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Monday 13 June 2011

Replantando a Igreja

A Reforma chamada Protestante, no século XVI, foi um grande e bem sucedido movimento de replantação da Igreja e de igrejas. Estas igrejas reformadas não surgiram de divisões administrativas, choque e concorrência entre lideranças, existência de um potencial “mercado” religioso, como vem acontecendo, nas últimas décadas no protestantismo. Elas surgiram da forte consciência da necessidade de se replantar igrejas, em virtude do estado irreversível (“irreformável”) de apostasia a que havia chegado a igreja papal.

A Reforma foi uma volta à Bíblia como autoridade absoluta. Na Reforma, o Evangelho e a Igreja foram redescobertos. No reencontro com a Bíblia foram encontrados os fundamentos dos Credos (Apostólico, Niceno e Atanaziano) que, em outros tempos, distinguiram a verdadeira igreja das falsas, que começaram a aparecer desde os primeiros séculos da história da Igreja. Os Credos, por sua vez, inspiraram as Confissões Reformadas que precisavam reafirmar, aprofundar e expandir temas contemplados pelos Credos, mas seguindo o mesmo padrão de fundamentação e delimitação pela Bíblia.

Os Credos mantiveram a verdadeira Igreja (ou as diversas igrejas que a constituíam), já estabelecida, distinta das seitas que começaram a se formar. As Confissões Reformadas distinguiram a verdadeira Igreja (ou as diversas igrejas que a constituíram) de todas as seitas já existentes, entre elas a própria e grande igreja governada pelo Papa.

Os crentes que vieram a constituir as primeiras igrejas cristãs reformadas eram como um pequeno ramo sobrevivente (remanescente) da igreja que, como uma grande árvore, estava morta pela apostasia (afastamento da Fé, ou Verdade); isto nos lembra a igreja morta de Sardes, em que também havia um resto de vida (Ap 3.2). Assim, se cumpriu na igreja sediada em Roma a ameaça que Cristo fêz à igreja em Éfeso: “... venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.” (Ap 2.5). Removido o quase apagado candeiro de Roma, enchido do óleo do Espírito, nas igrejas reformadas, a luz do Evangelho começou a brilhar no mundo novamente. O ramo remanescente foi cortado e replantado, cresceu e produziu maravilhos frutos.

Seguindo principalmente a alegoria da árvore morta, o ramo remanescente, milagrosamente preservado antes de ser cortado e replantado, estava aparentemente ligado à grande árvore morta. Embora menor e despresível, comparado à grande árvore morta, o ramo remanescente sobreviveu, não por estar aparentemente ligado à árvore sem vida, mas por estar espiritual e realmente ligado diretamente a Jesus Cristo, a raíz e tronco que sustenta e alimenta os ramos vivos, a verdadeira Cabeça da igreja, que é o seu corpo, e também o templo (lugar de habitação) do Espírito Santo.

Uma vez cortado e replantado, o ramo cresce e frutifica. Assim, a Igreja foi separada da árvore morta do Judaísmo (no período fundacional da Igreja Neo-Testamentária), e a Igreja Cristã Reformada foi cortada da grande árvore morta do Catolicismo Romano.

Embora Deus responsabilize e instrumentalize os próprios membros da Igreja para cuidar da saúde desta árvore, não é por homens, nem por nomes (judaísmo, catolicismo, protestantismo) que identificamos a verdadeira Igreja. Conforme 1 Pedro 1.22-25, a verdadeira Igreja nasce e cresce pela purificação de pecadores, mediante a verdade (evangelho puro com toda a sã doutrina) procedente da Palavra de Deus. Esta vida (nascimento e crescimento) se manifesta em amor ardente (para com Deus e os irmãos). Porém quando permitimos que tradições humanas, outras revelações (além da Bíblia) e até as ciências (conhecimento humano) assumam funções auxiliares, isto é, ao lado da Palavra de Deus, o Senhor Jesus Cristo vai removendo o seu Espírito; consequentemente vai crescendo entre nós a confiança nas tradições, novas revelações e ciências; então, a igreja, como uma árvore cujas raízes não encontram água, começa a morrer.

Nem nossa natureza pecaminosa pode ameaçar a igreja; pois a Palavra nos purifica (Jo 15.3). Mas a igreja enfraquece e morre quando:
  • as tradições criadas pelos homens começam a ter peso equivalente às ordenanças bíblicas,
  • outras supostas revelações (sonhos visões e profecias) começam a ser ouvidas e acolhidas pelos crentes, no culto público ou devoções particulares,
  • a igreja redefine suas doutrinas e pregação de acordo com o progresso da ciência, abandonando a confiança absoluta na Escritura Sagrada.

Nos dias de Zorobabel e Jesua, Esdras e Neemias, a igreja dos Judeus (apesar de sofrida) foi uma árvore vigorosa e frutífera. Também, a igreja estabelecida em Roma, à qual o apóstolo Paulo escreveu uma magnífica carta foi uma igreja saudável; porém, alguns séculos depois ela se asenhoreou de outras igrejas, e se tornou a maior sede da cristandade apóstata, até os dias presentes.

A glória dos homens e das denominações eclesiásticas não sustenta a Igreja, somente Jesus Cristo, pelo Espírito Santo, ou seja, onde Jesus Cristo reina e o Espírito Santo age, mediante as Sagradas Escrituras.

Mesmo que a Igreja em algum lugar ou tempo seja uma grande árvore morta (uma superestrutura religiosa que perdeu a simplicidade da verdade e amor, mas é um empreendimento humano que, como tal, permanece, impressiona e até progride), sempre haverá um ramo remanescente (1 Re 19.18). Antes que este ramo possa morrer, ele será cortado e plantado; e a Igreja voltará a crescer, purificada pela verdade e com amor ardente.

Em que parte da árvore vocês se encontram? Na grande parte morta, ou no ramo remascente? Já não é hora de se remover da árvore sem vida sustentada pelas tradições, outras revelações e descobertas científicas, e replantar o ramo remanescente para que a sua igreja volte a crescer purificada pela verdade e com amor?

Voltemos à Bíblia, como fizeram os Reformadores no século XVI que encontraram a verdade e o amor, redescobriram as bases dos Credos da verdadeira Igreja, e formularam as Confissões Reformadas. Assim, também nós, cortando a ligação com a árvore velha que confia nas tradições humanas, em outras revelações (além da Bíblia) e nas mutáveis teorias científicas, lançaremos raízes que alcançarão a água, encontaremos a verdade e o amor, redescobriremos as bases dos Credos e das Confissões Reformadas, e ainda deixaremos um testemunho histórico para as próximas gerações, até que volte o Senhor Jesus e plante sua Igreja no lugar onde ela nunca mais se enfraquerá, nem tão pouco, em parte, morrerá –  em “Novos Céus e Nova Terra”.

Não se iludam com a aparência de vida da igreja morta; muitos anos de existência, crescimento rápido, muitos adeptos, poder financeiro e político, domínio da mídia, nada disso caracteriza a verdadeira igreja de Cristo. Procurem somente pelos frutos de uma igreja viva, os frutos da Verdade (absoluta confiança nas Escrituras Sagradas) e do Amor (não pelo mundo, pela fama e por riquezas, mas a Deus com todas as forças de nosso ser, e ao próximo como a nós mesmos).

Jorge

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