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Friday 6 July 2012

Quem Precisa do Culto?

Deus não precisa ser cultuado; Ele merece; Ele é digno de ser adorado, e Ele somente. Entretanto, se não o adoramos, Deus não perde nada. Ele nunca perde. Deus não sofre qualquer mudança. Se ignoramos a Sua vontade ou desobedecemos a Sua Lei, Deus não sofre qualquer prejuízo, ou o mínimo dano. Em qualquer cenário, Deus é sempre ou imutavelmente Onipotente e absolutamente Soberano. Podemos ver mais ou menos; podemos estar completamente cegos; porém, a glória de de Deus é infinita e eterna, inextinguível.
Entretanto, é o homem quem precisa do culto, isto é, do culto a Deus. O homem precisa cultuar a Deus, assim como ele precisa de ar para respirar, do alimento para comer e da água para beber, para enfim, viver. Assim como o homem precisa de atividades físicas para não atrofiar ou engordar excessivamente; o homem também precisa cultuar a Deus para não se sentir meramente um animal melhor dotado ou, ao contrário, um enfatuado enganado.
O homem precisa cultuar a Deus para não se sentir um inútil, sem sentido, sem propósito, para não se sentir comum, casual e marginal. Por outro lado, o homem precisa do culto a Deus também para não se sentir o centro do universo. O homem precisa do culto a Deus para saber que não é o rei, mas um principe, um servo e filho do Rei, que é Deus, e Ele somente. Este equilíbrio é absolutamente necessário para que o homem tenha uma presença e função construtivas no universo.
Foi por isto que, ainda na Semana da Criação, no sexto dia, depois de ter comunicado ao homem os mandatos (delegação ou autoridadade para exercer uma função ou ofício) da família e do trabalho, Deus também instituiu o culto, na santificação do sétimo dia de cada semana (Gênesis 1.27-2.3). A semana perfeita do homem, conforme o propósito de Deus na Criação, é servir a Deus durante seis dias no amoroso cuidado da família e na diligente execução do trabalho, e dedicar um dia prioritariamente ao culto a Deus. Precisamos entender que tal ordenança divina visa atender, não uma necessidade de Deus, ou promover, não o bem de Deus, mas atender à necessidade do homem, e promover o bem do próprio homem.
O homem não pode passar a sua vida, todos os seus dias, absorvido pelo cuidado da família e pela busca da excelência no trabalho. O homem precisa de um descanso; e o melhor descanso, o descanso renovador das forças físicas, intelectuais e espirituais, é o culto a Deus. E isto é tão importante que merece e exige a consagração de um dia inteiro, e a frequência de cada semana.
Note-se que o homem não se tornou necessitado do culto a Deus, após haver pecado; o homem foi criado necessitado do culto a Deus. O homem perfeito é necessitado do culto a Deus. Se o homem perfeito (antes de pecar) necessitava do culto a Deus, quão mais necessitado o homem se tornou do culto a Deus, depois de haver se tornado pecador? O culto a Deus é para o espírito do homem o que o ar, a água e o alimento são para o seu corpo, absolutamente vital.
O homem precisa cultuar o verdadeiro Deus; é somente este culto que atende à necessidade do homem e lhe faz bem. Entretanto, a tendência do homem é criar ídolos e cultuá-los. Qualquer coisa ou ser é indigno de ser adorado, exceto Deus, o único e verdadeiro Deus. A adoração de qualquer objeto, poder ou ser, exceto Deus, é danosa, degradante e mortal para o homem. O homem será menor do que aquilo a que ele adora. Como indicou o apóstolo Paulo, se homem adora as aves, ele é menor que as aves que voam; se adora aos quadrúpedes que andam, ele é menor que os quadrúpedes; se adora os répteis que rastejam, ele é inferior aos répteis (Romanos 1.18-27). Se o homem não adora a Deus (o único e verdadeiro Deus), ele não verá em sua própria existência um desígnio e propósito superiores aos dos animais.
