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Wednesday 24 September 2014

A Igreja de Cristo É o Reino de Deus em Progressiva Manifestação na Terra


O Evangelho Segundo Mateus é basicamente identificado como o “Evangelho do Reino”. De fato, uma de suas mais carcterísticas expressões é o “reino dos céus”, equivalente a “reino de Deus” nos demais Evangelhos.

Mateus apresenta Jesus como o herdeiro do reino de Daví (Mateus 1.1). Este herdeiro do trono de Daví não é um rei comum; Ele salva o seu povo dos seus pecados (Mateus 1.21). Ele é certamente o Rei prometido por meio do profeta Isaías (Isaías 9.6-7).

Com Jesus veio o reino dos céus (Mateus 4.17), não com forma ou aparência opulenta, como profetizou Zacarias (Zacarias 9.9); e logo, Jesus começou a escolher homens com o propósito de fazer deles “pescadores de homens” (Mateus 4.19) para o reino dos céus. Os seguidores próximos de Jesus são chamados de “discípulos” (Mateus 5.1).

Aos seus discípulos, Jesus apresenta os “estatutos” do reino dos céus (Mateus 5-7). Estes são tão justos quanto a Lei trazida pelo profeta Moisés, mas têm uma especial ênfase na “misericórdia” (Mateus 5.7; 9.13; 12.7).

Ao chamar o publicano Mateus para juntar-se aos seus discípulos (Mateus 9.9), Jesus se vê rodeado de “publicanos e pecadores”; ao ser questionado por tal associação, Jesus respondeu que veio chamar pecadores (Mateus 9.13), isto é, salvar pecadores (1.21), chamando-os ao arrependimento e ao reino dos céus (4.17) – o reino dos céus não deve estar socialmente separado do mundo, mas se distingue por seus “estatutos” justos e misericordiosos.

Quando pregava o “evangelho do reino” ao povo, Jesus falou aos seus discípulos da grande seara que são as multidões (“ovelhas que não têm pastor”) e os estimulou a orar por mais trabalhadores (Mateus 9.35-38).

Jesus separa “doze discípulos” que são chamados “apóstolos”, e lhes dá autoridade semelhante à sua, para pregarem o “reino dos céus” (a princípio, dando preferência à “ovelhas perdidas da casa de Israel), exortando e encorajando em relação às dificuldades que terão a enfrentar, requerendo que sejam simples, humildes, mansos, mas corajosos (Mateus 10).

Jesus chama os “cansados e sobrecarregados” (“multidões... aflitas e exaustas” 9.36) para o seu governo (“jugo”) e ensino; pois Ele é o prometido Rei, “manso e humilde de coração”; embora Ele seja o soberano Senhor, do templo e do sábado (Mateus 11.28-12.8).

Em meio a controvérsias, graves ofensas (blasfêmias) e conspirações da parte dos líderes religiosos, chamados “pastores” das “ovelhas da casa de Israel” (Mateus 12), Jesus proferiu várias parábolas que revelavam aos seus discípulos os “mistérios do reinos dos céus” (Mateus 13, [11]).

Então, Jesus, em resposta ao reconhecimento de que Ele é “o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mateus 16.16) se refere ao seu reino como a sua “igreja”, contra a qual “as portas do inferno não prevalecerão” (Mateus16.18).

No fracassado “reino de Israel” cresce a rejeição  ao Salvador, Jesus (1.21) Cristo, o Filho do Deus vivo” (16.16); mas, Jesus anuncia que “será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações” (Mateus 23.37-24.14; [24.14]), antes do fim (24.14), a consumação do estabelecimento do “reino dos céus” na gloriosa volta de Jesus Cristo (Mateus 24.15-25-46).

Jesus Cristo foi morto, em parte pela conspiração dos homens, mas principalmente para cumprir o propósito de Deus, segundo o qual Jesus morreu em lugar dos pecadores a quem veio salvar, e receber em seu reino (Mateus 26.26-29; Atos 2.22-24, 36-39). Sim, Ele ressurgiu ao terceiro dia, como havia prometido (Mateus 28.6), e ascendeu aos céus (Marcos 16.19), de onde governa todos os poderes, visíveis e invisíveis (Efésios 1.19-23). Antes, porém, ordenou aos seus discípulos: “Ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século (Mateus 28.19-20).

