão fora um dom de Deus (1 Re 4.29-34).
 
O problema não é o conhecimento, mas a falta do mais importante conhecimento – o conhecimento de Deus. Este é o primeiro e mais essencial conhecimento que o homem deve desejar e buscar.

Não priorizando o conhecimento de Deus, tudo mais que o homem venha a conhecer não o leva, como deveria, a glorificar e a servir a Deus. Embora tenha sido criado à imagem de semelhança de Deus, não conhecendo a Deus, o homem não tem alguém superior a si mesmo com quem se comparar, confiar e obedecer. Então, o homem ignorando os elevados propósitos divinos, estabelece os seus próprios, por meio das experiências que faz com a sua própria vida, como também faz no reino mineral, vegetal e animal.
 
Desconhecendo a Deus, o mais elevado conceito que o homem tem de si mesmo é que ele é superior aos animais (alguns, porém, nem isto pensam). Daí, o homem pode até delirar pensando que um dia poderá ser como Deus, sem necessariamente ser santo, como são os deuses de todas as mitologias.
 
Entretanto, conhecendo Deus, o homem tem um correto e fundamental conhecimento de si mesmo, sua orígem, propósito, e alvos. Conhecendo Deus, o homem também tem um correto e fundamental conhecimento de que todas as coisas foram criadas por Deus. Assim, o homem lida construtivamente com o universo ao seu redor, reconhecendo e conduzindo toda sua vida, conhecimento, trabalho e gozo para a glória de Deus – a finalidade maior e mais digna de toda a criação.
 
O conhecimento (ciência) é muito bom. Porém, o mais importante, vital e necessário conhecimento é o conhecimento de Deus. Por isso: “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como a chuva serôdia que rega a terra.” (Oséias 6.3).

Podemos obter conhecimento de Deus observando as obras da Criação; porém somente conhecemos a Deus íntima e redentivamente através de de Sua Palavra, as Escrituras Sagradas, cujo principal propósito é revelar Jesus Cristo, o Eterno Filho de Deus, com o Pai Eterno, também criador de todas as coisas. O unigêntio Filho de Deus se fez também homem, para redimir os homens, dando-lhe o conhecimento de Deus (João 1.1-14).