Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide, Solus Christus, Soli Deo Gloria

Wednesday 8 April 2015

PARA QUEM A BÍBLIA FOI ESCRITA?

A Bíblia foi escrita para toda a humanidade, para gente de todas as nações, todas as culturas, todas as línguas, e todas as épocas. A Bíblia trata da relação entre Deus e o ser humano; a Bíblia informa ou comunica que o homem não precisa procurar o caminho para o encontro com Deus; porque é Deus quem vem ao encontro do homem, em Jesus Cristo; e este é um tema de interesse universal, de toda gente, independentemente de qualquer circunstacial diferença entre os seres humanos.

A Bíblia traz sentido ou propósito à existência humana ao afirmar que Deus é o Criador dos céus e da terra, e de tudo o que neles há (Gênesis 1), e que o homem é a obra prima de Deus (Salmos 8), por ser a “imagem e semelhança” do Criador (Gênesis 1.27). A Bíblia também revela que Deus quiz dar ao homem a “vida eterna” (Gênesis 2.9); ou seja, Deus quiz fazer com o homem uma aliança eterna, estabelecer com o homem um relacionamento eterno, um relacionamento que não pudesse jamais ser interrompido ou desfeito, por nenhuma causa ou razão.

Entretanto, para que esta aliança e relacionamento eternos sejam possíveis o homem precisa ser santo; porque Deus é essencialmente Santo (Mateus 5.48). Para entrar em uma aliança de eterno relacionamento com Deus, o homem não poderia conhecer o mal, ter conhecimento prático ou experimental do mal (Gênesis 2.16-17); isto é, o homem não poderia pecar (Romanos 5.12), ou transgredir a justiça (1 João 3.4). O pecado (experiência do mal, prática da injustiça) trouxe ao ser humano e à Criação as mais devastadoras consequências; dentre todas, a morte do ser humano é a principal, a perda do acesso ao fruto da “Arvore da vida” (Gênesis 3.22), a impossibilidade de entrar na Aliança de eterno relacionamento ou comunhão com Deus.

Embora o homem tenha preferido o conhecimento prático do mal (a injustiça ou pecado), Deus não abandonou seu propósito de fazer com o homem uma Aliança de vida eterna. Por isso, Deus providenciou que aquele simbolizado na “Árvore da vida” (João 1.1-4; 5.21-26; 6.32-35; 11.25), o divino doador da vida eterna, seu eterno Filho, uma das três pessoas do único Ser Divino – Pai , Filho, Espírito Santo (João 1.5-14), assumisse a natureza humana e sofresse o justo juízo pela “experiência prática do mal”, o pecado (João 1.29);  e assim, fosse gratuitamente oferecida ao homem a Aliança da vida eterna (João 3.16), mediante o arrependimento (ódio, aversão, desprezo) do pecado (Atos 2.38; 3.19), e fé no despenseiro da vida eterna, feito também intercessor pelos pecadores, Jesus Cristo (João 20.30-31). Isto é o Evangelho, a boa nova, que a Bíblia quer comunicar a toda a humanidade, sem qualquer distinção.

Portanto, a Bíblia foi escrita para todos, homens e mulheres, adultos, jovens e crianças, ricos ou pobres, aos que parecem livres e aos presos, àqueles que vivem nas mais modernas cidades e aos que vivem em tribos isoladas. A Bíblia revela as “insondáveis reiquezas do conhecimento de Deus”, ma se comunica de forma simples e clara. O conteúdo geral e mensagem central da Bíblia são de absoluta relevância para filósofos, historiadores, literatos, cientistas e juristas; entretanto, a Bíblia foi escrita especialmente para, idependentemente de cultura ou língua, a pessoa mais simples, para o comerciante, o pescador o trabalhador rural, para a dona de casa e para as crianças.

O idioma Hebraico tem suas raízes na antiga Mesopotâmia, berço da humanidade e lugar onde floresceram as mais antigas e influentes civilizações, de onde também saiu Abraão. Chegando à região chamada Canaã, Abraão encontrou povos que falavam dialetos semitas, como era o seu próprio. O hebraico se desenvolveu como a língua de uma nação nos 400 anos de segregação de Israel no Império Egípcio; neste idioma idioma semítico, Moisés escreveu o Pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia). O Aramaico, também língua semítica, durante séculos amplamente falada no Crescente Fértil (a extensa região onde aconteceram os fatos relatados no Antigo Testamento), e muito empregada, tanto na diplomacia como no comércio, foi utilizada para a composição de pequenas porções da Bíblia, especialmente o livro de Daniel. No III século aC, o Antigo Testamento já estava completamente traduzido para a língua então dominante no mundo, o Grego. Foi neste idioma, predominante na parte mais oriental do Império Romano, que o Novo Testamento foi inteiramente escrito. O grego do Novo Testamento é mais precisamente identificado como o Koinê, a forma mais popular que o Grego Clássico tomou, posteriormente.

