“Não é bom que o
homem esteja só”; foi Deus quem disse isto pela primeira vez, e logo depois
criou a mulher. O homem foi criado com grande aptidão para a vida social, seja
no casamento, família, vizinhança, cidade ou nação. Porém, a causa mais
fundamental de todos os conflitos humanos é a rebelião do homem contra Deus, a
natureza pecaminosa escolhida, herdada e alimentada pelo próprio homem.
As Escrituras
Sagradas (a Bíblia), que nos fornecem o conehcimento acima, sobre a
Criação e Queda do homem, também
apresentam Jesus Cristo como o único Mediador entre Deus e os homens, o único
capaz de reconciliar o homem pecador com o Deus Justo e Santo (2 Coríntios
5.18-21). Como uma imediata conseqüência do estabelecimento de nosso santo e
amoroso relacionamento com Deus, nós também percebemos a importância e desejamos
um santo e amoroso relacionamento com o próximo (Efésios 2.11-22). Uma grande
melhora em nosso relacionamento com o próximo de modo geral é possível e desejável
(Romanos 12.18), e facilita (pode ensejar ou criar opotunidade) à pregação do
Evangelho. Entretanto, a unidade e harmonia na Igreja (em cada congregação)
são, além de possíveis e desejáveis, absolutamente essenciais para o testemunho
de que Igreja deve dar no mundo (Jão 17.14-23).
O Evangelho de Jesus
Cristo une pessoas com Deus e consequentemente une pessoas separadas, e as une
de tal forma que isto transcende os limites de sangue, nacionalidade, língua ou
classe. E a mais convincente forma em que este poder redentivo do Evangelho se
manifesta é no modelo Neo-Testamentário da Igreja onde indivíduos e famílias se
congregam independentemente de sangue, nacionalidade, língua ou classe.
A Igreja é uma nação
universal, gerada em Cristo Jesus, uma nação espiritual presente e espalhada na
Terra, entre as nações étnicas. A Igreja
é caracterizada, não por cultura, língua ou sangue, mas pela fé em Jesus Cristo,
e o “novo nascimento” para o “reino de Deus” (João 3.1-15).
Em seu ministério
público, Jesus reuniu discípulos, com os quis mantinha relacionamente intenso.
Jesus andava com seus discípulos, ouvia-os e ensinava-lhes de forma regular e
sistemática. Jesus também falou de reuniões em seu nome, prometendo se fazer espiritualmente
presente nestas (Mateus 18.20).
Ao falar com seus
discípulos a respeito de sua volta ao trono celestial, junto com o Pai, e, por
isso, de sua temporária ausência visível (física) na Terra (João 14), Jesus
também, prometeu enviar o Espírito Santo, para permanentemente habitar com eles
(João 14.16-20), contituindo-os permanentemente Igreja ou igrejas de Jesus
Cristo na Terra.
Entre a sua ressurreição e ascensão, de volta ao Céu,
Jesus ordenou aos seus discípulos que continuamente fizessem outros “discípulos de todas as nações” e (Mateus
28.18-20):
§ Ordenou que batizassem os novos discípulos “em nome do
Pai, e do Filho, e do Espírito santo” –
o batismo representa o nascimento espiritual, para a nação espiritual (não
étnica), o reino de Deus;
§ Ordenou que ensinassem os novos discípulos a viverem
como discípulos de Jesus;
§ Prometeu estar com os seus discípulos neste processo
de crescimento como uma nação espiritual e universal, o crescimento do reino de
deus na Terra, “até a consumação dos séculos”, até que esta missão esteja
completamente cumprida.
É impossível não ver
uma Igreja universal e, ao mesmo tempo, um incontável número de igrejas entre
as nações étnicas, nesta Grande Comissão do Senhor Jesus Cristo. Portanto, a
Obra Redentiva de Deus em Cristo Jesus visa a formação de uma Igreja Universal,
contituída de necessárias igrejas locais. Esta Igreja formada de discípulos que
continuamente fazem novos discípulos também continuará existindo na Terra até a
“consumação dos séculos”. Enquanto isto, uma Igreja vencedora vai crescendo no
Céu, na medida em que morrem os membros da Igreja na Terra. Na “consumação dos
séculos”, a Igreja no Céu descerá e se juntará à Igreja na Terra, em “Novos Céus e Nova Terra”, sob o governo
universal e visível de Jesus Cristo.
