Adão foi criado
perfeito, mas caiu (Eclesiastes 7.29). Alguns homens e mulheres como Abraão e
Sara, Jó, Moisés, Samuel, Daví, Maria, Pedro e João, embora sejam exemplares em
sua conduta e vida, jamais foram perfeitos. O apóstolo Paulo, se chamou um “desventurado”
pecador (Romanos 7.12-25).
Somente um homem jamais
pecou, Jesus Cristo o eterno Filho de Deus que também se tornou Filho do Homem,
ao assumir a natureza humana, contudo, conservando absolutamente íntegra a sua
natureza divina. Jesus Cristo é chamado o “Último Adão”, em contraste com o
primeiro (“alma vivente”) que pecou e morreu, com toda a sua geração regular. O
Último Adão, Jesus Cristo, além de jamais haver pecado, morreu pelos pecadores,
porque o salário do pecado é a morte (Romanos 6.23), e ressuscitou vencendo
definitivamente a morte; e por isto, Ele é também chamado de o “Espírito vivificante”
(1 Coríntios 15.45-49). Jesus Cristo é chamado o Último Adão porque Ele
realizou aquilo em que o primeiro Adão falhou – receber para si e para suas
gerações a vida eterna ou eterna comunhão com Deus. Por sua vida justa (absolutamente
impecável) e sua morte em lugar dos pecadores, Jesus Cristo adquiriu perante a
justiça divina o direito de conceder a vida eterna (eterna comunhão com Deus)
aos pecadores que com justiça, estavam condenados à morte eterna. Foi por isso,
que Abraão foi justificado pela fé (Gênesis 15.6; Romanos 4.9); Maria se
gloriou em Deus, seu Salvador (Lucas 1.39-47); e o “desventurado” Paulo somente
encontrou esperança e graça em Deus, por meio de Jesus Cristo (Romanos
7.24-25).
Reconciliados com
Deus, por meio de Jesus Cristo, devemos diligentemente perseguir ou buscar a
santidade de vida, a santidade como a principal característica do nosso modo de
viver (João 17.17; Hebreus 12.14). Porém não a “santidade” hipócrita que oculta
o pecado sob a cortina da religiosidade, nem a “santidade” sem compaixão e
misericórdia para com outros pecadores, nem tão puco a “santidade” arrogante e
vaidosa baseada em nossa própria ilusória habilidade para cumprir a lei de
Deus. Quem verdadeiramente entendeu ou Evangelho (a doutrina da salvação pela
fé em Jesus Cristo) sabe que é somente pelo “sangue” e “óleo” (Levitico
8.22-30; 14.1-32) que ingressamos, permanecemos e progredimos no caminho da
santidade, ou seja, pelo sangue de Jesus Cristo (1 João 1.5-10), e pelo óleo do
Espírito Santo (1 João 2.27-29).
Não fosse a
misericórdia e o plano de Deus somente viveríamos pecando, até à morte, mesmo
depois de regenerados (1 João 5.18). Nossos pecados são verdadeira, legítima e
naturalmente nossos (Tiago 1.12-15; Romanos 7.14-23); qualquer justiça ou bem
que praticamos e verdade que falamos são provenientes de Deus somente, e não de
nós propriamente (Tiago 1.16-18; Filipenses 2.12-15). Somos culpados de uma
grande variedade de pecados e capazes para absolutamente todos os pecados, até
aqueles que, impedidos pelo cuidado e providência de Deus, ainda não cometemos;
e, para não cometê-los, dependemos totalmente do poder santificador do Espírito
Santo. Somos incapazes, exceto pela graça e providência de Deus, além do poder
do Espírito Santo, de qualquer perfeita justiça, boa obra ou verdade.
Abraão, Moisés,
Samuel, Daví, Maria, Pedro, João e Paulo somente realizaram o que realizaram
pela graça e propósito de Deus. Estes todos eram pecadores, e somente não
cometeram os pecados que pela soberana ação de Deus foram impedidos de cometer.
Os seus pecados que ficaram registrados na Bíblia, assim o foram para nossa
instrução e advertência, como por exemplo: a precipitação do paciente Jó (Jó
42.1-6), a irritação do manso Moisés (Números 20.1-13), e a traição do fiel
Daví (2 Samuel 11.1-12.25).
Assim como Jó,
Moisés e Daví, temos da parte de Deus um grande Redentor – Jesus Cristo, graças
a quem, apesar de nossa, ainda não completamente eliminada habilidade para
pecar, somos sempre conduzidos ao arrependimento, impedidos de permanecer no
pecado e colocados de volta no caminho da santificação, para a glória de Deus
(Romanos 8.31-39). E, como em todos o três exemplos citados acima, a Palavra de
Deus é sempre o instrumento que eficazmente nos chama ao arrependimento
(Apocalipse 2.1-7).
Quantas vezes, e
mais amargamente do que Jó, falamos contra o Senhor suas obras, mesmo sofrendo
menos do que Jó? Quantas vezes, como Moisés,embora em situações não tão
estressantes, também ferimos com
palavras e atitudes a rocha da nossa salvação, Jesus Cristo, quem é a nossa
única fonte da água da vida? Quantas outras vezes, como Daví, também pecamos
diretamente contra o nosso irmão ou irmã, ferimos a conciência dos nosso irmão
e irmã, a quem deveríamos edifcar e consolar pela Palavra de Deus, e ao próximo
a quem devemos alcançar com a pregação do Evangelho?
Não há a lugar
presunção e orgulho. Perante Deus, nossa alma deve se humilhar “até ao pó”, e
somente se levantar em profunda gratidão. Somente podemos ser humildes no trato
com os homens; e precisamos cultivar a compaixão para com os que ainda não
conhecem o Evangelho da graça salvadora e para com a Igreja de Jesus Cristo na
terra, ainda sujeita à capacidade de pecar. A Palavra de Deus é o instrumento
de reconciliação dos pecadores com Deus; mas o amor e compaixão é a motivação
dos “mensageiros da paz” ou da reconciliação com Deus, a motivação dos
edificadores da Igreja de Deus, entre os homens.
Que Ele, Jesus
Cristo, cresça, e eu diminua; que o dom da vida eterna (a inquebrávell comunhão
com Deus) recebido da parte de Jesus Cristo, progrida para a plenitude do
Espírito Santo; que o nosso velho homem (natureza) continue sendo queimado no
altar da santificação. Que Deus nos livre de pecar e de causar escândalo entre
os “pequeninos” na igreja e perante o mundo, e faça de nós humildes servos,
vasos cheios da fragrância de amor e compaixão do nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo.
Que Deus nos livre
da vanglória; ela é totalmente incompatível com a nossa relação com Deus, e nos
afasta dos homens, tornando-nos incapazes de servir a Deus na tarefa da reconciliação do homens com
Deus, dentro ou fora da igreja.
Nossa única glória
é a glória de Deus, especialmente a glória de sua incompreensível misericórdia
revelada em Jesus Cristo. O encantamento (estado de estar maravilhado) com a
glória de Deus, vista em Jesus Cristo, nos faz felizes e humildes, enche o nosso
coração de amor e compaixão, fazendo-nos com Cristo, daqueles “sabios” que “resplandecerão
eternamente”, e que por “muitos conduzirem à justiça” serão “como as estrelas,
sempre e eternamente” (Daniel 12.3). Esta é a nossa verdadeira e única glória.
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