O Antigo Testamento foi escrito na língua de um povo humilde, escolhido e preservado por Deus para, por meio deste povo (Israel), trazer ao mundo o Messias (Cristo), bem como prover o seu necessário testemunho profético e histórico, a Bíblia. Para demonstrar o propósito universal da Bíblia, o Novo Testamento  foi escrito na língua comum aos vários povos que, subordinados ao Império Romano, em sua parte oriental, circundavam a região onde Jesus nasceu, pregou, deu todas as evidências de ser o Cristo, morreu em lugar dos pecadores, perante a justiça divina, ressuscitou dentre os mortos, e ascendeu glorificado nos céus.

A partir do Hebraico e do Grego, versões completas  (AT e NT) da Bíblia foram multiplicadas nas língua dos mais diversos povos, através dos séculos; e, até hoje, a Bíblia é o livro mais traduzido em diferentes idiomas.

A Bíblia foi escrita não para pessoas com inteligência acima da média ou educação elevada, de modo que as pesssoas comuns e de pouca instrução formal tivessem que se esforçar acima de sua capacidade intelectual para entendê-la; nem, tão pouco foi a Bíblia escrita para privilegiar ou atender às exigências de qualquer campo da erudição humana. Ao contrario, a Bíblia foi escrita para alcançar os menores, os mais simples, para que assim pudesse alcançar a todos. São os considerados mais inteligentes e educados que devem ser humildes ou simples para, livres de preconceitos, ler e estudar a Biblia com proveito. De fato, se Deus mesmo não houvessse se inclinado ao nível do conhecimento, perspectiva e linguagem humana, jamais teria havido comunicação entre Deus e o homem.   

Respondendo uma questão a  respeito de quem é maior no reino dos céus, Jesus declarou que quem não se tornar humilde como uma criança. "de modo algum" entrará no reino dos céus (Mateus 18.1-4). Em outra ocasião, Jesus exclamou: "Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos" (Lucas 10.21).

O apóstolo Paulo escreveu: "Vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados.  Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes. E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele." (1 Coríntios 1.26-29)

Escrevendo aos seus cooperadores, Timóteo e Tito, ao primeiro por causa de sua juventude, ao segundo por razão específica desconhecida, Paulo os encoraja a ler, pregar e ensinar as publicamente a Bíblia, as Escrituras Sagradas, a despeito de qualquer forma de despreso por parte de seus ouvintes (1 Timóeteo 4.12-13; Tito 2.15).

Na segunda carta de Paulo a Timóteo, encontramos outra evidência de que a Bíblia ou "as sagradas letras", foiram escritas para as crianças: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido.  E que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.  (2 Timóteo 3.14-17)

A qualificação dos presbíteros, que são homens encarregados especialmente da responsabilidade de supervisão do ensino na esfera de cada igreja, é uma evidência de que a Bíblia foi escrita para o homem comum; pois não se requer daqueles que servem no presbiterato formação em qualquer área do conhecimento humano, exceto que estes conheçam a Bíblia, ao ponto de poderem ensinar a outros, além, é claro de sua piedade, ou vida em conformidade com o ensino que terão de supevisionar  (Tito 1.5-9).

A qualificação dos Apóstolos não era extraordinária; exceto Mateus que era empregado da receita do Império Romano, os demais apóstolos eram pescadores; e nenhum deles tinha qualquer graduação teológica, foram todos formados no discipulado exercido por Jesus Cristo.

Paulo, melhor educado formalmente que os damais Apóstolos, pregou simplesmente a “palavra da cruz”, o “Cristo crucificado”, a mensagem acessível à pessoa mais simples, humilde, não para impressionar os sábios (1 Coríntios 1.18-2.5).

Doutores (em quaisquer campos da ciência) e teólogos precisam ser humildes, como crianças, para pedir a assistência do Espírito Santo, e se deixarem conduzir por Ele na leitura e estudo das Escrituras, exatamente da mesma forma, e com a mesma necessidade com que crianças, homens e mulheres simples, iletrados, são conduzidos (João 16.7-14).

Não se deixe intimidar pelos títulos  religiosos (reverendo), nem pelos graus de escolaridade (mestrado, doutorado). Porém conserve a humildade, não despreze a  ajuda de um outro estudante da Bíblia ou de um mestre, desde que reconheçam a importância fundamental da iluminação do Espírito Santo, da autoridade do todo das Escrituras Sagradas para a interpretação de cada uma de suas partes, e da centralidade de Jesus Cristo, nas Escrituras.

A Bíblia foi escrita para você, que quer conhecer a Deus (além do que é possível aos pecadores, somente pela observação da Criação, e simples uso da razão), A Bíblia foi escrita para você que quer a vida Eterna (João 5.39), entrar na Aliança do eterno relacionamento com Deus, e quer serví-lo fielmente.


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