Antes de sua morte e
ressurreição, Jesus ordenou aos seus discípulos a Santa Ceia (Mateus 26.26-29).
Ela representa a comunhão dos crentes em Jesus Cristo como uma família que
partilha uma única mesa. Pelo sangue (morte) de Jesus Cristo, representado no
vinho, os nossos pecados são apagados (eliminados), e nossa comunhão com Deus é
estabelecida, gantida e mantida (Romanos 4.24-5.1; 1 João 1.7); nos tornamos
filhos de Deus, e os que crêem formam uma irmandade. Esta irmandade se reune
regularmente para se alimentar do Pão Vivo – Jesus Cristo (João 6.33-35), na
pregação da Palavra de Deus (Mateus 4.4) ; o que também é representado no pão
da Santa Ceia. Assim, santificados e fortalecidos, os filhos de Deus podem
cumprir sua missão ou trabalho comum e contínuo
na Terra – fazer “discípulos de todas as nações”.
Após a ascensão de
Jesus Cristo, em obediência à própria determinação de Jesus, os discípulos ficaram
em Jerusalém, aguardando o cumprimento da promessa do derramamento do Espírito
Santo. Esta congregação, a princípio, se reuniu em um cenáculo, e depois se
reunia frequentemente no Templo para orar e louvar a Deus. Logo a congregação se tornou constituída de aproximadamente
120 pessoas, e sob a liderança de Pedro, elegeu apóstolo um discípulo chamado
Matias, em lugar de Judas (Lucas 24.44-53; Atos 1).
Após o cumprimento
da promessa do derramamento do Espírito Santo, em uma estraordinária resposta a
pregação cristocêntrica feita pelo apóstolo Pedro, a congregação em Jerusalém
cresceu para mais de 3000 membros, que foram logo batizados (Atos 2.37-41).
Provavelmente,
outros vários cenáculos em Jerusalém e arredores abriram suas portas para
hospedar as várias e contínuas reuniões em grupos menores; onde e sob a
liderança dos apóstolos, crentes-discípulos eram doutrinados, exerciam a
comunhão e partiam o pão (certamente incluindo a Santa Ceia) e oravam (Atos
2.41-42).
Uma tão grande
congregação, constituída também de muitos não residentes em Jerusalém, não só
dentre os primeiros 120 discípulos aproximadamente, mas também dentre os quase
3000 mil convertidos em face da pregação de Pedro, certamente demandava um
logistica apropriada; e isto significa, além de vários locais de reuinão, uma
estratégia para suprir necessidades, principalmente de alimentos. E, isto também
aconteceu, não motivado por uma imposição, mas por uma alegre e amorosa disposição,
comum à maioria dos crentes-discípulos de Jesus Cristo na primeira igreja da
Nova Aliança, em Jerusalém. Eles, “todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e fazendas e
repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade.” (Atos 2.44-45).
Estes crentes se reuniam em casas e também no Templo
de Jerusalém; a igreja ou congregação dos crentes-discípulos de Jesus Cristo
era notada na cidade, especialmente por sua “alegria e singeliza de coração”, e
“acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos (Atos 2.46-47).
Os apóstolos
pregavam publicamente em Jerusalém, especialmente no Templo (Atos 3); e, apesar
da simpatia do povo (Atos 2.47), as autoridades religiosas judaicas,
incomodadas pela pregação que anunciava, “em Jesus, a ressurreição dos mortos”,
prenderam Pedro e João (Atos 4.1-3).
