Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide, Solus Christus, Soli Deo Gloria

Sunday 2 October 2011

Despenseiros da Multiforme Graça de Deus

Nesta última quarta-feira, como regularmente acontece, alguns homens de nossa congregação se reuniram para conversar sobre o reino de Deus. Nossa conversa nos fez sentir “saudades” de uma igreja que talvez nunca tenhamos conhecido pessoalmente, mas somente lido sobre ela na Bíblia, na História das Missões ou de um legítimo avivamento – não se trata de uma igreja perfeita, mas uma igreja vibrando (tremendo) pelo poder do Espírito Santo recentemente recebido, ou vivendo o “primeiro amor da nova vida em Jesus Cristo.

Tal conversa certamente revela ou desperta uma esperança; porém, especialmente se já acumulamos alguns anos de vida, logo vem uma frustração – por que não temos visto em nossa vida, viagens e mudanças uma igreja como aquelas? Por que não vemos mais crentes como aqueles ou, mais importante, não conseguimos ser crentes como aqueles – os primeiros da Judéia, da Ásia etc?

Por que as igrejas não crescem mais como a de Jerusalém cresceu em seus primeiros dias, conforme lemos em Atos 2.42-47, isto é, em consequência de perseverarem “na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações (42), suprirem as necessidades uns dos outros (44), se reunirem para cultuar a Deus e viverem com “alegria e singeleza de coração” (46).

Poque a Igreja não está crescendo pela inclusão de salvos através do Evangelho? Ao contrário, as igrejas médias e pequenas estão diminuindo e desaparecendo pela transferência de seus membros para algumas megaigrejas impessoais, caracterizadas por seus confortáveis e bem equipados edifícios, uma variada programação religiosa adaptada às diferentes faixas etárias, aos gostos prevalecentes de gerações que se sucedem, e sempre reproduzindo os modismos religiosos.

Nosso Deus e Salvador é o mesmo e sua obra redentiva continua acontecendo na Terra. Entretanto, onde estão os crentes e as igrejas vibrantes pelo poder do Espírito Santo que receberam da parte de Deus Pai, pela meidação do Filho, o Senhor Jesus Cristo?

Parece que a principal diferença entre a presença de Deus ou do Espírito Santo no meio do povo de Deus, comparando-se o Antigo Testamento (especialmente a Igreja em Israel) e o Novo Testamento (a Igreja entre todos os povos) é a plenitude com que o Espírito se manifesta em toda a igreja. O apóstolo Pedro, ao explicar o que acontecia no memorável Dia Pentecostes após a ressurreição e ascensão de Jesus, disse: “Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos mancebos terão visões, os vossos anciãos terão sonhos; e sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão.”

De modo diferente da Igreja de Israel, na Igreja da Nova Aliança, o Espírito Santo não mais se manifesta em grande medida somente em alguns poucos dentre o povo de Deus, como nos sacerdotes, reis e principlamente profetas do Antigo Testamento. Hoje, depois do cumprimento da promessa do derramamento do Espírito Santo para inauguração da igreja da Nova Aliança, todos os crentes ou todos os membros da Igreja são sacerdotes, reis e profetas. Todos os crentes foram “batizados em um corpo” (o corpo de Cristo ou a igreja de Cristo), e a todos os crentes “foi dado beber de um só Espirito” (1 Coríntios 12.13).

Na Igreja da Nova Aliança, nenhum crente por causa do ofício que desempenha ou dom que exerce na igreja é mais “cheio do Espírito Santo” do que outros, como acontecia na Igreja da Antiga Aliança. Hoje como membros de um único corpo cuja cabeça é o Senhor Jesus Cristo, a todos ou a cada crente “foi dado beber de um só Espírito”, cada um dos crentes pode e deve ser “cheio do Espírito Santo” (Efésios 5.18).

