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Monday 11 January 2016

Precisamos de Povo e Governo que Amam e Respeitam a Vida

Na semana passada, ví pela televisão o presidente dos Estados Unidos chorar ao mencionar especialmente crianças mortas por aqueles típicos atiradores imprevisíveis que, de vez em quando, se tornam manchete. Imediatamente pensei, “lágrimas de crocodilo”, isto é, de político, com a finalidade atrair o povo e o congresso americano ao seu ideal e proposta de controle de armamentos.

Não tenho dúvida de que a transformação de “espadas em relhas de arado e lanças, em podadeiras” é um ideal e, mais que isto, uma promessa de Deus que um dia se cumprirá, em toda a Terra (Isaías 2.1-5). Acredito também que dão um grande exemplo de pacifismo, aquelas pessoas que, confiando na autoridade pública, andam desarmadas.

Porém, também entendo que o Estado não deve impedir o direito individual de defesa da vida e do patrimônio; principalmente, na proporção em que o Estado enfrenta dificuldades para assegurar esta proteção aos seus cidadãos.

Entretanto, é dever primordial do Estado punir severamente qualquer indivíduo que desrespeite ou atente contra a vida ou patrimônio alheio. Esta é seguramente a mais eficaz ação possível ao Estado, contra contra qualquer forma de violência, a mais eficiente forma de promover o desarmamento.

Mas, voltando ao choro do presidente dos Estados unidos, imediatamente sentí-me acusado pela consciência de estar passando dos meus limites; afinal, como posso estar certo de que ele não estivesse profundamente sentido pelas crianças mortas, ao ponto de chorar. Então, envergonhado e arrependido, abandonei a desconfiança, e respeitei sua lágrima.

Porém, poucos dias depois, ainda na mesma semana em que o presidente americano chorou pelas crianças assinadas a tiros, ele também vetou uma proposta de Lei que impediria o financiamento público de uma organização que promove a prática do aborto, chamada Planned Parenthood. Uma estimativa afirma que anualmente cerca de 320.000 vidas intra-uterinas são interrompidas nos Estados Unidos. Tal notícia trouxe de volta o pensamento, antes reprimido, a respeito do choro do presidente.

Infelizmente, a história e principalmente fatos atuais confirmam que não podemos depositar excessiva confiança em políticos. Assim como em qualquer outra área de serviço, a necessidade de remuneração, a ambição por uma melhor remuneração ou a simples conveniência da manutenção de um cargo podem ser as maiores motivações para atitudes e ações; os políticos em geral não são excessão. O simples desejo de ser aprovado ou aplaudido pela maioria é outro grande fator de motivação de nossas ações, uma característica tentação dos que estão em posição de liderança.

Políticos devem ser servos da justiça; é isto o que eles são: empregados do Estado, que existe para promover a justiça. Eles não deveriam agir para beneficiar um empresário, em detrimento de outros, seja por amizade, interesses partidários ou propina.

Políticos jamais deveriam agir motivados pelo desejo garantir que serão reeleitos, seja permitindo que o povo permaneça enganado, seja tentando enganar o povo quanto ao benefício e justiça de uma determinada lei ou ação. Ao contrário, como líderes que são, eles deveriam se inspirar nos verdadeiros profetas que alertavam e arrazoavam com povo, sacerdotes e reis, sobre a importância da justiça.

Votemos em favor de candidatos a cargos públicos que sejam comprometidos com leis e ações que protegem a vida, o trabalho e os bens que são fruto do trabalho. Precisamos ter todo o cuidado com os discursos eloqüêntes e acalorados, hoje potenciados pelos eficientes recursos de mídia, contudo, sutilmente enganosos.

Se os políticos não cumprem sua função, devem ser destituídos. Se eles usam seu cargo para promover a injustiça, devem ser também punidos. A multiplicação da violência nas ruas das cidades é alimentada e encorajada especialmente pela impunidade dos que exercem autoridade e poder.

Voltando novamente ao choro do presidente diante das câmeras, ainda devo admitir, posso não estar certo em meu juízo; seu choro pode ter sido sincero. Porém, por que ele não sente tanto pelos milhares de abortos anuais, em seus país? Sim, posso estar errado; pode ser que ele considere que o embrião humano não mereça o mesmo respeito de um ser humano, ou de uma criança.

