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Saturday 24 March 2012

Pode Alguém Ter Certeza de que a Bíblia É a Palavra de Deus?

Que cada um e todos os livros da Bíblia chegaram até nós, em nossos dias, plenamente preservados, disto não há a menor duvida. Existe uma ciência, chamada Crítica Textual, cuja especialidade é reconstituir ou atestar a fidelidade de uma obra literária após um longo processo de producão de cópias, traduções e mais cópias. A Bíblia não é a única obra literária (a Bíblia na verdade é um conjunto de obras literárias) que foi objeto da Crítica Textual, mas é sem dúvida a sua campeã; pois nenhum tipo de literatura antiga possui um acervo de manuscritos tão rico quanto a Bîblia, e isto considerando os aspectos quantidade, antiguidade e qualidade destes manuscritos. A Bíblia chegou intacta ou íntegra até nós, hoje.
Não foi o povo judeu que definiu o cânon do Antigo Testamento? E depois, não foi a Igreja ou Cristandade que aceitou e absorveu o cânon do Antigo Testamento, definiu o cânon do Novo Testamento, e finalmente juntou as duas coleções que formam a Bíblia? Com razão, também podemos perguntar não foram estes escritos que por seu próprio caráter e poder persuasivo impressionaram primeiramente os judeus e depois o cristãos, de modo que se radicaram em suas história, cultura e fé, de modo a formar um Cânon?
Como podemos acreditar que o que homens como Moisés, Samuel, Daví, Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel (Antigo Testamento) ou Mateus, Marcos, Lucas, João, Paulo e Pedro (Novo Testamento) escreveram é a Palavra de Deus?
Podemos acreditar que a Bíblia é a Palavra de Deus apesar das contradições entre a Bíblia e a ciência, ou, mais precisamente, entre a Bíblia e diversas teorias científicas? As radicais mudanças de comportamento que vão se estabelecendo nas sociedades contemporâneas, sob a aprovação de ciências como psicologia e sociologia, e da ciência juridica, não se constituem em um direto desafio à nocão de que a Bíblia é a Palavra de Deus? Porém, precisamos do aval da ciência para acreditar que a Bíblia é a Palavra de Deus?
Podemos apresentar evidências morais de que a Bíblia é a Palavra de Deus; entretanto, há outras literaturas religiosas e não religiosas que também mostram elevadas características morais, sem contudo demandarem o reconhecimento de que são Palavra de Deus.
Podemos encontrar e listar algumas evidências lógicas de que a Bíblia é a Palavras de Deus; e, além disso, podemos tambem apelar para evidências arqueológicas que confirmam a credibilidade da Bíblia; e, consequentemente, que ela é a Palavra de Deus. Também podemos demonstrar através de uma seqüência de extraordiários cumprimentos proféticos, na História, que a Bíblia é a Palavra de Deus.
Embora possamos estar convictos de que a Bíblia é a Palavra de Deus pelo testemunho interno do Espirito Santo, temos que reconhecer que este testemunho é subjetivo, e comum somente aos que crêem nisto.
Entretanto, a maior prova de que a Bíblia é a Palavra de Deus está nela mesma ou é ela mesma, é o seu teor, a sua própria mensagem, o seu foco, o seu assunto principal, o seu tema - Jesus Cristo. É por sua forma progressiva, consistente e conclusiva como apresenta Jesus Cristo que somos convencidos de que a Bíblia é a Palavra de Deus.
Não é pelo testemunho de uma pessoa ilustre, um “santo homem” ou um profeta isoladamente (João 5.33-34), não é pela tradição judaica, nem pelos concílios da Igreja que cremos que  na Bíblia como a Palavra de Deus. Isto também não depende da aprovação de qualquer ciência (1 Coríntios 1.18-25). É tão somente pela própria Bíblia, no modo como ela revela Deus, em Jesus Cristo, reconciliando consigo o mundo (2 Coríntios 5.19), que somos convencidos de que a Bíblia é a Palavra de Deus.