Porém, de modo diferente da Igreja da Antiga Aliança, na Igreja da Nova Aliança não é em um ídivíduo somente e idealmente que a plenitude do Espirito Santo se manifesta, mas na igreja ou congregação. A vida congregacional na plenitude do poder do Espírito Santo é a maior evidência de que Deus está ativamente realizando a sua obra redentiva, salvando pecadores e colcocando-os em comunhão com consigo mesmo  e, consequentemente, em comunhão uns com os outros.
O “fruto do Espírito” (Gálatas 5.22-23) manifesta e desenvolve em nós o caráter santo que em sua essência e orígem é de Deus. O “fruto do Espírito, em sua completude, é para cada crente individualmente. Todo crente deve frutificar em “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio”.
Contudo, o ilimitado poder redentivo de Deus se manifesta também na distribuição dos “dons do Espírito”. Os “dons do Espírito” são manifestações ou realizações do Espírito Santo derramado em profusão sobre a Igreja, para habilitar cada crente a servir ao Senhor e Cabeça da Igreja – Jesus Cristo, e aos conservos em Cristo e membros da Igreja (1 Coríntios 12.4-7; 14.12).
Individualmente devemos nos parecer com Deus na santidade, mas nunca nos pareceremos com Ele em seu ilimitado poder; por isso, o fruto do Espírito em sua completude é para todo e cada crente individualmente. Porém, para manifestar o seu infinito poder redentivo, Deus distribui o poder do Epírito Santo em uma grande variedade de dons, distribuindo-os a cada crente, conforme a função de cada um na Igreja, o “corpo de Cristo” (1 Coríntios 12.12-31).
Deus criou o homem perfeito, mas, ao mesmo tempo, dependente de Deus e necessitado da companhia de alguém semelhente a ele; por isso, Deus, após haver criado o homem, também criou a mulher (Gênesis 2.18). Ao regenerar os pecadores, em Cristo, Deus também imediatamente lhes provê a companhia dos santos, a Igreja. E, na Igreja, Deus mantêm o homem dependente do seu Criador e Redentor e necessitado da companhia de seus irmãos em Cristo Jesus, distribuindo vários “dons espirituais”, conforme a função de cada membro do corpo de Cristo.
Sim, Deus manifesta seu infinito poder redentivo na Igreja cheia do Espírito Santo que concede o mesmo ou único “fruto do Espírito” a cada crente, e distribui os diferentes “dons do Espirito” a cada crente conforme sua função no Corpo.
O apóstolo Pedro enfatiza o gracioso poder redentivo de Deus na distribuição dos dons espirituais: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pedro 4.10). Na Igreja, somente a Cabeça (Jesus Cristo) tem a honra especial, e cada membro tem a mesma honra de servo de Jesus Cristo. Contudo, quando os dons do Espírito se manifestam de forma harmoniosa, promovendo o crescimento do Corpo, é o gracioso e infinito poder redentivo de Deus que se manifesta, para a exclusiva glória de Deus, como a única fonte inesgotável de todo o poder, conhecimento e bondade.
 Entretanto, não estaria o crescente senso de auto-suficência e individualismo tão característico de nossa era desafiando e dificultando nossa vida como igreja? A conformação ao mundo, especialmente em nossa presente era, nos faz sentir auto-suficientes e ser individualistas. A vida na Igreja de Cristo exige que reconheçamos nossa absoluta dependência de Deus e necessidade dos irmãos em Cristo.
Estamos contentes com os “dons espirituais” que recebemos soberana e graciosamente da parte de Deus? Estamos contentes com os dons espirituais que individualmente cada irmão recebeu? Estamos também contentes em saber que, os “dons espirituais” que nos faltam e também faltam a qualquer irmão, estão presentes em algum outro  irmão, na congregação? Deus assim ordenou a Igreja dos seus redimidos para que jamais nos gloriemos em nós mesmos, mas em Deus somente, e também honremos nossos irmãos como instrumentos de Deus no suprimento de nossas necessidades.
Como Igreja, devemos estimular cada um de seus membros a produzir abundantemente o “fruto do Espírito”, e a conhecer e exercer cada um o seu próprio “dom espiritual”, concedido conforme a sua função no Corpo e para o bem de todos os membros do Corpo.
Se enterdermos e nos conformarmos, não ao mundo, mas ao propósito de Deus para a sua Igreja quanto ao profuso derramento do Espírito Santo, certamente veremos uma Igreja tremendo, vibrando e se movendo pelo ilimitado poder de Deus.

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