Assim como o Apóstolo Paulo, os cristãos, não
meramente nominais ou formais, mas que conhecem ou amam o Cristo das Escrituras
Sagradas, se sentem devedores do Evangelho ao mundo (Romanos 1.14). Afinal,
como guardar para si somente este tão grande presente de Deus ao mundo?
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna.” (João 3.16)
Além disso, como ignorar o próprio mandato de Jesus
Cristo de fazê-lo conhecido em todo o mundo:
“Portanto
ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos
tenho mandado...” (Mateus 28.19-20)
“E
disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem
crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. “ (Marcos
16.15-16)
“e
disse-lhes: Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia
ressurgisse dentre os mortos; e que em seu nome se pregasse o arrependimento
para remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém.” (Lucas
24.46-47)
Cristãos por convicção pessoal não se envergonham do
Evangelho; porque crêem ou sabem que o Evangelho é o poder de Deus para a
salvação de todo o que (nele) crê (Romanos 1.16).
O mundo precisa do Evangelho, precisa conhecer a Jesus
Cristo. Não o Jesus desfigurado da cultura ou do “mercado” religioso, mas o
Jesus fielmente testemunhado e retratado nas Escrituras Sagradas. E quem o
conhece, também quer fazê-lo conhecido, e não somente por uma obrigação que
chama, mas também por um poderosa satisfação e alegria que motivam. Entretanto,
esta não é uma tarefa fácil, como oferecer um produto a quem está procurando
por ele, exatamente. Comunicar o Evangelho ou apresentar a Jesus Cristo, é como
indicar um remédio a quem pensa que não está doente, ou um defensor (advogado)
para quem não reconhece que transgrediu a lei. E, é precisamente esta a função
que Jesus Cristo exerce em favor dos homens, perante a Justiça divina. Jesus é
o defensor, o advogado dos pecadores, perante a corte da Justiça de Deus.
Por mais importante e esperançoso que seja, o
Evangelho (a palavra significa boa notícia) de Jesus Cristo jamais será
devidamente apreciado, exceto por aqueles que reconhecem ter um débito para com
a justiça de Deus.
Comunicar o Evangelho e anunciar a Jesus Cristo é uma
difícil tarefa; especialmente porque
nós, seres humanos, insistimos em negar o que nossa própria consciência
e razão, em face da evidência e testemunho da Criação, nos dizem, isto é: que,
acima de qualquer norma cultural ou lei civil, democrática, há um Deus, que
sendo o Criador e também um ser moral, o único santo e justo em sua essência, Ele
se “ira...contra toda a impiedade e perversão” dos homens (Romanos 1.18-23).
De
acordo com o ensino geral das Escrituras Sagradas, e, comparando o anúncio do
Dilúvio, o maior e universal juízo de Deus já ocorrido (Gênesis 6), com o
primeiro capítulo da Carta de Paulo aos
Romanos, percebemos três importantes sinais de uma geração ou sociedade que
alcançou o mais grave estado de corrupção, se tornou caótica, e está próxima de
um colapso:
1.
A negação ou ignorância da autoridade de Deus como o
Criador;
2.
A supressão das regras ou limites às cobiças humanas,
especialmente as sexuais;
3.
A generalização da violência.
“E assim como eles rejeitaram
o conhecimento de Deus, Deus, por sua vez, os entregou a um sentimento
depravado, para fazerem coisas que não convêm; estando cheios de toda a
injustiça, malícia, cobiça, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda,
dolo, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus,
injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao
pais; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, sem misericórdia; os
quais, conhecendo bem o decreto de Deus, que declara dignos de morte os que
tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que as
praticam.” (Romanos 1.28-32)
Muitos confundem a pregação do Evangelho com uma atitude condenatória; porém, o Evangelho é justamente o contrário. O Evangelho é a boa notícia de que temos um Defensor que nos livra da condenação perante a justiça divina.
Entretanto, os homens (homens e mulheres) naturalmente resistem em reconhecer um Deus justo que condena os transgressores da Lei suprema e eterna que de Deus emana, ou resistem à idéia de que são transgressores desta Lei, imaginam ou criam leis artificiais contrárias à natureza, razão e bom senso; então, neste estado, o Evangelho não lhes pode soar como “boa nova”; e Jesus Cristo não lhes parecerá um desejado Defensor.
Além disso, o Evangelho apresenta Jesus Cristo não como um filósofo que ensina à humanidade, que é potencialmente boa, a arte de viver feliz. Não, o Evangelho anuncia Jesus como o único Advogado de criminosos condenados pela justa Lei de Deus.
Por estas razões, o Evangelho de Jesus Cristo é confundido e rejeitado, enquanto o homem resiste em admitir que é pecador, transgressor da eterna e suprema Lei de Deus. Ao pecador não arrependido, o Evangelho parece uma acusação, quando na verdade é a boa nova a respeito do Defensor, Jesus Cristo.