Pedro e João foram
presos, entretanto, a igreja em Jerusalém countinuou crescendo, e logo chegou a
contar com aproximadamente 5000 homens (Atos 4.4). Quando Pedro e João foram
soltos, e relataram aos “irmãos” as ameaças das autoridades religiosas, a
igreja demonstrou quão comprometida estava com a pregação do Evangelho em
Jerusalém, louvando a Deus por haver cumprido sua promessa de Redenção em Jesus
Cristo, e pedindo a Deus poder para com intrepidez continuar anunciando a
Palavra do Evangelho de Jesus Cristo (Atos 4.23-31).
A congregação
cresceu, e o amor, a comunhão e a graça também (Atos 4.32-35). Porém, não
obstante o domínio e prevalência do amor, comunhão e graça, o pecado pecado se
manifestrou naquela saudável igreja em Jerusalém; e isto era de se esperar;
afinal, a Igreja na Terra, diferente da que já está no Céu, é constituída de
homens e mulheres ainda passíveis de pecar. O pecado cometido por Ananias e Safira é a
falsificação de uma prática (já mencionada) não imposta, mas espontânea, que
revela intensidade do amor que caracterizava a comunhão que havia na igreja em
Jerusalém. O pecado de Ananias e Safira foi desprezo, descaso para com o que
Deus, mediante o Espírito Santo estava operando na igreja redimida por Jesus
Cristo, em Jerusalém. Ananias e Safira tentaram introduzir algo falso na igreja,
onde a verdadeira obra da redenção estava se manifestando em grande poder. Eles
se atreveram a mentir, não somente perante a igreja, mas perante o Espirito,
Deus. Por isso foram punidos diretamente por Deus, de uma maneira incomum, como
os sacerdotes que trouxeram “fogo estranho” para o Tabernáculo (Levítico 10.1-3),
morte imediata.
A igreja em Jerusalém countinuou a crescer
(Atos 5.14), à medida em que os apóstolos, mesmo sob ameaça das lideranças da
cidade, “no Templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar
Jesus, o Cristo” (Atos 5.17-18, 40-32).
Devido ao grande e
rápido crescimento da igreja, a prática de assistir aos necessitados,
especialmente de alimentos, se tornou deficiente. Então, sob a liderança dos
Doze Apóstolos, entendendo que os Doze deveriam continuar se dedicando
especialmente à pregação do Evangelho publicamente e ao ensino dos crentes ou discípulos,
a igreja elegeu sete homens para corrigir as falhas e dar continuidade à
administração das necessidades, “servir às mesas” (Atos 6.1-6). E a igreja
continuou crescendo extraordinariamente (Atos 6.7).
Enfim, o ritmo do
crescimento da igreja em Jerusalém foi contido, e a beleza de sua comunhão foi
dissipada, não propriamente no sentido de fazer desaparecer, mas espalhar
(embora não fosse este o intento dos adversários). Após o martírio de Estêvão,
um dos eleitos para “servir às mesas”, e também pregador do Evangelho, uma
grande perseguição veio contra a igreja em Jerusalém, que foi dispersa “pelas
regiões da Judéia e Samaria (Atos7.54-8.2). Filipe, outro dentre os sete
eleitos para “servir às mesas”, e pregador, como Estêvão, pregou na cidade de
Samaria, e batizou os que creram, deixando estabelecida alí uma igreja (Atos
8.12), confirmada depois, por Deus, diante dos apóstolos Pedro e João, em um derramamento do Espírito Santo,
semelhante ao que antes ocorrera em Jerusalém.
Depois de
pregar o Evangelho em outras diversas cidades, Filipe chegou a Cesaréia (Atos
8.40). É possível que alí, Filipe tivesse direcionado sua pregação
principalmente a judeus e samaritanos; porém, logo Deus levou Pedro à casa de
um gentio chamado Cornélio, também morador de Cesaréia que, havendo reunido
outros vários gentios, esperava por Pedro (Atos 10.24). Pedro lhes pregou o
Evangelho de Jesus Cristo (Atos 10.34-43); e, quando Pedro estava chegando ao
fim de sua pregação, repentinamente, “também sobre (aqueles) gentios foi
derramado o dom do Espírito Santo”, como antes havia ocorrido em Jerusalém, e
depois em Samaria (Atos 10.45). Pedro não teve dúvida, “ordenou que fossem
batizados em nome de Jesus Cristo” (Atos 10.48). Ao sair de Cesaréia, Pedro
deixou alí uma igreja, agora constituída basicmante de gentios convertidos à fé
em Jesus Cristo. Depois disto, ainda que muitos dos crentes-discípulos
dispersos concentrassem seu testemunho de Jesus entre os judeus, alguns
avançaram, anunciado o Evangelho de Jesus Cristo também aos gentios, até a
cidade de Antioquia, da Síria (Atos 11.19-21).