E você, o que pensa? Considere isto, um embrião não é uma mera semente. O sêmen é um amontado de sementes; um espermatozóide é só uma semente, e o óvolo também é somente um ovo. Um espermatozóide, até morrer, jamais passará de uma semente; e um óvulo jamais deixará de ser um mero ovo, enquanto um espermatozóide não encontrá-lo, penetrá-lo e fecundá-lo; caso contrário, também morrerá como um ovo simplemente.  Porém, a partir da fecundação, ambos, o espermatozóide e o óvulo, deixaram de ser o que eram para se tornar algo novo, que chamamos de embrião. E, o que é o embrião? Ele é um ser humano já (imediatamente) concebido. Ninguém pode negar que o embrião é o ser humano em sua forma concebida, gerada. Um embrião, se não for interrompido, morto, será uma criança pronta para sair do ventre materno, e continuar o seu desenvolvimento, até se tornar alguém adulto.

É inútil a discussão sobre até quando um embrião humano pode ser intencionalmente destruído. Um embrião humano não é um ser humano imaginado (seja ele amado ou odiado); ele é um ser humano já concebido, gerado.

É poderoso o argumento, usado contra a degradação do meio ambiente e extinção de espécies vegetais e animais, baseado no interesse de nossas futuras gerações, que agora ainda existem. Este é um argumento baseado no respeito à vida, não somente à vida humana, mas também à vida em suas outras incontáveis formas de manifestação. Além disso, este é um agumento baseado na tese do respeito à vida humana, até em seu caráter potencial, gerações que ainda não vieram à existência.

De fato, precisamos mais do que simplesmente depender dos meios e instintos naturais para preservar o homem e as demais formas de vida que fazem da Terra um lugar único no Universo. Precisamos desenvolver um consciente respeito e amor à vida; amor e respeito que não somente se limite à sua manifestação presente, da qual fazemos parte, mas também à sua futura manifestação, mesmo que estejamos ausentes dela. Precisamos amar e respeitar as futuras gerações.

Se, portanto, devemos respeitar e amar os nossos (e também dos outros) filhos, netos, bisnetos e tataranetos que não nasceram, alguns dos quais nem conheceremos aquí, como não respeitar e amar os embriões, seres humanos em sua forma concebida, que já vivem?

Abortar é matar uma nova geração, seja ela minha ou de outrem, aborto intencional é falta de amor e respeito à pessoa humana. O aborto intencional é violência, um ato desumano.

Um Estado justo promoverá leis que protegem a vida de todos os seus cidadãos, ricos ou pobres, legítimos ou bastardos, desejados ou rejeitados, do presente e do futuro. Se alguma mãe ou pai, por qualquer razão que seja, não ama seu filho, este deve ser protegido deles, seja pela vizinhança, seja pelo Estado. Uma família adotiva é uma das melhores formas de impedir a intencional interrupção de uma vida humana, em seu estado intra-uterino.

Se a vida de uma gestante está em risco, ainda assim deve-se envidar todo esforço para proteger a vida de ambos; antes que, enfim, a angustiante decisão tenha que ser feita; como em algumas outras críticas situações, com profunda tristeza e frustração reconhecemos nossa limitação, se salvamos alguém ou alguns, mas não a todos.

Sejamos razoáveis, quem pode definir com quantas semanas ou meses de vida um ser humano pode ser abortado, e isto não se constituir crime (ato condenável). Se podemos considerar crime o corte de uma árvore ou a caça de um animal pelo que que isto trará às futuras gerações da humanidade, como não considerar crime interromper a vida de um ser humano já concebido?

Enquanto indivíduos, povo ou liderança, todos temos responsabilidade pelas decisões e posições que tomamos. Temos o dever de procurar identificar o que é honroso, justo e amável para, se necessário for, fazer disto uma lei (regra) escrita. Não podemos tentar transformar em lei algo que simplesmente nos seja conveniente, seja enquanto indivíduo, povo ou liderança. E a liderança tem a responsabilidade principal, não de agradar a indivíduos ou ao povo, mas de conclamá-los e ajudá-los a refletir sobre o que honroso, justo e amável.

Uma seqüência de maus líderes ou homens públicos (nos podêres executivo, legislativo e judiciário) pode causar a ruína de qualquer nação, inclusive de uma tão poderosa, como os Estados Unidos. Porém, o Brasil não tem tanto lastro; o Brasil não tem tanta “gordura”; no Brasil, o “fundo do posso” é mais próximo, não dá para esperar. Por isto, usando uma expressão bem característica do momento, o Brasil precisa ser “lavado a jato”.

Se o Estado cumprir o seu papel de guardar e promover a Justiça, e nós cidadãos observarmos os valores e princípios do Reino dos Céus, tão claramente expressos por Jesus em sua vida e ensinamentos registrados principalmente nos Evangelhos, o nosso país superará a presente crise, e ainda será uma forte e estável nação.



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