O único e verdadeiro Deus é o Criador e Redentor. Como mencionou o apóstolo Paulo na passagem acima citada, o caráter ou atributo Criador de Deus é facilmente reconhecido através das “coisas que foram criadas” (Romanos 1.20). A Criação é mais estrondosa, visível, universal e simples mensagem de Deus ao homem. A principal mensagem da Criação é sobre o infinito e eterno poder de Deus (Romanos 1.19-20).
Contudo, a Criação não é a única manifestação (expressão, revelação, comunicação) de Deus ao homem; Deus falou e mandou escrever o que falou ao homem (2 Pedro 1.16-21). E é nesta expressão, revelação ou comunicação verbal de Deus que tomamos conhecimento de que o Deus Criador de infinito poder é também um Redentor de imensurável amor (João 3.16).
Quando o homem conhece e adora o único e verdadeiro Deus, o Criador de infinito ou eterno poder e Redentor de ilimitado amor, esse homem é erguido do pó (onde se encotram os vermes), e é assentado “nos lugares celestiais” (Efésios 2.4-6). O homem que cultua o único e verdadeiro Deus, comparado o Deus de infinito poder e imensurável amor, é simplesmente um humilde servo Deus, mas compado às demais criaturas, é somente um “pouco menor do Deus”, um servo-príncipe de Deus no meio da Criação (Salmos 8). Se cultuamos a Deus, ou não, Deus não muda; Ele não cresce nem diminui. Nós, porém, quando conhecemos e passamos a cultuar o Deus único e verdadeiro, somos transformados de simples vermes em príncipes de Deus.
Depois de conhecer o único e verdadeiro Deus, o homem precisa saber do único e verdadeiro culto. O culto a Deus não depende de um lugar, não é um cerimonial complexo e pomposo, não uma experiência de satisfação do paladar, olfato, audição ou visão, nem é uma experiência êxtatica ou mística em que a consciência e a razão são suprimidas; o culto é o encontro espiritual e verdadeiro (João 4.23-24), entre o servo amado e o Senhor amantíssimo. Este encontro não é mudo, mas expressivo e comunicativo, em que as palavras fluem. Deus fala e o homem responde; a Palavra de Deus é lida ou pregada e o homem responde em orações (e, ou cânticos).
Conforme aprendemos pela própria Palavra de Deus, as Escrituras Sagradas, cultuamos a Deus em três situações ou formas gerais: congregacional (Hebreus 10.24-25), familiar (Deuteronômio 6.4-9) e particularmente (Josué 1.8); e em todas estas três situações o culto a Deus é um encontro que resulta e se expressa em palavras inteligíveis (1 Coríntios 14.1-19): a Palavra de Deus é lida e pregada ou ensinada ao homem; e o homem responde a Deus com orações. Estas três formas de culto não são opções, não devemos escolher uma e negligenciar as outras. Se queremos desenvolver todo o potencial recebido de Deus, nosso Criador e Redentor, precisamos cultuar a Deus nestas três formas.
Por fim, é importante ressaltar que o homem não pode cultuar a Deus sem a intermediação de Jesus Cristo. Pela Palavra de Deus, tomamos também o conhecimento de que Deus é um Único Ser Triúno (o Pai, o Filho, e o Espírito Santo). No conselho do Deus Triúno, é o Filho quem comunica ao homem a luz (conhecimento de Deus) e a vida (eterna comunhão com Deus) (João 1.1-4). Como o homem se tornou pecador (transgressor da Justiça), para comunicar ao homem o conhecimento de Deus e o colocar em eterna comunhão com Deus, o Filho, também assumiu a natureza humana, e compareceu perante o juízo de Deus, em lugar do homem, morreu na cruz e ressuscitou ao terceiro dia, para a justificação de todo o pecador que nÊle crê (Romanos 4.24-5.1).
Nossa existência é incompleta sem o culto a Deus. Sem Jesus Cristo, jamais poderíamos cultuar a Deus; porém, em Cristo nós realmente nos tornamos verdadeiros cultuadores de Deus (1 Pedro 2.4-5).
Sem cultuar a Deus, o homem mais rico, inteligente e respeitado, será o mais infeliz, ainda que esta seja a última constatação de sua existência. O homem mais pobre, simples e desprezado é completo, e é eterno, se cultua a Deus.

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