O Dilúvio foi o
mais universal juízo de Deus sobre a humanide, já ocorrido. Dele, somente uma
família foi poupada, a família de Noé, e dela se repovoou a Terra (Genesis
10.32). Os sobreviventes da catástrofe universal, os descendentes de Noé (a única
família salva da destruição) constituíam a Igreja dos filhos de Deus, que
recomeçava na Terra, após o Dilúvio (Genesis 9.1-19; 1 Pedro3.20-21).
Algum tempo depois
do Dilúvio, a Igreja dos descendentes de Noé, cujo tempo de existência, número
de membros e situação espiritual não podemos conhecer com precisão, foi então seduzida
pelos sonhos de grandeza, fama e poder (Gênesis 11.1-4), e resolveram se
ajuntar em uma grande congregação na planície de Sinear, construindo uma grande
cidade com uma grande torre.
Vendo naquele grande projeto a oportunidade para uma rápida
proliferação do mal, assim como ocorrera antes do Dilúvio, Deus desaprovou
e frustrou aquele grande projeto,
dispersando a grande congregação de Sinear (Gênesis 11.5-9).
Como os
pré-diluvianos habitantes da Terra, aquela geração de Noé havia se esquecido de Deus como o Criador
e Redentor da humanidade; e mais, ela havia se esquecido de que era, em sua totalidade,
uma geração que Deus poupara da total destruição no Dilúvio; ela havia ignorado
a soberania e propósito de Deus na criação do homem e na redenção do pecador. Ao invés de
desfrutar da bondade e misericórdia de Deus com serviço e adoração (a forma de
amar a Deus – Mateus 22.37), a multidão congregada em Sinear buscava a sua
própria glória.
Os homens, feitos à
imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1.26), continuamente sofrem da tentação de
se tornarem iguais Deus (independentes, poderosos e admiráveis). Foi esta a
primeira tentação e causa do pecado (Gênesis 3.4-5).
Entretanto, estamos
infinitamente distantes da auto-suficiência de Deus, e até os mais poderosos
dos homens querem se cercar de uma multidão de amigos, servos, soldados e
admiradores (quer seja pela inteligência, força ou beleza). Também nos
orgulhamos de morar em uma grande cidade, de sermos parte de uma grande torcida
de um time de futebol, de termos muitos amigos em nossa rede social; nos sentimos
mais confortáveis quando pensamos de acordo com a maioria, ou temos a sua
aprovação. Até as grandes igrejas (congregações locais e denominações) exercem
grande fascínio, atração e influência sobre os cristãos.
Ser parte de um
grande grupo, tribo, nação, religião ou igreja realiza nossos sonhos de
grandeza, fama e poder, ou seja, a ilusão de que somos deuses, se não
isoladamente, pelo menos em uma grande união de forças. Se estamos sozinhos, ou
rodeados de pouca gente, nos sentimos inseguros e infelizes.
Entretanto, quando
decidimos nos juntar aos que estão empenhados em contruir uma grande torre,
como a que, pelo juízo de Deus, ficou conhecida pelo nome Torre de Babel, nós
ignoramos Deus, seu propósito em nossa Criação e Redenção, e o seu poder e a sua
glória.
A confiança em
nossos números é terrivelmente enganosa. Nossos números não impressionam a Deus
(Deuteronômio 7.7). Para eliminar a confiança de Israel em sua própria força,
Deus dispensou mais de 99% do exército sob o comando de Gideão, e com menos de
1% o fez vitorioso (Juízes 7.1-7). Deus desaprovou um censo ordenado por Daví,
no apogeu do seu reinado, certamente considerando a vanglória dos números (1
Crônicas 21.1-8).
Não podemos
construir torres que simbolizam ou expressam a confiança no poder do homem sem
romper com os propósitos e mandatos de Deus. Para
ajuntar o maior número possível de pessoas, ou para entrar nas grandes
correntes das multidões, precisamos abandonar os absolutos e relativizar as
verdades que encontramos nas Escrituras Sagradas. Porém, não foi para isto que
Deus nos criou e nos salvou.
Para preservar suas
multidões alcançadas ao preço da infidelidade à Palavra de Deus, e atrair
outras, o atual Papa da Igreja Católica Romana tem acenado a uma nova ética
sexual; e, recentemente, ele declarou que a teoria de evolução é compatível com
o relato bíblico da Criação. O mesmo já vem acontecendo em seguimentos do
Protestantismo.
Hoje, a
predominante forma de evangelismo dos chamados Evangélicos nada mais é que a
proposta de, com Jesus, trazer ao ser humano as suas grandes aspirações como
amor, paz e relacionamento entre outras justas aspirações do homem (isto, entre
os mais idealistas) ou cura e prosperidade (entre os mais pragmáticos). Tal
forma de evangelismo é caracterizada por minimizar a gravidade do pecado, e ignorar
que este é a causa da separação ou inimizade entre Deus e o homem. Esta justa
inimizade é irreconciliável, exceto pela cruz de Cristo Jesus; o que este
predominante estilo de evangelismo torna em um detalhe sem grande importância (1
Coríntios 1.17-18; Efésios 2.13-18; Filipenses 3.18). Certamente, um Jesus sem
cruz é mais atraente ao homem arrogante, que não reconhece o pecado e sua
gravidade; porém, este com certeza não é o Jesus das Escrituras, por quem elas
existem (João 5.39).