A Bíblia começa precisamente afirmando que todo o universo é criação de Deus (Gênesis 1.1), e que o homem, Deus também o criou, à Sua própria imagem e semelhança (Gênesis 1.26-27); a partir daí, a Bíblia é sobre a obra de Deus na redenção do homem e, consequentemente, de toda a Criação (Gênesis 3).
Jesus Cristo está presente em toda a Bíblia. No Antigo Testamento, Ele é o Salvador (Redentor) prometido; no Novo Testamento, Ele é o Redentor já vindo, presente. Jesus Cristo é mencionado na Bíblia como existentente antes de qualquer criação, e ativo na própria Criação, conforme pressuposto no plural do verbo “criar”, no Livro de Gênesis, e confirmado no Evangelho de João (Gênesis 1.26; João 1.1-3). A “árvore da vida” cujo fruto tem o poder de dar ao homem a vida eterna é o mais remoto símbolo de Jesus Cristo (Gênesis 2.9; 3.22), que no Evangelho de João é apresentado  como a fonte de luz e vida para o homem (João 1.1-4; 11.25). Jesus é mencionado logo no princípio da História da Redenção, como o Redentor (Gênesis 3.15; Hebreus 2.14; Apocalipse 12.9-11); e até o modo como Jesus Cristo redime o pecador é indicado – o derramamento de seu próprio sangue (Gênesis 3.21; 4.4; João 1.29; Efésios 1.5-7).
Jesus é visto, através dos séculos, acompanhando a redenção do povo de Deus; pois Ele é o Anjo (mensageiro de Deus) que em suas manifestações anteriores à encarnação do Verbo (João 1.1-3,14) é mencionado como Deus, ou recebe adoração como Deus: Ele é o Anjo ou Homem que se manifestou aos patriarcas Abraão e Jacó (Gênesis 18 e 19; 32.22-30), o Anjo que acompanhou a nação em sua peregrinação (Êxodo 32.30-33.23), o Anjo que se manifestou a Gideão (Juízes 6.22), e o quarto “homem” visto na fornalha, junto com o três amigos do profeta Daniel (Daniel 3.24-25).
Jesus Cristo é o grande foco e esperança dos profetas: o “Emanuel” (Deus Conosco) filho de uma virgem (Isaías 7.14), o menino que haveria de tornar realidade o próprio reinado de Deus sobre o seu povo, chamado “Maravilhoso Conselheiro”, “Deus Forte”, “Pai da Eternidade” e “Príncipe da Paz” (Isaías 9.6), do prefeta Isaías. Jesus é o “Servo do Senhor” o “Justo” que sofre pelos pecados dos homens e os justifica, tão ricamente descrito pelo profeta Isaías (Isaías 52.13-53.13). Jesus é o “Renovo de Daví, também chamado “Senhor, Justiça Nossa” do profeta Jeremias (Jeremias 23.5-8). Jesus é o Rei-Pastor do povo de Deus, antevisto pelo profeta Ezequiel (Ezequiel 34.23-24; 37.24-25). Jesus Cristo é o “Filho do Homem” que vêm do céu, para reinar sobre todos os povos e nações, cujo reino é eterno, e jamais será destruído, das visões do profeta Daniel. Jesus é o Rei de Israel “cujas origens são desde a eternidade”, do profeta Miquéias (Miquéias 5.2), o “Rei justo e salvador e humilde” do profeta Zacarias (Zacarias 9.9), o Senhor, o desejado “Anjo da Aliança” que vem, do profeta Malaquias (Malaquias 3.1).
Jesus é mencionado simbolicamente de diversas maneiras no Antigo Testamento: No “cordeiro da Páscoa” (1 Coríntios 5.7), na rocha da qual saiu água (1 Coríntios 10.1-4), no maná (João 6.48-58), no tabernáculo (João 2.13-22), no fio escarlata que identificou Raabe e sua família como os únicos habitantes de Jericó a serem poupados (Josué 2.12-19), nos ofícios do rei, do sacerdote e do profeta que, como pastores, apascentaram o povo de Deus.