Fazer “discípulos de todas as nações”, esta é a “grande comissão” de Jesus aos seus discípulos, e isto significa ou compreende:

§   Pregar “o evangelho do reino” a todas as nações (Mateus 24.14);

§   Pelo batizmo, sinalizar, o ingresso no reino dos céus (a Igreja de Jesus Cristo) daqueles que crêem no evangelho – Jesus, o Salvador (1.21), o Cristo, o Filho de Deus (16.16).

§   Ensinar toda a revelação de Deus que faz dos discípulos de Cristo (os cidadãos do reino dos céus ou membros da Igreja) adoradores do Deus Triúno e obedientes servos de Jesus Cristo.

Não podemos levar a Igreja ao mesmo fracasso de Israel; não podemos, mas, tentamos; não podemos, entretanto, Jesus Cristo não permitirá que isto aconteça.

Precisamos tomar todo o cuidado em não tentar usurpar a Igreja (ou uma igreja) de seu único Senhor, Jesus Cristo. A igreja não é nosso negócio, hobby, associação ou clube. Israel era igreja de Deus; porém, quando Deus, cumprindo sua promessa, veio em Cristo, Israel o rejeitou; e, assim foi, porque Israel, apesar de haver sido instrumentalizado por Deus para dar ao mundo as Escrituras Sagradas (Antigo Testamento), havia substituído as Escrituras pelas doutrinas e tradições criadas através de séculos de intensa atividade religiosa, e transformada a nação santa em um negócio dos homens.

A Igreja está destinada a ser a progressiva manifestação do reino dos céus até a sua consumação na volta de Jesus Cristo. A Igreja é a manifestação progressiva do reino dos céus de modo muito mais pleno do que poderia ter sido Israel, mesmo que fosse fiel à Palavra de Deus (as Escrituras). Israel era Igreja e Estado; a Igreja é o reino dos céus independentemente do Estado. A Lei (ou estatutos) de Israel (Lei de Moisés) é a lei de uma igreja-estado.

Entretanto, a lei da Igreja (reino dos céus) é a regra do “Sermão do Monte”, mais rigorosa quanto às intenções do coração que qualquer lei poderia ser (Mateus 5.17-37), e mais cheia de compaixão pelos trangressores e de perdão (Mateus 5.38-48).

A lei da igreja-estado prescrevia diversas penalidades e até condenava à morte os homicidas, adulteros e falsos profetas; mas a Igreja (o reino dos céus) chama a todos e quaisquer pecadores ao arrependimento dos pecados e reconciliação com Deus, por meio da fé em Jesus, o único Mediador entre o Deus justo, santo e misericordioso e nós, os pecadores (1 Coríntios 6.9-11).

No contexto em que Jesus Cristo falou da edificação de sua Igreja, Ele mencionou a autoridade da Igreja em abrir as portas do reino dos céus (Mateus 16.19). A missão da Igreja é, pelo Evangelho, derrubar as “portas do inferno” (Mateus 16.18) e libertar os cativos, cansados e oprimidos, acolhendo-os em seu seio, no reino dos céus.

As Escrituras não devem ser utilizadas para criar regras humanas de censura e exclusão de cidadãos do reino dos céus:

§   As Escrituras são o veículo de comunicação de Jesus Cristo e sua obra redentiva (João 5.39).

§   Como consequência de seu principal propósito, as Escrituras são também instrumento de formação do caráter de Jesus Cristo nos crentes, e visam dar o conhecimento necessário e útil aos cidadãos do reino dos céus, até à consumação do reino (2 Timóteo 3.14-17).

Portanto, a Igreja somente deve censurar ou excluir (Mateus 18.15-20) os que, negando a própria fé, se recusam a abandonar o erro (seja doutrinal ou prático), que é indubitavelmente definido nas Escrituras, como passível de censura ou exclusão.