Uma recente pesquisa feita nos Estados Unidos revela
os resultados de um evangelismo que evita certas verdades bíblicas que são
consideradas ofensivas à mentalidade contemporânea (Ligonier Ministries,
LifeWay Research and TheStateOfTheology.com:
§ Somente 51% do s Evangélicos acreditam que até o menor
pecado merece condenação (da parte de Deus);
§ Dos Evangélicos 44% acreditam que, embora cometa
pecados, a maioria das pessoas é boa por natureza;
§ Dos Evangélicos, 68% acreditam que é do homem a
iniciativa para a reconciliação com Deus;
§ Dos Evangélicos 54% acreditam que o homem, com as suas
obras contribui para a sua salvação.
Que crescimento de
igreja é este? Que exército de Deus é este, em que os seus indisciplinados soldados
precisam não precisam dominar seus desejos impróprios? Que multidão de “crentes”
é esta que não crê na Palavra de Deus? Que cristãos são estes, que não conhecem
a Jesus Cristo?
Deus criou o homem
e a mulher, abençoou-os, e lhes ordenou “sede fecundos, multiplicai-vos e
enchei a terra” (Gênesis 1.28). Após
salvar do Dilúvio a geração de Noé, Deus também ordenou: “sede fecundos e
multiplicai-vos, povoai a terra e multiplicai-vos nela” (Gênesis 9.7). À Igreja
iniciada em Jerusalém, Jesus também ordenou avançar, crescer entre as nações
(Mateus 28.18-20; Marcos 16.15; Lucas 24.46-47). Entretanto, o crescimento que
Deus ordena, aprova e sustenta é somente aquele que acontece associado à
confiança, fidelidade serviço e glória a Deus. Quando o homem pecou originalmente, a bênção
foi substituída pela maldição (Gênesis 3.17). Quando os resgatados do Dilúvio
passaram a buscar a própria glória, construindo a Torre de Babel, Deus desfez a
sua união, dispersou-os pela Terra, e confundiu sua linguagem (Gênesis 11.8-9).
Como a igreja
iniciante em Jerusalém, após haver recebido o prometido grande “derramamento do
Espírito Santo, se sentia confortável em seus “quase cinco mil” membros (no
mínimo), e se demorava em sair para anunciar Jesus Cristo em toda a “Judéia,
Samaria, e até aos confins da terra” (Atos 1.8) (inclusive os seus milhares de
membros que nem eram originalmente moradores de Jerusalém); a providência de
Deus empregou uma grande perseguição, iniciada após o martírio de Estevão, para
dispersar a grande igreja em Jerusalém, que começou a pregar “nas regiões da
Judéia e Samaria” (Atos 8.1-8).
O poder da igreja
não depende do número de seus membros, nem de sua arrecadação financeira ou de
seu patrimônio material. O poder da Igreja está no fato de ser ela habitação (casa)
de Deus, o Espírito Santo (1 Coríntios 3.16). Para que uma igreja continue
sendo habitação de Deus, ela deve ser arrumada conforme a vontade soberana de
Deus, para a glória e satisfação de Deus (2 Timóteo 3.14-16), não conforme
nossos sonhos de grandeza, fama e poder.
Fomos chamados para
ingressar e tomar parte na construção da Igreja de Deus, não para construir
Torres de Babel (confusão, em vitude da desaprovação de Deus). Apesar do grande
movimento de apostasia de nosso tempo, precisamos preservar o conteúdo bíblico
do Evangelismo, e as razões e princípios bíblicos para a edificação da Igreja.
Quando evitamos
algumas verdades bíblicas para facilitar a agregação de membros, deixamos de
construir a Igreja de Cristo para edificar uma Torre de Babel; assim como a
original Torre de Babel recebeu o juízo de Deus, assim têem sido julgadas as suas
réplicas. Israel e Judá tiverem suas torres de Babel julgadas. Nestes dois mil
anos de história da Igrejas outras torres de Babel também têm sido contruídas pelos
homens e desprezadas por Deus. A Reforma do século XVI foi um grande juízo de Deus
contra a torre de Babel do Catolicismo Romano.
Hoje, além do
Catolicismo Romano, também existem torres de Babel Protestantes; e elas estão
se multiplicando rapidamente. Por isso,
conclamamos os filhos de Deus a voltarmos
ao “primeiro amor” (Apocalipse 2.4), o amor a Deus “... de todo o teu coração,
de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” (Mateus 22.37). Isto é voltar ao
encantamento com a glória de Deus, sumamente revelada em Cristo Jesus (2
Coríntios 4.1-6). Este é o Cristo das Escrituras (João 5.39), não a caricatura
de um cristo “reconstruído” para agradar aos pecadores arrogantes e
impenitentes, com os quais queremos encher ou manter nossas igrejas grandes.
“Tenho ouvido, ó
Senhor, as tuas declarações, e me sinto alarmado; aviva a tua obra, ó Senhor,
e, no decurso dos anos, faze-a conhecida; na tua ira, lembra-te da
misericórdia." (Hacuque 3.2)
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