O anúncio do Evangelho de Jesus Cristo não seria uma tarefa tão difícil, se o homem não resistisse a voz da consciência, onde lhe está gravada a Lei de Deus, e que lhe diz que é pecador:
“pois
mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua
consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os”
(Romanos 2.15)
Assim, a pregação do Evangelho precisa amplificar a voz da conciência do homem fazendo-o reconhecer o seu pecado ou transgressão da Lei de Deus, antes de anunciar a boa nova propriamente (Marcos 1.4,14-15), ou seja, o defensor, Jesus Cristo:
“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo
justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo
Jesus,” (Romanos 3.23-24)
“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a
vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Romanos 6.23)
Há semelhanças e diferenças entre o tribunal de Deus e
o tribunal dos homens. As semelhanças deveriam nos levar considerar como é
arrogante a nossa atitude que nega a Deus, o Criador, o atributo de Supremo
Juiz. Porém, consideremos algumas importantes difenças:
1. É impossível enganar, chantagear ou fraudar perante o
tribunal divino.
2. No tribunal divino, a justiça é sempre realizada e
satisfeita;
3. Mas o triunfo é sempre da misericórdia.
4. Jesus Cristo é um defensor diferente; porque Ele não tenta provar a inocência do homem, Ele
sabe que perante o tribunal divino todo homem é pecador, e está condenado.
5. Porém, Jesus nos defende sofrendo a nossa condenação,
isto é, morrendo em nosso lugar,
recebendo o justo salário (retribuição) pelos nossos pecados.
O tribunal divino justa e infalivelmente condena todos os homens por seus pecados, mas também justifica todos os pecadores que se arrependem dos seus pecados e crêem em Jesus Cristo como o seu único Defensor, indicado e credenciado pela própria justiça divina.
Assim como não é uma atitudehonesta e amorosa dizer a alguém que tem um câncer agressivo que ele somente tem um probleminha alérgico, ou incentivar um transgressor da lei a continuar fugindo, ao invés de enfrentar a justiça com um defensor; ao cristão é, igualmente desonesto e destituído de amor, negar ou omitir que todos os homens e mulheres têem um grande problema com a justiça divina, um débito crescente e eterno, o pecado.
Não podemos ignorar, nem deixar que outras pessoas ignorem, o fato de que estamos condenados perante o tribunal divino. Não notificar aos homens sua condenação perante o tribunal divino não é um ato de amor e respeito, mas de covardia e ausência de compaixão. É como deixar um criminoso fugindo e se escondendo de uma condenação que, mais cedo ou mais tarde, infalivelmente acontecerá , enquanto sabemos que há um infalível Defensor, a quem este fugitivo pode recorrer.
O reino de Deus é constituído de transgressores da Lei de Deus, injustos que foram justificados por Jesus Cristo:
“Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos
enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os
efeminados, nem os sodomitas, nem
os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbedos, nem os maldizentes, nem os
roubadores herdarão o reino de Deus. E tais fostes alguns de vós; mas fostes
lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados em nome do Senhor
Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.” (1Coríntios 6.9-11)
Pregar o Evangelho não é condenar o mundo, mas dizer ao mundo condenado pela justiça de Deus que esta mesma (Justiça de Deus) indicou um infalível Defensor para os pecadores, Jesus Cristo. Como o Defensor, Jesus não condena pecadores, nem nega os seus pecados, mas substitui (coloca-se no lugar) os pecadores, e recebe, de uma só vez na cruz, a justa condenação pelos pecados, morte.
“E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz,
e nele não há trevas nenhumas. Se dissermos que temos comunhão com ele, e
andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade; mas, se andarmos na
luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de
Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado
nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos
os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado,
fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. Meus filhinhos, estas
coisas vos escrevo, para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um
Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos
pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.” (1 João
1.7-2.2)
Somente Jesus tem o poder de absolver pecadores perante a justiça divina, nenhum sacerdote (nem o papa) pode fazê-lo. Jesus é, ao mesmo tempo, o único sacerdote e único cordeiro que tira o pecado do mundo (Hebreus 9.11-14). Ele tem tal autoridade porque é Deus encarnado (em natureza humana), e morreu por causa dos nossos pecados. Por isso Ele, certa vez disse a uma mulher que queriam condenar por adultério:
“Mulher,
onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela:
Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno; vai-te, e não peques
mais.” (João 8.10-11)
E, outra vez, Jesus declarou e demonstrou a sua autoridade e poder infalíveis para perdoar todos os pecados de todos os homens:
“E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados são os
teus pecados. Ora, estavam ali sentados alguns dos escribas, que arrazoavam em
seus corações, dizendo: Por que fala assim este homem? Ele blasfema. Quem pode
perdoar pecados senão um só, que é Deus? Mas Jesus logo percebeu em seu
espírito que eles assim arrazoavam dentro de si, e perguntou-lhes: Por que
arrazoais desse modo em vossos corações? Qual é mais fácil? dizer ao
paralítico: Perdoados são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, toma o teu
leito, e anda? Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra
autoridade para perdoar pecados ( disse ao paralítico ), a ti te digo,
levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa. Então ele se levantou e,
tomando logo o leito, saiu à vista de todos; de modo que todos pasmavam e
glorificavam a Deus, dizendo: Nunca vimos coisa semelhante.” (Marcos 2.5-12)
A Igreja não tem poder de perdoar pecados, mas o dever de comunicar a todo o mundo que, em Jesus Cristo, Deus está chamado todos os pecadores ao arrependimento e perdão de pecados, da morte para a vida eterna, conforme as palavras de Jesus:
“Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê
naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da
morte para a vida.” (João 5.24)
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