Como um último recurso, visando a recuperação do próprio membro que insiste no erro, e para evitar a corrupção dos demais membros, Igreja de Cristo deve, censurar e, por fim, até excluir quem, por exemplo, nega a exclusividade de Jesus Cristo como o Salvador dos homens (Mateus 1.21), sua plena divindade e humanidade (Mateus 16.16), e o ser Triúno de Deus (Mateus 28.19). A igreja deve censurar e até excluir os que insistem em adorar a Deus por modo contrário à Sua vontade expressa, tratam levianamente ou desprezam o culto a Deus (Êxodo 20.1-11), e os que insistem em violar o devido respeito à vida humana (Êxodo 20.12-17).

Entretanto, a Igreja não deve censurar ou excluir por causa de “comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados...” (Colosenses 2.16). A Igreja não deve ter uma mentalidade excluidora, mas inclusiva (Romanos 14.1-15.13); a Igreja deve amar e  acolher, instruir e aconselhar o fraco, o “débil na fé” (Romanos 14.1). Há um limite na competência julgadora da Igreja, que visa a correção do faltoso e guardar a Igreja da contaminação pelo erro relativo ao culto a Deus e o respeito à vida humana. Há questões que estão fora do escopo disciplinar da Igreja; e, estas, a Igreja deve deixar exclusivamente aos cuidados da soberania divina (Romanos 14.10-12), para não incorrer no pecado causar “tropeço ou escândalo” ao irmão (Romanos 14.13), e confusão ao reino dos céus.

Também, não é papel da Igreja exigir que o Estado execute a pena de morte, mas seguindo o exemplo de Jesus (João 8.1-11), deve sugerir ou pedir a misericórdia para com os pecadores arrependidos. Embora existam semelhanças entre os profetas do Antigo Testamento e o apóstolos do Novo Testamento; não podemos ignorar o fato de que aqueles exerceram seu ofício no contexto da Igreja-Estado de Israel; mas, os apóstolos exerceram seu ofício no contexto da Igreja da Nova Aliança que é mais plena ou completa, como manifestação do reino dos céus, como jamais Israel poderia ter sido. Um profeta poderia requerer ou até executar a pena de morte (1 Samuel 15.33), um apóstolo reconhecia o poder da vara e da espada do Estado (Romanos 13.1-7), mas sempre apelava para a compaixão, o perdão e a reconciliação (Filemon 8-18); assim deve fazer a Igreja hoje.

Se a Igreja deve mostrar compaixão para com os que estão fora dela, não poderia ser diferente para com os que lhe pertencem e a formam. Sem ignorar o fato de que nela se introduzem “inimigos de de Cristo” ou “lobos vestidos como ovelhas” que devem ser identificados e excluídos (1 Coríntios 5.9-13); a Igreja não pode ignorar que o Senhor Jesus Cristo com sua Igreja (que é seu corpo, seus ramos e seu edifício) é o abrigo e fortaleza para todos os pecadores, cansados e oprimidos, arrependidos e crentes (2 Coríntios 2.5-11), e que os “débeis na fé” não estão excluídos.

A Igreja da Nova Aliança é a mais plena e progressiva manifestação do reino dos céus, e jamais fracassará. Ela perseverará até a consumação do reino dos céus; porque Jesus Cristo já veio, e, havendo cumprido seu prometido “sacrifício redentivo” tornou possível o também prometido “derramamento do Espírito Santo”, e, consequentemente, a “inscrição da lei nos corações” (Jeremias 31.33; Ezequiel 36.24-28) dos filhos do reino dos céus, de modo que a lei da Igreja seja apropriadamente chamada “a Lei do amor” que se resume em dois mandamentos: “amarás o Senhor, teu Deus, de todo coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento... Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22.36-40).

Que sabendo estas coisas, nós, crentes individualmente e igrejas consciente, ativa e devotadamente busquemos o progresso do reino dos céus durante o precioso tempo que Deus nos dá agora, e não sejamos encontrados trazendo confusão e divisão ou promovendo obstáculos ao progresso da Igreja de Cristo, o reino dos céus, já presente na terra.

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