No Novo Testamento, Jesus é Profeta que culmina e finaliza a Palavra de Deus aos homens (Hebreus 1.1-3), o Sacerdote que, não simbolicamente, mas de fato, salva os pecadores, pois de fato expia as suas culpas com o seu próprio sacrifício (Hebreus 7.22-27). Ele é o Rei onipotente que, em sua morte e ressurreição assumiu o seu reino, iniciando e ordenando uma conquista que será absolutamente vitoriosa (Apocalipse 7.9-17; 22.1-5). Jesus Cristo é o eterno Filho de Deus que, no tempo e espaço assume a natureza humana e os os três ofícios mencionados para cumprir plenamente todos os propósitos redentivos de Deus.
Jesus é Deus, mais precisamente o eterno e unigênito Filho de Deus (João 1.1-3,14). Jesus jamais negou, mas confirmou, que é Deus (João 8.56-58). O conjunto das obras de Jesus Cristo, inclusive as que foram (de fato) realizadas em Seu nome, revelam que Ele é Deus (João 10.24-25; 14.8-12). Jesus Cristo, Deus Filho é o principal e eterno objeto do amor de Deus Pai (João 3.35; 5.20; 10.17; 17.24); por isto, Jesus é também a maior prova do incomprensível amor de Deus por nós, pecadores (João 3.16).
Jesus Cristo, como o único e verdadeiro sacerdote dos homens indicado e aprovado por Deus Pai, morreu por nós; porque o salário (justa retribuição) dos nossos pecados é a morte (Romanos 6.23). Porém, Jesus também ressuscitou, e assim nos justificou (Romanos 4.25), e voltou à sua eterna posição glória, junto ao Pai (João 17.4-5). Entretanto, Ele não nos deixou sós, Ele enviou Deus, o Espírito Santo, que é eternamente procedente dEle e do Pai, para estar conosco até a consumação da obra da redenção (João 14.16-18; 15.26), na volta de Jesus Cristo, ressurreição dos filhos de Deus, e estabelecimento de Novos Céus e Nova Terra.
A Bíblia é sobre Jesus Cristo, tudo o que podemos saber sobre Jesus Cristo nos vem da Bíblia. Jesus é a própria Palavra de Deus, em pessoa; Ele é Deus em forma ou natureza humana, Deus fazendo-se ou tornando-se visível e compreensível ao entendimento linguagem e sentidos humanos, como jamais poderia ser de qualquer outra forma.
Conhecer a Bíblia é conhecer a Jesus Cristo; e conhecer a Jesus é conhecer a Deus (João 14.7-9), e entrar em relacionamento com Deus, no eterno relacionamento de amor com Deus (João 14.20-21).
A Bíblia é a Escritura Sagrada, a Palavra de Deus preservada em forma escrita. Jesus Cristo é o assunto da Bíblia, o seu grande, ou melhor, o seu único tema (João 5.39; Apocalipse 19.10). Podemos apresentar muitas evidências de que a Bíblia é a Palavra de Deus; entretanto, a maior, a prova final de que Deus, na Bíblia, verdadeiramente fala com os homens é Jesus Cristo (João 3.33).
Quem percebe que o foco da Bíblia é Jesus Cristo, que a revelação e testemunho de Jesus Cristo é a razão da progressiva, consistente e conclusiva unidade da Bíblia, enfim, quem (através da Bíblia) vê a glória de Deus em Cristo Jesus (2 Coríntios 4.6), não tem dúvida – Deus fala com os homens, a Palavra dEle em forma escrita é a Bíblia; ela é o único testemunho escrito da Palavra Viva e Pessoal de Deus – Jesus, o Cristo.

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