Nesse tempo, apesar
da perseguição e dispersão, havia em Jerusalém uma igreja numericamente mais
modesta e materialmente mais pobre, porém ainda fiel, e que revelou seu
compromisso com a Grande Comissão de Jesus, enviando Barnabé à cidade de
Antioquia, para promover a organização e consolidação da igreja (Atos 11.22-24).
Em Jerusalém, Barnabé já havia promovido a aproximação entre os apóstolos e
Saulo, outrora duro perseguidor da Igreja, então convertido à fé em Jesus
Cristo (Atos 8.1; 9.1, 17-20, 26-27). Trabalhando em Antioquia, Banabé foi a
Tarso e trouxe Saulo para ajudá-lo em Antioquia, e alí permaneceram um ano
ensinando e pregado (Atos 11.25-26). A igreja em Antioquia, ao saber dos
sofrimentos da igreja em Jerusalém e Judéia, enviou ajuda (Atos 11.27-30), e
depois tornou-se um importante centro de atividades missionárias (Atos 13.1-3).
A partir de então, Paulo
e seus companheiros, em diversas cidades, pregaram o Evangelho, batizavam os
crentes e suas famílias (Atos 16.11-15, 27-33), e organizavam igrejas com os
seus presbíteros que haveriam de substituir os Apóstolos, se dedicando ao
ministério da pregação e ensino da Palavra, e seus diáconos que deveriam
“servir às mesas”, como os “sete” eleitos antes en Jerusalém (1 Timóteo 3.1-13).
Concluindo, cada
crente deve ser membro de uma fiel Igreja de Jesus Cristo; porque igreja não é
uma invenção do homem é um eterno propósito de Deus, uma instituição de Jesus
Cristo (Mateus 16.18; 1 Pedro 2.4-10), uma consequência, resultado ou fruto,
necessário e inseparável, da obra da Redenção que Deus está realizando entre as
nações.
Cada crente deve ser
membro de uma fiel Igreja de Jesus Cristo; também porque, para o pecador, ser
redimido ou salvo significa e implica em entrar e participar imediatamente na
comunhão dos filhos de Deus na Terra. Porque deveria alguém que despreza a
comunhão do filhos de Deus na Terra, esperar que participará da comunhão dos
filhos de Deus no Céu?
Se alguém professa
fé em Jesus Cristo, mas deliberadamente se mantém fora, afasta-se, ou
conserva-se na periferia da Igreja (e mais especificamente de uma fiel congregação
local da Igreja universal de Cristo), sua profissão de fé é falsa; pois o Evangelho
de Jesus Cristo é o Evangelho da reconciliação dos homens com Deus (2 Coríntios
5.19). Manter-se fora, afastar-se, ou conservar-se na periferia da Igreja é
rejeitar ou desprezar a ordenança de Jesus quanto ao batismo e Santa Ceia, o
significado e eficácia destes.
Não é possível que
alguém, de fato, creia em Jesus Cristo e seja a lheio e indiferente à missão,
sofrimentos, perigos e necessidades da
Igreja, que Jesus ama e resgatou com o seu precioso sangue (Efésios 5.25; 1
João 3.16).
Nota: Brevemente
publicaremos a continuação desta matéria, respondendo as seguintes perguntas:
Por que uma “fiel” Igreja?
O que caracteriza uma igreja infiel?
Como evitar que uma igreja se torne infiel?
Como restaurar uma igreja que se tornou infiel?
O que é uma igreja fiel?
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